Meio Ambiente: Cetesb terá laboratório para análises de poluentes orgânicos persistentes

Compostos que a companhia passará a analisar, além de cancerígenos, são tóxicos para os sistemas endócrino, imunológico e do desenvolvimento

seg, 01/11/2004 - 13h02 | Do Portal do Governo

A Cetesb vai construir um laboratório para a análise de dioxinas e furanos, conhecidos como poluentes orgânicos persistentes, oriundos principalmente de processos de combustão, que podem entrar na cadeia alimentar e se acumular no organismo humano, causando sérios problemas à saúde. Será o primeiro laboratório público especializado nessa modalidade de análises no Brasil. O lançamento da pedra fundamental ocorreu na semana passada.

As dioxinas e furanos são subprodutos de processos industriais e incineração de resíduos perigosos e hospitalares. São formados, também, em queimadas e na combustão em veículos, especialmente os movidos a diesel. As emissões podem ser transportadas a longas distâncias por correntes atmosféricas e, de forma menos intensa, pelas águas dos rios e das correntes marinhas.

Esses compostos são tóxicos e podem causar danos à tiróide e ao fígado. Provocam também maior suscetibilidade a infecções e atraso no crescimento de crianças. Outra conseqüência: afeta a produção de estrógeno, progesterona e testosterona, reduzindo a fertilidade humana. São considerados cancerígenos para humanos.

A sua ação sobre o organismo decorre exclusivamente da ingestão alimentar, especialmente da carne, peixes e laticínios. Estudos recentes mostram que as concentrações desses compostos nos humanos em países industrializados estão próximas dos níveis em que os efeitos maléficos sobre a saúde começam a se manifestar.

Avanço tecnológico – Presentes em todo o planeta de forma difusa, estima-se que, mesmo cessando a produção das dioxinas e furanos, os níveis atualmente presentes no meio ambiente demandarão um prazo extremamente longo para diminuir, pois são compostos persistentes que se reciclam continuamente.

O novo laboratório da Cetesb vai representar um avanço na área de tecnologia e meio ambiente, oferecendo autonomia na detecção desses poluentes. Entre os equipamentos que serão instalados, inclui-se um espectrômetro de massa de alta resolução, recebido do governo japonês num programa de cooperação internacional, com valor aproximado de US$ 800 mil.

‘A construção do Laboratório de Dioxinas e Furanos é um esforço adicional para melhorar a atuação da Cetesb e dará mais armas para o trabalho que ela realiza”, explicou o secretário de Meio Ambiente, José Goldemberg.

Segundo o presidente da Cetesb, Rubens Lara, a agência ambiental já possui um laboratório para análise de poluentes orgânicos, mas “a manipulação de dioxinas e furanos exige condições bastante específicas de infra-estrutura e segurança operacional, por serem extremamente tóxicos”. Por esse motivo, o laboratório terá um espaço próprio para a execução dessas análises, ocupando área de 120 metros quadrados.

Laboratório de Química Inorgânica faz 70 mil análises por ano

Com investimento de R$ 370 mil, que permitirá melhores condições de trabalho para sua equipe de 20 especialistas, o Laboratório de Química Inorgânica passou por reforma e está reinaugurado. Em atividade desde 1974, ocupa agora área de 550 metros quadrados nas novas instalações.

A reformulação atende aos mais modernos conceitos de design para laboratórios. Dispõe de equipamentos de última geração e infra-estrutura específica para as diversas rotinas laboratoriais. Isso permitirá ampliar a capacidade de diagnóstico tanto em quantidade quanto em diversidade de parâmetros e aprimorar a qualidade analítica.

Os laboratórios do Setor de Química Inorgânica dão suporte analítico às atividades de fiscalização e aos programas de controle de qualidade de recursos hídricos (águas superficiais, recreacional, mineral, consumo, efluentes e sedimentos), solos e águas subterrâneas (em questões relacionadas a resíduos sólidos e solos contaminados). Realizam, em média, 70 mil análises por ano, para os mais diversos parâmetros de importância ambiental: nutrientes (série do nitrogênio e fósforo), cianetos, sulfatos, sulfetos, cloretos, fluoretos, boro e cerca de 26 metais.

Nos 36 anos de existência, os laboratórios da Cetesb passaram por grande expansão, acompanhando o aumento do interesse por questões ambientais. Nos últimos dez anos, convênios com organismos internacionais, como KfW, GTZ, JICA e Banco Mundial, trouxeram a modernização do instrumental analítico desses laboratórios. Em 1998, a Cetesb iniciou o processo de certificação dos laboratórios junto ao Inmetro. Atualmente, o Laboratório de Química Inorgânica tem 14 parâmetros credenciados na ISO 17025.

Da Agência Imprensa Oficial