Meio Ambiente: Goldemberg defende utilização de gás natural para combater o efeito estufa

Secretário participou de seminário sobre o tema em São Paulo

qua, 27/03/2002 - 11h54 | Do Portal do Governo

A concentração de gases que provocam o efeito estufa vem aumentando consideravelmente por causa da maior atividade industrial, agrícola e de transporte, principalmente devido ao uso de combustíveis fósseis. Como conseqüência, está ocorrendo um processo de aquecimento global.

Calcula-se que, com os gases lançados na atmosfera desde o começo da era industrial, a temperatura já aumentou 0,5ºC. Se as emissões não cessarem, principalmente as provenientes das chaminés das indústrias e escapamentos dos veículos, estima-se que haverá um aquecimento de pelo menos 2ºC nas próximas décadas e um grave desequilíbrio no meio ambiente.

‘Não há soluções óbvias para se enfrentar o problema. O mais importante é colocar em prática mecanismos internos de desenvolvimento limpo, como por exemplo a intensificação do uso de gás natural e a fabricação de modelos híbridos de automóveis (com motores elétricos e a gasolina), ou mesmo maior utilização do etanol como combustível, para a diminuição das emissões de poluentes pelos veículos automotores’, afirmou o professor José Goldemberg, secretário estadual do Meio Ambiente, nesta terça-feira, dia 26, durante a abertura do Seminário ‘Os Veículos Automotores e o Efeito Estufa’, organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), na sede da Abimaq.

Durante o evento discutiram-se as tendências e as novas tecnologias de produção e uso de combustíveis que, associadas às novas tecnologias automotivas, formatarão uma matriz energética diversificada e sustentável, o que deve contribuir para a diminuição dos poluentes na atmosfera. ‘Da parte dos órgãos do governo, o que estamos buscando é o aperfeiçoamento da legislação ambiental vigente, com o intuito de empurrar cada vez mais o setor produtivo, e particularmente o automotivo, ao encontro de ações de controle que revertam em melhoria da qualidade do ar’, considerou o professor Goldemberg, que espera receber, no final do encontro promovido pela AEA, sugestões para o aperfeiçoamento das políticas públicas na esfera do controle de poluição ambiental.

O representante do Ministério de Ciência e Tecnologia, José Dominguez Miguez, lembrou que o compromisso brasileiro, assumido em 1992, durante a Rio 92, é concluir o inventário de emissões, apontando quanto o Brasil emite nos principais segmentos industriais e agrícolas. ‘Sabe-se, de antemão, que as emissões de monóxido de carbono (emitido pelos veículos) estão diminuindo consideravelmente, mas em compensação estão aumentando as de dióxido de carbono’, observou.

O Brasil, considerado um emissor modesto de gases que provocam o efeito estufa, procura defender seus interesses nas reuniões internacionais que buscam o controle desse tipo de emissão. As discussões, no entanto, chegaram a um impasse difícil de ser superado. Após o encontro de Kyoto, no Japão, reunindo países desenvolvidos e em desenvolvimento para fixar algumas metas básicas como a redução de 5% da emissão de gases resultantes da queima de combustíveis fósseis, entre outros, houve uma grande reação da indústria norte-americana, sobretudo a automobilística e a de carvão, temendo um impacto negativo sobre a economia daquele país.

‘O grande desafio é conciliar as metas de redução da poluição, sem comprometer a viabilidade econômica’, resumiu o secretário Goldemberg.