Moradores do entorno de Distritos Policiais sem presos sentem-se mais seguros

Rebelião e tentativa de fugas geravam medo

seg, 20/06/2005 - 15h35 | Do Portal do Governo

A transferência de presos que estavam em Distritos Policiais para Centros de Detenção Provisória (CDPs) e penitenciárias está foi além da melhoria da Segurança Pública e do ganho de eficiência no trabalho da polícia. A ação também está proporcionando melhoria na qualidade de vida das pessoas que moram, trabalham ou estudam nas imediações das delegacias. Além disso, o mercado imobiliário tem registrado algum aquecimento nas regiões próximas aos distritos após a retirada dos presos.

“Quando tinha rebelião ou tentativa de fuga, eu tinha dois medos: de sair de casa ou de que a casa fosse invadida. Hoje, o distrito nem parece uma delegacia”, relata a massagista Cidinéia Aparecida Ocopne, que mora perto do 9º Distrito Policial, no bairro do Carandiru, zona norte da capital. O 9º DP chegou a ter mais de 150 presos e incontáveis histórias de rebeliões e tentativas de fuga. Após a desativação, em outubro de 2001, a unidade passou por reformas. “Ficamos com britadeiras aqui por oito meses para quebrar o concreto da carceragem”, lembra o delegado-titular, Roberto Pacheco de Toledo.

A desativação da carceragem do 29º DP, na Vila Diva, zona leste da capital, no último mês de maio, foi um alívio para a diretora da Escola Estadual André Ohl. Quando assumiu a direção, em 1994, ela levantou os muros da escola e implantou um regime rigoroso para o horário de abertura e fechamento dos portões. Ela conta que quando havia rebelião de presos, a rua era interditada e a polícia chegava de carro e helicóptero. Numa dessas vezes, a confusão aconteceu em horário próximo ao da chegada das crianças à escola. “Tivemos de colocar pais e alunos para dentro”, lembra.

Imóveis no entorno tiveram comercialização acelerada

O proprietário da imobiliária Mirantte Imóveis, Luiz Carlos Kechichian, acompanhou de perto a desativação da carceragem e reforma do 20º DP, no bairro de Água Fria, na zona norte da capital. Segundo ele, a ação provocou grande valorização nos imóveis da vizinhança. “Terrenos em frente ao distrito, que eram casas velhas e até abandonadas, foram comercializados e deram lugar a imponentes imóveis comerciais”, diz. Ele afirma que os imóveis residenciais nas proximidades de delegacias que tiveram cadeias desativadas tiveram a comercialização (venda e aluguel) acelerada. “Não necessariamente valorizada”, destaca.

Cíntia Cury