Meio Ambiente: Produção sustentável de ostras em Cananéia abastece mercado paulistano

Moluscos coletados artesanalmente em manguezais estão sendo comercializados supermercados

seg, 01/09/2003 - 10h20 | Do Portal do Governo

Quatro lojas da rede Pão de Açúcar – Morumbi, Alphaville, Jardim Paulista e Gabriel Monteiro da Silva – estão vendendo ostras frescas produzidas em ambiente sustentável pela Cooperativa dos Produtores de Ostras de Cananéia (Cooperostra). Os moluscos da espécie Crassostrea brasiliana são coletados nos manguezais de Cananéia, no litoral sul do Estado, por caiçaras e remanescentes de antigos quilombos, que vivem da pesca artesanal e da coleta racional.

A oferta do produto em São Paulo é resultado do Programa de Ordenamento da Exploração da Ostra do Mangue em Cananéia, iniciado em 1996 pela Fundação Florestal, órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente, em conjunto com o Programa Caras do Brasil, do Grupo Pão de Açúcar. O objetivo é incentivar a produção e a comercialização de artigos elaborados com base no manejo sustentável para gerar riquezas às comunidades carentes.

Responsabilidade social e ambiental

O Pão de Açúcar selecionou, entre 340 organizações cadastradas, 80 fornecedores que demonstraram responsabilidade social e ambiental, abrangendo cooperativas, microempresas comunitárias e grupos indígenas. A lista de mercadorias inclui, além das ostras de Cananéia, mel do Parque Indígena do Xingu, farinha de banana do Pará, objetos de decoração do Ceará, cestas de Mato Grosso do Sul, doces e geléias caseiras de Minas Gerais e cosméticos da Amazônia.

O projeto, que deu origem à Cooperostra, é coordenado pela Fundação Florestal e pelo Instituto de Pesca, da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. O primeiro resultado prático foi a organização da produção, que permitiu eliminar atravessadores e aumentar a remuneração média dos 48 cooperados. Em conseqüência, ocorreu a redução do esforço de coleta e do risco de sobre-exploração.

Qualidade sanitária

Outro benefício foi a legalização fiscal, sanitária e ambiental da atividade, que até então era clandestina e desrespeitava o defeso, período em que a captura é proibida para não prejudicar a reprodução dos moluscos. O manejo passou a ser feito com base em pesquisas sobre a população da espécie e a capacidade máxima de captura, resultando no aumento da produtividade.

A qualidade sanitária é fiscalizada e garantida pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). A conscientização dos extratores sobre a importância da preservação do manguezal é outra finalidade do projeto.

Para garantir sua renda, os cooperados precisam zelar pela integridade das árvores desse ecossistema, em cujas raízes-escora se fixam as ostras. Entre as áreas de mangue que restam no Estado, a maior e mais conservada está no Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape, Cananéia e Paranaguá, onde está situado o projeto.

Essa região foi declarada Sítio do Patrimônio Mundial, pela Unesco, e costuma ser chamada de ‘berçário do Atlântico’ devido à sua importância como criadouro natural de diversas espécies marinhas.

Prêmio internacional

No ano passado, durante a Conferência Rio+10, em Johannesburgo, a Cooperostra ganhou reconhecimento internacional como iniciativa bem-sucedida de desenvolvimento sustentável e de combate à pobreza. Foi uma das 27 entidades agraciadas com um prêmio de U$ 30 mil oferecido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, tendo concorrido com 420 inscritos de 77 países.

O projeto tem apoio do Ministério do Meio Ambiente, Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações em Áreas Úmidas no Brasil, vinculado à USP, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, Instituto Adolfo Lutz, Secretaria de Estado da Saúde, Fundação Botânica Margaret Mee, Prefeitura municipal de Cananéia, Comissão Pastoral da Pesca, Visão Mundial e Shell do Brasil.

Da Assessoria de Imprensa da
Secretaria do Meio Ambiente

(AM)