Meio Ambiente: Redes compactas de distribuição têm custo igual às convencionais

Pesquisadora da Esalq comparou custos nas cidades de Piraccicaba, Maringá e Belo Horizonte

sex, 13/02/2004 - 9h55 | Do Portal do Governo

Da Agência USP de Notícias
Por Lucas Oliveira Telles

A presença das redes de distribuição elétrica é um dos maiores problemas para a arborização das cidades. ‘Quando existem fios e árvores juntos são feitas podas que são prejudiciais às plantas’, explica a pesquisadora Giuliana Del Nero Velasco. Em sua dissertação de mestrado, defendida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, Giuliana reuniu custos de instalação e manutenção de três tipos de rede elétrica e avaliou o impacto de cada um sobre a vegetação.

O estudo concluiu que há desvantagem no uso da rede elétrica aérea convencional em relação à rede aérea compacta. ‘As concessionárias têm obtido praticamente o mesmo custo para instalar os dois tipos’, garante. ‘A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por exemplo, gasta cerca de R$ 54 mil para instalar um quilômetro de rede convencional, e R$ 62 mil para a compacta.’ Contudo, segundo Giuliana, a rede compacta exige menos manutenção e gera gastos, em média, 79,5% menores.

A rede de distribuição convencional usa fios desencapados, dispostos lado a lado na parte de cima dos postes e também uns sobre os outros, num nível mais baixo. Já a rede compacta tem todos os fios encapados e próximos, separados por espaçadores, e utiliza equipamentos mais sofisticados. ‘Os fios cobertos são mais resistentes às interferências do ambiente e podem eventualmente tocar galhos ou outros objetos, sem causar queda na transmissão de energia’, conta Giuliana. ‘Por ocuparem menos espaço, diminui a área cortada em cada árvore e também o número de plantas que precisam ser podadas, contribuindo para a preservação.’

Rede subterrânea

O uso da rede elétrica subterrânea também foi recomendado. Segundo a pesquisadora, sua instalação é cerca de dez vezes mais cara, no entanto a necessidade de manutenção corretiva é quase nula, os acidentes são raros e a interferência na presença das árvores praticamente não existe. ‘Quase 80% dos custos de implantação são gastos na abertura das valas, mas este valor tende a diminuir com o uso de novas tecnologias. A poda continua necessária, por outros motivos que não a distribuição de energia’.

A influência das redes de distribuição no aspecto das árvores foi avaliada em três cidades. Em Piracicaba (SP), onde a maior parte das instalações é convencional, observou-se a maior quantidade de árvores podadas – 99%- e também atingidas por pragas e doenças. A saúde das plantas melhorou nas cidades de Maringá (PR) – com 76% de árvores podadas sob a fiação compacta – e em Belo Horizonte, onde há algumas ruas com instalações subterrâneas.

Segundo Giuliana, a poda é necessária para que as árvores se adaptem às condições da cidade, com galhos mais altos, limpos e saudáveis. ‘O problema é que, normalmente, o trabalho visa apenas a manutenção da rede elétrica, sem observar as técnicas próprias’, afirma a pesquisadora. ‘Como exemplo, posso citar a entrada de microorganismos através de grandes cortes voltados para cima, que devem ser evitados.’

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen/
V.C.