Meio Ambiente: Secretaria faz balanço do seminário ‘Educação Ambiental – 20 anos de Políticas Públic

Brasil pertence a elite de 20 nações que avançaram na questão

seg, 17/11/2003 - 15h46 | Do Portal do Governo

Foto: José JorgeA Secretaria do Meio Ambiente (SMA) promoveu o Seminário ‘Educação Ambiental: 20 Anos de Políticas Públicas’, no Parlamento Latinoamericano – Parlatino, na quinta-feira, dia 13.

O evento foi aberto pela secretária-adjunta do Meio Ambiente, Suani Teixeira Coelho, a qual ressaltou que o encontro é a ilustração de todos os trabalhos desenvolvidos pela SMA, mostrando a importância da educação ambiental como uma ferramenta na melhoria do serviço público no atendimento às demandas da sociedade.

Para a advogada Lúcia Bastos Ribeiro de Sena, coordenadora de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental, o encontro resgata a memória dos projetos desenvolvidos nos últimos vinte anos e adianta que a SMA pretende, para 2004, criar o Programa Estadual de Educação Ambiental com ações efetivas para envolver a comunidade no processo de gestão dos recursos naturais.

Ações na SMA

Foto: José JorgeO primeiro módulo do encontro teve como tema ‘O que se pensa, o que se faz’, com mediação do diretor do Curso de Extensão da Faculdade Senac, Eduardo Ehlus, onde foram apresentadas as atividades de educação ambiental promovidas pelos diversos órgãos que compõem o sistema de meio ambiente do Estado.

O primeiro palestrante foi o engenheiro João Antônio Fusaro, coordenador de Licenciamento Ambiental e de Proteção de Recursos Naturais – CPRN, que ressaltou que a educação ambiental é um recurso para a conscientização da comunidade utilizado pelos três departamentos que compõem a sua coordenadoria: o Departamento de Uso do Solo Metropolitano (DUSM), o Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DEPRN) e o Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental (DAIA). Para o Fusaro, a educação ambiental faz a sociedade se comprometer com as ações de preservação.

Para Fernando Rei, diretor de Controle da Poluição da Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, ‘a educação ambiental é um caminho na busca de um gerenciamento ecológico’, justificando a sua prática, de forma rotineira, em todas as 34 agências ambientais distribuídas pelo Estado.

A publicitária Vera Lúcia Cezaretto, falando de sua experiência nessa atividade, explicou que o trabalho de atendimento à comunidade, realizado pela Diretoria de Controle da Poluição, não se restringe apenas às denúncias e, sim, a um exercício mais profundo de contato com a população local, formando, inclusive, agentes mutiplicadores das atividades de controle e fiscalização.

Escola prática

O engenheiro agrônomo Luiz Mauro Barbosa, diretor-geral do Instituto de Botânica, salienta que os programas educacionais são fundamentais para a pesquisa e o conhecimento da biodiversidade de nosso Estado. Outro agrônomo, Dácio Roberto Mateus, diretor-técnico desse mesmo instituto, lembra que “o Jardim Botânico é uma escola prática onde os estudantes aprendem e se educam”.

Segundo Mateus, as atividades educacionais auxiliam na conservação da biodiversidade do Jardim Botânico e transmitem aos visitantes, que chegam a uma média anual de 100 mil pessoas, a importância da preservação de um espaço de 526 hectares com 129 famílias de espécies arbóreas.

Para a geóloga Sônia Aparecida Abissi Nogueira, diretora do Instituto Geológico, o Museu Geológico Valdemar Lefévre assimila o espírito da educação ambiental na divulgação do trabalho ali desenvolvido. Sua boa localização, no Parque da Água Branca, ao lado das atividades educacionais, propicia a visitação de 90 mil pessoas por ano. O seu acervo é peça fundamental, pois é composto de equipamentos geológicos, fotos, mapas, minerais, rochas e fósseis.

Organização da sociedade

A Fundação Florestal aproveita os conceitos de educação ambiental em seus programas, realizados em parceria com a comunidade. Um exemplo é o Projeto de Ordenamento da Exploração de Ostras no Mangue do Estuário de Cananéia, premiado na Conferência Rio+10, em Johannesburgo, que, ao organizar uma comunidade por meio de ações educativas, provou a possibilidade de sobrevivência de quilombolas por meio da coleta racional de ostras nos mangues do Lagamar.

A engenheira florestal Antônia Pereira de Ávila Vio, diretora executiva da Fundação Florestal, lembra que a educação ambiental ‘contribuiu na conscientização das comunidades tradicionais quanto à importância da preservação dos mangues, das matas e da fauna do nosso ecossistema”.

Os trabalhos no período da manhã contaram, ainda, com os depoimentos da bióloga Maria de Jesus Robim, do Instituto Florestal, que destacou os projetos desenvolvidos nas 90 unidades de preservação administradas pelo órgão e que recebem aproximadamente um milhão de visitantes por ano e do coronel João Leonardo Mele, comandante da Polícia Militar Ambiental, que salientou a diminuição expressiva de apreensão de animais devido à conscientização e participação da comunidade na proteção da fauna e da flora.

Memória

O módulo II, no período da tarde, promoveu o resgate da memória e da história da educação ambiental, como uma prática de política pública nos últimos 20 anos. O primeiro palestrante foi o arquiteto Fredmar Correa que, em 1983, foi o responsável pela formação da primeira equipe de educação ambiental, na CETESB, que integrava, então, a Secretaria de Obras e Meio Ambiente.

Correa ressaltou as dificuldades encontradas no desenvolvimento de uma ação totalmente nova, tentando resgatar o sentido de cidadania numa população, cujos valores haviam se deteriorado durante os anos de ditadura militar. A primeira experiência foi desenvolvida em Cubatão, cujo pólo industrial era, então, chamada de “Vale da Morte”, em decorrência do elevado grau de poluição e suas conseqüências na saúde de seus habitantes.

A área figurava no organograma da Diretoria de Planejamento Ambiental da Cetesb e, segundo Correa que era o diretor, foi dada uma forte ênfase nas ações de mobilização social para estabelecer a base de sustentação da educação ambiental. ‘Começamos com cinco pessoas e acabamos com 125, trabalhamos com muitas dificuldades, andamos em circulo algumas vezes, mas fomos criando um conjunto de saberes. Eu fui o primeiro a fazer esse trabalho e, hoje, eu faria diferente, criando primeiro uma diretoria de mobilização social e educação ambiental, para depois criar a de planejamento ambiental’, concluiu.

Ganhos ambientais

Germano Seara Filho, atual secretário executivo do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), respondeu pela Coordenadoria de Educação Ambiental (Ceam), já na Secretaria do Meio Ambiente do Estado. A sua opinião é de que as ações desenvolvidas nessa área trouxe ganhos ambientais para o Estado, contribuindo para o saneamento de Cubatão que, hoje, tem 97% de suas fontes de poluição controladas e a diminuição dos índices de desmatamento no Estado.

Para Seara, a população está mais consciente, embora distante do ideal, pois os rios continuam poluídos e as áreas de preservação continuam sendo invadidas.

‘Instruir e educar são coisas diferentes. Educar é muito mais do que instruir. É formar cidadãos com consciência crítica, desenvolver o senso de responsabilidade. Não existe modelo pré-fabricado de homem, a educação libertária tem que levar os homens a não aceitar os modelos feitos’, concluiu.

José Flávio de Oliveira, que também dirigiu a CEAM, elogiou a iniciativa de se realizar o evento para reconstituir a história da educação ambiental em São Paulo: “O que estamos fazendo é uma avaliação pública do que foi feito e do que está sendo feito, essa transparência é fundamental na gestão da coisa pública’, disse.

Oliveira ressaltou que, em sua gestão, foram criados os núcleos regionais de educação ambiental para levar o tema para todo o Estado, ao mesmo tempo em que houve um esforço para uniformizar a linguagem, em busca de um trabalho mais integrado entre todos. ‘Realizamos também duas campanhas que foram fundamentais para envolver a população na discussão das questões ambientais, que foram a Operação Litoral Vivo e Operação Rodízio, sendo que esta última teve uma adesão de 40 % da população da cidade de São Paulo’, concluiu.

Universalização

A segunda mesa do módulo II foi aberta pelo secretário estadual do Meio Ambiente, professor José Goldemberg, que afirmou estar cada vez mais convencido de que a educação ambiental permeia todas as áreas de atividades. ‘A idéia de que a educação ambiental é feita por quem tem o rótulo de educador é falsa, pois todos nós fazemos educação ambiental, que é uma atividade de todos os dias. Quando alguém vai à Secretaria licenciar um empreendimento, ele acaba aprendendo algo sobre proteção ao meio ambiente e isso é educação ambiental’, afirmou.

Já o professor Genebaldo Freire Dias considera que a educação ambiental no Brasil evoluiu muito: ‘Hoje fazemos parte de uma das nações que mais avançou em educação ambiental no mundo. O Brasil faz parte de uma elite das 20 nações que mais avançaram na gestão de educação ambiental’, garantiu. No seu entender, o Brasil é um país rico, novo e criativo, com um potencial energético que nenhuma outra nação dispõe. “A educação ambiental é um processo que nos permite perceber isso”, explicou.

Publicações

No encerramento do evento foram lançadas as publicações ‘Educação Ambiental: 20 Anos de Políticas Públicas’ e ‘O Que se Pensa. O que se faz’, que discutem as atividades desenvolvidas no âmbito da SMA nesses 20 anos, com relatos e descrição de projetos. Os livros estão disponíveis no site www.ambiente.sp.gov.br para consulta e ‘down load’.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria do Meio Ambiente/Cris Couto/Cris Olivette/L.S.