Metrologia: Pesquisadores constroem três relógios atômicos

Aparelhos são capazes de dividir o segundo em bilhões de vezes

seg, 27/01/2003 - 16h07 | Do Portal do Governo

A marcação do tempo sempre foi uma obsessão para o homem, desde a época em que fincar um mastro no chão e uns rabiscos em torno dele formaram o primeiro marcador de horas do mundo, o relógio de sol, provavelmente entre os povos da antiga Mesopotâmia, há mais de 3 mil anos. De lá para cá muita coisa mudou. Adotaram-se os relógios de água e de terra, como as famosas ampulhetas, até se chegar ao século 16, na Europa, nos relógios a pêndulo, com Galileu Galilei.

Há pouco mais de 60 anos, a eletrônica proporcionou inovações importantes para tornar esses aparelhos mais precisos. Os relógios a quartzo, como aqueles que estão nos nossos pulsos, tornaram-se populares.

Depois foi a vez do relógio atômico, o mais preciso de todos, que só atrasa ou adianta um segundo em bilhões de anos. São esses equipamentos que medem a hora mundial e servem para medir o tempo nas atividades espaciais e de telecomunicações, que pesquisadores de dois institutos de física, da Universidade de São Paulo, em São Carlos, e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estão debruçados. Eles querem adquirir conhecimento nessa área, ainda carente no país, formar pessoal especializado e implementar inovações nesses relógios nada parecidos com qualquer espécie de marcador de horas que participe do nosso cotidiano.

Os dois grupos de pesquisa fazem parte do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (Cepof) financiado pela FAPESP. Em São Carlos, a física e pós-doutoranda Mônica Santos Dahmouche faz os últimos ajustes no primeiro relógio atômico construído no Brasil.

A intenção dela e do coordenador do Cepof em São Carlos, o professor Vanderlei Bagnato, é, neste ano, reivindicar a participação daquele equipamento na medição da hora certa mundial, formada por mais de 200 relógios atômicos de 30 países. Eles compõem a chamada Hora Atômica Internacional (TAI, da sigla em francês), instituída em 1972. O Brasil participa desse grupo com o relógio atômico do Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro, um equipamento adquirido no exterior. Na América do Sul, além do ON, existem apenas dois outros na Argentina.

‘O nosso foi integralmente desenvolvido aqui’, conta Mônica. O pedido de inclusão desse relógio na hora mundial será feito à Agência Internacional de Pesos e Medidas (BIPM, da sigla em francês), localizado em Sèvre, na França.

Esse instituto controla também o Tempo Universal Coordenado (UTC no inglês), a hora oficial do mundo, que tem diferenças em relação à TAI em cerca de 0,9 segundo, por ano, para mais ou para menos devido à rotação irregular da Terra. A UTC – atual sucessora do Tempo Médio Greenwich (GMT), que media a hora mundial desde 1884 – segue o tempo dessa rotação e, em alguns anos, é ajustada com a TAI.

Marcos de Oliveira

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