Meio Ambiente: Instituto Botânico pesquisa reflorestamento de áreas degradadas

Objetivo é recuperar florestas utilizando sementes de qualidade e diversidade de árvores nativas

ter, 25/03/2003 - 11h00 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


A Mata Atlântica no Estado de São Paulo está reduzida a 7% e 8% de sua cobertura original, resultado de processos de degradação através dos anos. Mineração, agricultura, pastagens, incêndios e outras atividades humanas destruíram quase toda a floresta. Para mudar o quadro existem, atualmente, iniciativas para reflorestar áreas degradadas, por meio de programas públicos e de organizações não-governamentais (ONGs).

Um desses projetos está em andamento no Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SMA). Desde 2001, o IBt pesquisa o reflorestamento, envolvendo tecnologia na produção de sementes de espécies nativas para gerar mudas, transferência de conhecimento para a sociedade (publicações, seminários, cursos e educação ambiental), formação de pesquisadores e projetos-pilotos de recuperação das áreas.

Baixa diversidade

O diretor-geral do IBt, Luiz Mauro Barbosa, lembra que em 2001 a SMA publicou a Resolução 21, definindo normas para reflorestamento com espécies nativas. A medida baseou-se em estudos da Coordenadoria de Informações Técnicas, Documentação e Pesquisa Ambiental (Cinp), da secretaria, já desativada, e que era coordenada por ele. “Constatamos que a recuperação florestal no Estado, nos últimos 15 anos, estava sendo feita de forma inadequada, fato que motivou a resolução.”

Entre os problemas estavam a pouca diversidade de árvores plantadas, má-qualidade das sementes e utilização de espécies inadequadas, plantas não naturais da região. A partir da norma da SMA, as pesquisas sobre técnicas científicas para plantio de árvores passou a ter grande importância nos estudos que vêm sendo desenvolvidos no IBt.

Além de contar com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), esse trabalho reúne também parceiros públicos e privados, como as prefeituras de Ilha Comprida e Mogi Guaçu, e International Paper (fabricante de papéis e produtos florestais).

Na Cinp, Luiz Mauro e equipe calcularam que somente para recompor as matas ciliares (que protegem margens de rios) do Estado, seriam necessários aproximadamente 1,3 milhão de hectares e 2,6 bilhões de mudas.

Outro fato alarmante, segundo o diretor do IBt, foi a perda da diversidade biológica de plantas nativas. Em 98 áreas monitoradas, num total de 2,5 mil hectares, foram usadas aproximadamente 30 espécies arbóreas (que têm porte de árvores), algumas de período de vida curto. “Isto causou ainda mais a perda de diversidade e qualidade dos reflorestamentos.”

Lista de espécies

Os viveiros de mudas, visitados em diferentes regiões do Estado, pela equipe da Cinp e mantidos por órgãos públicos, privados ou por ONGs, apresentaram tecnologia para produção de 585 arbóreas. No entanto concentravam a produção em 30 espécies.

“Acredito que a partir da Resolução 21, não mais haverá baixa diversidade no plantio em áreas degradadas, principalmente nas maiores que um hectare”, opina Luiz Mauro.

Para reduzir perdas em biodiversidade, principalmente na Mata Atlântica, a resolução fixa 30 espécies diferentes para projetos de até um hectare (há), 50 para até 20 ha, 60 para 50 ha e 80 para mais de 50 ha. Plantas ameaçadas de extinção podem ser priorizadas em porcentagens que variam conforme os hectares.

Outro ponto relevante é a utilização de mudas de plantas naturais da vizinhança. A resolução traz lista de mais de 240 espécies arbóreas, com nomes científicos e populares, e tipos de florestas em que ocorrem naturalmente no Estado.

A pesquisa será publicada em breve, com dados sobre o local de ocorrência de 585 espécies nativas do Estado, endereços de viveiros e outras informações. O manual Recuperação de Áreas Degradadas estará disponível para prefeituras envolvidas em projetos do tipo, ONGs, técnicos e engenheiros florestais, assessorias e consultorias do ramo.

Otávio Nunes

(AM)