Meio Ambiente: Cetesb realiza inventário da poluição do ar provocada pela frota de veículos

Programa de testes de medição em campo será entre os dias 6 e 18 de dezembro

ter, 30/11/2004 - 13h03 | Do Portal do Governo

A partir do levantamento detalhado do perfil da frota de veículos da Região Metropolitana de São Paulo – levando em conta a tecnologia, a manutenção, o desempenho no trânsito, os trajetos realizados, a forma de condução do motorista e o monitoramento das emissões dos motores – a Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental está realizando o primeiro inventário da poluição atmosférica provocada pela frota em circulação, com base em dados efetivamente medidos.

Para isso, entre os próximos dias 6 e 18 de dezembro, estará realizando um programa de testes de medição em campo, com a finalidade de determinar as emissões reais de gases poluentes, como o monóxido de carbono, os hidrocarbonetos e os óxidos de nitrogênio, em 120 veículos leves, movidos a gasolina, álcool ou gás natural. O trabalho, está sendo realizado graças a parceria da Secretaria Estadual do Meio Ambiente com a Fundação Hewlett e o International Sustainable Systems Research Center (ISSRC), instituições não governamentais americanas voltadas para a pesquisa e programas de melhoria ambiental.

Os veículos, cedidos voluntariamente ao projeto por funcionários da agência ambiental, circularão por diferentes pontos da RMSP com um equipamento acoplado no tubo de escapamento, medindo o nível dos poluentes emitidos. Essa atividade é considerada fundamental para o conhecimento do regime de operação do motor de veículos representativos da frota em circulação. Um veículo que roda apenas em trechos curtos, por exemplo, opera com o motor frio, o que impede o perfeito funcionamento de equipamentos como o catalisador, aumentando significativamente a emissão de gases.

Os testes que serão realizados em dezembro vão verificar qual o comportamento do veículo no trânsito da região considerada uma das mais poluídas do mundo. Com esses testes e os equipamentos que serão utilizados, a atividade veicular pode ser determinada objetivamente e por métodos estatísticos, a partir de parâmetros como as oscilações de velocidade a longo do dia, acelerações, quantidade e grau dos aclives e declives existentes no percurso, quantidade de partidas, distâncias percorridas a cada acionamento do motor, entre outras. Para isso, os carros percorrerão vias expressas, arteriais e ruas classificadas como residenciais, em diferentes horários e dias da semana.

Os veículos serão conduzidos por motoristas capacitados, contratados pela Fundação Hewlett, durante um período de vinte minutos, devidamente equipados com o medidor de emissões de escapamento acoplado ao cano de descarga.

Com duas fases de execução, o projeto foi iniciado em abril passado, quando as primeiras etapas do projeto envolveram centenas de pessoas entre funcionários voluntários, estagiários e técnicos contratados especificamente para reunir os dados que darão origem ao Inventário das Fontes Móveis de Poluição na Região Metropolitana de São Paulo, com base no modelo IVE – International Vehicle Emission, desenvolvido pelo ISSRC e já aplicado em outras metrópoles com problemas semelhantes de poluição veicular, como Los Angeles, cidade do México, Santiago do Chile, Pequim e Xangai, na China.

A primeira atividade realizada em abril serviu para avaliar o ‘padrão local de condução’, quando aparelhos de GPS, sistema de rastreamento por satélite, foram instalados em três veículos leves alugados, doze caminhões, seis táxis, seis motocicletas e alguns ônibus urbanos, que circularam com o equipamento durante seis dias em áreas previamente definidas. Essa etapa serviu para registrar o comportamento do veículo no trânsito, considerando o tempo de circulação, a velocidade desenvolvida, redução e aceleração da velocidade, entre outros fatores que influem no consumo e na queima de combustível.

No mesmo período foi realizada a pesquisa de campo em estacionamentos, para traçar o perfil tecnológico dos veículos que compõem a frota da região. Essa etapa incluiu a verificação do velocímetro, da existência de ar condicionado, o registro de dados sobre a capacidade do motor e do tipo de equipamento de controle das emissões, entre outros indicadores. Essa etapa resultou na amostra de 1.600 veículos e foi feita em estacionamento de shoppings, supermercados e outros centros de compra em diferentes pontos da cidade, considerando o estado de conservação e a manutenção dos equipamentos que influem no desgaste do motor e no consumo de combustível.

Outra etapa do projeto já realizada foi levantamento da composição básica do tráfego, que utilizou câmaras de vídeo para monitorar o trânsito durante seis dias úteis, também em áreas da RMSP com características diversas e diferenças de poder aquisitivo. Nesse caso, o objetivo foi colher informações sobre veículos em circulação nas diferentes áreas da Grande São Paulo, em diferentes horários e vias, como as marginais, grandes avenidas e ruas de bairros residenciais.

A pesquisa incluiu ainda 80 veículos que circularam nos percursos que fazem normalmente, com monitores de partida acoplados no acendedor de cigarros. Este equipamento serviu para verificar o número de vezes e os horários em que os motores são acionados.

O resultado desses levantamentos, para os quais foram enviados técnicos e equipamentos dos Estados Unidos, fornecidos pelas instituições que participam do projeto, devem ser divulgados no próximo mês de março. A partir desses estudos os técnicos acreditam que será possível estabelecer um modelo que permita avaliar melhor as emissões das chamadas fontes móveis de poluição.

Da Assessoria de Imprensa da Cetesb

M.J.