Meio Ambiente: Setor industrial já assimila conceito de produção mais limpa

Conferência sobre o tema foi encerrada nesta quinta-feira, dia 23

sex, 24/10/2003 - 17h33 | Do Portal do Governo

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) encerrou nesta quinta-feira, dia 23, a II Conferência de Produção Mais Limpa, que promoveu a discussão sobre redução da geração de resíduos e racionalização no uso de matérias-primas e no uso de produtos perigosos nas linhas de produção industrial.

Os trabalhos deste segundo e último dia foram abertos com o painel ‘Produção + Limpa no Setor Produtivo’, com a mediação da bioquímica Marie Quaresma, gerente do Setor de Técnicas de Prevenção à Poluição da Cestesb. A palestra de abertura, sobre ‘Produção + Limpa: Uma Questão de Estratégia’, foi proferida pelas engenheiras Ivana Ribeiro e Isabela Maraucci Malpighi, da BSH Continental Eletrodomésticos Ltda., que salientaram a importância da Produção + Limpa – P+L como fonte de ganhos financeiros e de qualidade de vida.

Segundo as engenheiras, a empresa BSH assumiu um compromisso ambiental em suas indústrias localizadas em diversos países, como o Brasil, Peru e México, que fabricam lava-roupas, fogões e refrigeradores com baixo consumo de energia e economia de água. ‘É uma nova forma de produção, onde os ganhos são expressivos, pois ocorre a redução no uso de recursos naturais e matérias-primas. O compromisso ambiental é respeitado em todas as etapas da linha de montagem’, esclarece Ivana Ribeiro.
Ônibus híbrido

O engenheiro Antônio Vicente da Silva, da Tecnologia de Tração Elétrica – Eletra, falou sobre as novas tecnologias de geração e acumulação de energia para uso em veículos, como as baterias, células de hidrogênio e, principalmente, os sistemas híbridos, que utilizam um motor convencional de pequeno porte para gerar energia elétrica. O engenheiro explicou ‘que a tecnologia híbrida apresenta um conceito simples, com componentes do mercado, diminuição de custos e redução da poluição’.

A Eletra colocou, para demonstração, um microônibus com motorização híbrida, com capacidade para 45 passageiros, permitindo aos participantes do seminário apreciar o sistema de tração elétrica, o motor gerador de energia e o banco de baterias. Para Antônio Vicente da Silva, ‘esse veículo é perfeito para os dias modernos, pois proporciona economia de combustível, custo de operação e manutenção’.

O engenheiro Pedro Francisco Moreira, da Equipment Pooling Systems – CHEP, falou sobre os novos modelos de embalagens retornáveis consideradas eco-eficientes. Ainda na parte da manhã, tivemos apresentações sobre o ‘Reúso de Areia de Fundição’, com os engenheiros Pedro Luiz da Cruz e Esneder Antonio Penatti Júnior, da Fundição Engenharia e Máquinas Ltda.; ‘Recuperação de Níquel para Reúso’, com os engenheiros Adriana Ribeiro e Wagner Polônio, da Mahle Metal Leve S.A.; e ‘Redução de Emissões Gasosas e Otimização de Produção de Polímeros Acrílicos’, com o engenheiro Roberto Fonseca da Rohm and Hass Química Ltda.

Responsabilidade ambiental

O último painel da II Conferência Paulista de Produção + Limpa abordou o tema ‘A Promoção da Responsabilidade Socioambiental’, apontando um novo caminho para o desenvolvimento sustentável, que vai além da definição de P+L e está sendo identificado, simplesmente, como Produção Limpa. Os especialistas entendem que essa definição é mais abrangente e recomenda, entre outras coisas, o controle democrático na utilização da tecnologia, bem como o compartilhamento, entre todas as esferas da sociedade, do Princípio da Precaução.

A palestra de João Salvador Furtado, do Programa de Gestão Estratégica Sócio Ambiental FIA/FEA/USP, abordou a questão dos critérios para avaliação da produção limpa como ferramenta para responsabilidade socioambiental. Furtado destacou o princípio da precaução para evitar danos irreparáveis ou de efeitos a longo prazo, usando como exemplo o caso da cal contaminada com dioxinas e furanos que foi usada no preparo de ração animal e que acabou sendo identificada no leite materno: ‘Se a empresa tivesse adotado esse princípio esse caso seria evitado, assim como muitos outros’, afirmou.

A evolução do processo de P+L, que visa mudanças nos processos produtivos para evitar a geração de resíduos na fonte, eliminando a expressão fim de tubo, dá lugar à produção limpa, que segue orientações como: na falta de dados seguros evitar produtos ou material com indícios ou suspeitas de causar danos ao homem ou ao ambiente; acesso público à informação; rótulos informativos melhorados; e informar trabalhadores e moradores do entorno sobre segurança e risco de processos e produtos.

No fechamento do painel, Furtado deixou claro que ‘é preciso que a humanidade realize uma grande transição no modelo de produção nos próximos 50 anos, para fugir da ‘barbarização’, que seria uma espécie de convulsão social, e o caminho é a produção limpa’.

Implementação da P+L

Tânia Mara T. Gasi , secretária executiva da Mesa-Redonda Paulista de Produção Mais Limpa, relata que ‘a conferência, nos seus dois dias, foi uma etapa importante na implementação da prática de P+L em São Paulo”. Ilustrou casos bem sucedidos na área industrial, de comércio, serviços, agricultura, financeiro e responsabilidade social.

A II Conferência Paulista de Produção Mais Limpa, que aconteceu nos dia 22 e 23, é parte da 2ª Semana de Produção Mais Limpa, iniciada no dia 21, com uma reunião em Campinas, e será complementada com o Seminário Internacional ‘Reduzindo Custos com a Produção Mais Limpa’, no dia 27, no Centro de Produção Mais Limpa do SENAI/SECO, e o Seminário de ‘Produção Mais Limpa’, no dia 28, na FIESP.

Da Secretaria do Meio Ambiente

C.A..