Metrô adquire móveis produzidos por presos do sistema penitenciário paulista

As peças, compradas 30% mais baratas em comparação ao preço de mercado, estão expostas na estação República

qui, 25/10/2001 - 15h15 | Do Portal do Governo


Os presos que trabalham no sistema penitenciário paulista acabam de produzir uma nova linha de móveis para escritório. Cerca de 600 peças, entre cadeiras, mesas e armários, foram adquiridas pelo Metrô, que está realizando uma revitalização nas suas unidades administrativas. A empresa investiu R$ 160 mil na aquisição dos móveis, o que representa uma economia de 30% em relação ao preço de mercado.

Atualmente, dos 66 mil detentos que ocupam as penitenciárias do Estado de São Paulo, 37 mil exercem atividades profissionais. A responsabilidade pelos programas de profissionalização no sistema carcerário de São Paulo é da Fundação Professor Doutor Manoel Pedro Pimentel (Funap). Segundo a diretora executiva da Funap, Berenice Gianella, todos os produtos estão disponíveis para serem comercializados aos interessados. “Temos uma loja na sede da Funap onde é vendida toda a produção dos presos”, explicou. A Fundação está localizada na Rua Dr. Vila Nova, nº 268, em São Paulo.

Na elaboração dos móveis de escritório estão envolvidos 88 detentos, divididos por setores de produção. Os integrantes do regime fechado da cadeia de Franco da Rocha trabalham na confecção das cadeiras e os de Sorocaba fazem as peças em estrutura metálica. Já os presos em regime semi-aberto do Centro Administrativo Carrão realizam a montagem dos móveis. Os produtos produzidos pelos detentos são de alta qualidade. No caso dos móveis de escritório, são madeiras impermeáveis, livres de combustão e pragas, e que contam com garantia de 20 anos. O Metrô já está fechando um novo contrato para aquisição de mais 2.400 móveis.

Este projeto está sendo desenvolvido pela Funap em parceria com a Fundação para o Desenvolvimento Escolar (FDE), que atua na implantação de políticas educacionais.

A exposição

Nesta quinta-feira, dia 25, o Metrô deu início à uma exposição destes objetos na estação República, localizada na Rua do Arouche, nº 24. As peças ficarão no local até o dia 25 de novembro. A abertura da exposição contou com a presença do governador Geraldo Alckmin. “Vamos orientar todas as Secretarias e empresas a comprar as produções da Funap”, incentivou o governador.

Alckmin afirmou que é fundamental oferecer trabalho para os detentos. “Com isso eles ganham uma profissão e saem em condições de competir no mercado de trabalho.” Ele também enfatizou a necessidade de manter a mente dos presos ocupada. Esta também é a opinião do reeducando Valdevino Santos, 28 anos, que ocupa a penitenciária de Franco da Rocha, trabalha na produção de móveis e participou da abertura da exposição. “Trabalhando eu não fico pensando tanto na família e na saudade que sinto de todos”, argumentou. Santos mostrou-se bastante satisfeito com o seu trabalho. “Quando sair daqui quero continuar trabalhando com móveis”, disse. Ele também agradeceu a oportunidade oferecida de expor o seu trabalho. “É uma oportunidade de sair da prisão, ver a rua e conviver com pessoas. É um voto de confiança que estão dando para nos reintegrarmos à sociedade.”

Além dos benefícios citados, o trabalho também ajuda o preso a sair mais rápido da cadeia. A cada três dias trabalhados, o detento diminui um dia de pena, como forma de incentivo. Eles também contam com uma remuneração mensal que varia de R$ 135,00 a R$ 223,00.

Confiando no sucesso desta nova gerência, o Governo do Estado tem investido na criação de oficinas profissionalizantes em unidades prisionais. “Todos os presos querem trabalhar e por isso temos que oferecer essa oportunidade”, observou Alckmin. Ele confirmou que as cadeias que estão sendo construídas pela atual administração possuem oficinas. “As 11 penitenciárias que vão substituir o Carandiru irão possibilitar o trabalho dos detentos”, disse. O governador anunciou ainda que estas novas unidades também serão equipadas com cozinha, para oferecer mais uma atividade aos ocupantes. “Em vez de o Governo comprar as ‘quentinhas’ e pagar R$ 5,00 por dia, vamos dar o alimento para os próprios presos cozinhar. Isso vai representar uma economia de R$ 8 milhões por ano”, explicou.

Rogério Vaquero