Meio Ambiente: Convênio garante recursos para o laboratório de dioxinas e furanos da Cetesb

Será o primeiro laboratório público com capacidade para detectar poluentes orgânicos persistentes, que são altamente tóxicos

ter, 11/01/2005 - 14h50 | Do Portal do Governo

A Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental assinou um convênio, pelo qual está recebendo a quantia de R$ 450 mil, como parte do apoio oferecido pelo Ministério do Meio Ambiente para a instalação de um laboratório de dioxinas e furanos, na sede da agência ambiental paulista, que vai se constituir no primeiro laboratório do gênero, em um órgão público no país.

O novo laboratório da Cetesb vai representar um avanço na área de tecnologia ambiental, oferecendo autonomia na detecção desses poluentes. Entre os equipamentos que serão instalados, inclui-se um espectrômetro de massa de alta resolução, recebido do governo japonês em um programa de cooperação internacional, com valor aproximado de US$ 800 mil.

O convênio, publicado no Diário Oficial da União de 31 de dezembro de 2004, foi firmado entre a Cetesb, órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, e a Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, do Ministério do Meio Ambiente, envolvendo um montante R$ 627.406,00.

Este valor representa parte dos recursos necessários para a instalação do laboratório e correrá à conta dos orçamentos dos dois órgãos, cabendo ao Ministério do Meio Ambiente o total de R$ 500.000,00 – os restantes R$ 50.000,00 se referem ao exercício de 2005 – , e à CETESB, R$ 127.406,00, dos quais R$ 114.666,00 representam a programação para o exercício de 2004 e R$ 12.740,00, para 2005.

O plano de trabalho do projeto prevê que a instalação do laboratório para a análise de dioxinas e furanos, em área de 120 metros quadrados, deverá estar concluída em dezembro deste ano. A primeira providência será a desmontagem da estrutura metálica do galpão localizando ao lado dos demais laboratórios da Cetesb e a preparação do local, onde o governador Geraldo Alckmin lançou a pedra fundamental da obra, no final de setembro último, em companhia, entre outros, do secretário estadual do Meio Ambiente, José Goldemberg, e do presidente da agência ambiental, Rubens Lara.

O presidente da Cetesb afirmou que o novo laboratório vai contribuir para que a agência ambiental paulista ‘se mantenha na liderança do setor, na América Latina e Caribe’ e lembrou que a companhia já possui um laboratório para análise de poluentes orgânicos, mas que a análise de dioxinas e furanos exige condições bastante específicas de infra-estrutura e segurança operacional.

Poluentes orgânicos persistentes

As dioxinas e furanos fazem parte do grupo dos poluentes orgânicos persistentes, conhecidos como POPs, e são subprodutos não-intencionais de processos industriais e de incineração de resíduos perigosos e hospitalares, sendo formados, também, em queimadas e na combustão em veículos, especialmente os movidos a diesel. As emissões podem ser transportadas a longas distâncias por correntes atmosféricas e, de forma menos intensa, pelas águas dos rios e das correntes marinhas. Esses poluentes são altamente tóxicos, resistentes à degradação e estáveis no ambiente aquático e terrestre. Dentre os efeitos adversos à saúde, podemos citar a toxicidade dérmica, a imunotoxicidade e os efeitos na reprodução, com ação teratogênica, endócrina e carcinogênica.

Os POPs caracterizam-se, ainda, pela capacidade de se bioacumularem nos tecidos humanos e de outros animais, principalmente os tecidos adiposos, e por terem suas concentrações biomagnificadas na cadeia trófica. Esses poluentes se concentram no leite materno, colocando em risco a saúde dos recém-nascidos e os consumidores de leite de origem animal.

Podem também funcionar como mimetizadores de hormônios e, dessa forma, são desreguladores endócrinos, alterando a produção hormonal e, conseqüentemente, o sistema endócrino. Existe uma preocupação maior com as mulheres, pois devido à bioacumulação desses compostos, que promovem alterações dos níveis hormonais, coloca-se em risco as futuras gerações. A sua ação sobre o organismo humano decorre da ingestão alimentar (carne, peixes e laticínios), contato dérmico e inalação.

Da Assessoria de Imprensa da Cetesb

(LRK)