Meio Ambiente: Estado recupera sua área verde, constata o Instituto Florestal

Conscientização ecológica da população é apontada como responsável pela melhoria do quadro

sex, 20/06/2003 - 14h22 | Do Portal do Governo

Uma boa notícia: de dez anos para cá, o Estado de São Paulo conseguiu recuperar 3,80% de sua área verde. A constatação foi feita em levantamento minucioso realizado pelo Instituto Florestal, que verificou um crescimento de 126.557 hectares na cobertura vegetal.

A preocupação em saber como anda nossa flora e realizar uma espécie de senso das categorias da vegetação, não é nova. Levantamentos vêm sendo realizados desde a década de 60. Foram quatro, em 1963, 1972, 1993 e 2003. A grande diferença é que, neste, que acaba de divulgado, conta-se com um aparato tecnológico que possibilita estudos e radiografias muito mais minuciosos.

“Utilizamos fotografias aéreas, coloridas digitalmente, e imagens de satélites para fazer a foto-interpretação, o mapeamento e a quantificação da cobertura vegetal. Pudemos obter uma visualização detalhada de cores e seus contrastes, distinguir espécies que, até aqui, não classificadas por falta de definição melhor. Com isso, conseguimos traçar um diagnóstico preciso da situação do Estado de São Paulo”, explica o agrônomo Francisco Kronka, chefe do Setor de Manejo e Inventário Florestal do Instituto Florestal da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo.

Parte do Programa Biota-Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o levantamento levou três anos para ser concluído por uma equipe multidiciplinar de oito profissionais, entre eles, agrônomos, biólogos e administradores. Segundo Kronka, o respaldo do programa, que envolve cerca de 500 pesquisadores das principais universidades e do Instituto de Pesquisa do Estado de São Paulo, foi fundamental. “Também contamos com a colaboração preciosa do PPMA (Projeto de Preservação da Mata Atlântica), resultante de um programa de colaboração técnica entre o governo do Brasil e a Alemanha, que trouxe recursos, capacitação profissional e equipamentos”, conta.

Verde em alta

O levantamento final indicou a existência de uma área de vegetação remanescente total de 3.457.301 hectares – superior àquela detectada no estudo de 10 anos atrás, que correspondia a 3.330.744 hectares. O que significa que houve um crescimento de 3,80% do verde, especialmente nas regiões da Mata Atlântica litorânea e Sorocaba, seguidas de Vale do Paraíba, Litoral, São Paulo, Presidente Prudente e Ribeirão Preto.

Kronka atribui o resultado positivo, em grande parte, à crescente conscientização da importância de se preservar o meio ambiente por parte da população. Observa-se, também, e pela primeira vez, uma estabilização na tendência histórica que apresentava índices expressivos referentes ao desmatamento no Estado de São Paulo.

Entretanto, o pesquisador alerta que não há motivo para comemorações, já que a cobertura vegetal apresenta problemas que necessitam ser resolvidos. Araçatuba, São José do Rio Preto, Bauru, Marília e Campinas, por exemplo, apresentaram diminuição das área de vegetação natural.

“As maiores perdas ocorreram justamente nas regiões onde as áreas de vegetação remanescente já apresentavam índices bastante reduzidos. Ainda convivemos com situações de desmatamentos e queimadas clandestinas, entre outras”, constata. O fato de o governo dispor de um instrumento preciso como este levantamento abre a perspectiva de conhecer detalhadamente a realidade, com prós e contras de cada município, o que permite desenvolver e aplicar políticas públicas adequadas a cada um deles.

Principais conclusões do estudo

  • A área total da cobertura vegetal natural do Estado de São Paulo é superior à detectada no levantamento anterior: 3,80%.
  • As maiores concentrações de vegetação natural remanescente localizam-se no Litoral (Mata Atlântica) e em Sorocaba. Correspondem, respectivamente, a 34,43% e 21,20%.
  • Pequenos acréscimos também são observados nas regiões administrativas de Vale do Paraíba, Litoral, São Paulo, Presidente Prudente e Ribeirão Preto.
  • Apresentaram diminuição das áreas de vegetação natural as regiões administrativas de Araçatuba, São José do Rio Preto, Bauru, Marília e Campinas.
  • Mata e capoeira cresceram desde o último levantamento. Já cerrado, cerradão, campo cerrado e campo diminuíram.

    Inês Pereira – Especial para Agência Imprensa Oficial
    -C.M.-