Meio Ambiente: Cetesb apresenta resultados do Projeto de Produção Mais Limpa de Limeira

Evento será nesta quinta-feira, dia 7, nas Indústrias de Bijuterias do Município de Limeira

qua, 06/07/2005 - 15h16 | Do Portal do Governo

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, em parceria com a Associação Limeirense de Jóias – ALJ, Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – CIESP e Sindijóias realiza nesta quinta-feira, dia 07, às 19h, no anfiteatro da ISCA Faculdades, em Limeira (Rodovia SP 147, km 4 – bairro Cruz do Padre), um evento de encerramento do Projeto ‘Produção Mais Limpa (P+L) nas Indústrias de Bijuterias do Município de Limeira’.

No evento serão mostrados os resultados obtidos no projeto, que teve sua última fase iniciada em 2002, com o envolvimento de 19 Indústrias de bijuterias do pólo de Limeira, visando a integração do conceito de P+L às suas gestões empresariais. Através deste projeto, as empresas participantes reduziram o consumo de água, energia, matérias-primas e os gastos com tratamento de efluentes e disposição final de resíduos, com ganhos econômicos e ambientais bastante significativos.

Também será apresentada e distribuída a publicação ‘Guia de Produção Mais Limpa’ dirigido ao setor de bijuterias, cujo conteúdo também será disponibilizado na página da CETESB na internet (www.cetesb.sp.gov.br).

Melhoria na eficiência dos processos

Ao longo do Guia de Produção Mais Limpa, verifica-se que, embora se trate de um conceito recente, a P+L se relaciona, principalmente, a um tema bem conhecido das indústrias: a melhoria na eficiência dos processos. O documento traz algumas orientações teóricas e técnicas, com o objetivo de auxiliar as consultas sobre como dar o primeiro passo na integração da empresa à P+L, que tem levado diversas organizações a uma produção mais eficiente, econômica e com menor impacto ambiental.

Em linhas gerais, o conceito de P+L pode ser resumido como uma série de estratégias, práticas e condutas econômicas, ambientais e técnicas, que evita ou reduz a emissão de poluentes no meio ambiente por meio de ações preventivas, ou seja, evitando a geração de poluentes ou criando alternativas para que estes seja reutilizados ou reciclados.

Na prática, essas estratégias podem ser aplicadas a processos, produtos e até mesmo serviços, e incluem alguns procedimentos fundamentais que inserem a P+L nos processos de produção. Dentre eles, é possível citar a redução ou eliminação do uso de matérias-primas tóxicas, aumento da eficiência no uso de matérias-primas, água ou energia, redução na geração de resíduos e efluentes, e reúso de recursos, entre outros.

De acordo com o documento, as vantagens são significativas ‘para todos os envolvidos, do indivíduo à sociedade, do país ao planeta’. Mas é a empresa que obtém os maiores benefícios para o seu próprio negócio. Para ela, a P+L reverte em redução de custos de produção; aumento de eficiência e competitividade; diminuição dos riscos deacidentes ambientais; melhoria das condições de saúde e de segurança do trabalhador; melhoria da imagem da empresa junto a consumidores, fornecedores, poder público, mercado e comunidades; ampliação de suas perspectivas de atuação no mercado interno e externo; maior acesso a linhas de financiamento; melhoria do relacionamento com os órgãos ambientais e a sociedade, entre outros.

Redução do consumo de água

O setor de fabricação de bijuterias, por envolver processos de
fundição e galvanoplastia, é visto com preocupação por seu potencial poluidor. No Estado de São Paulo, onde estão registradas 644 empresas do setor, cerca de 50% delas encontra-se no município de Limeira. A quase totalidade é formada por pequenas e microempresas, que individualmente causam pouco impacto, mas em conjunto tornam esse impacto significativo. Em função disso, a CETESB criou, anos atrás, um projeto-piloto para a região, com participação e parceria da indústria e associações locais de bijuterias.

Na primeira fase, estavam envolvidas apenas cinco empresas, número que evoluiu para 19, na segunda e última fase, mais recentemente, a partir de 2002, incluindo 3 fornecedores. Um exemplo ilustrativo das vantagens da P+L nesse projeto é o caso da Quarta Dimensão Exportação e Importação Indústria e Comércio Ltda., uma pequena empresa. Numa primeira etapa, ela utilizava dispositivos conhecidos como ‘chuveiros’ em seu processo de lavagem de peças, consumindo muita água, em torno de 1.220 metros cúbicos por ano. Ao substituir os chuveiros por aspersores, o consumo de água foi para 552 metros cúbicos anuais, representando uma redução de 55%. Numa etapa mais recente, com um sistema de troca iônica, que também permite a reutilização de água em circuito fechado, a redução foi de mais 29%. Para se ter uma idéia, em termos de redução de custos, considerando-se o consumo do tempo dos ‘chuveirões’, pagava-se o equivalente a R$ 11,7 mil anuais, significativamente mais que os R$ 4,3 mil, gastos com o atual sistema de troca iônica. Outro caso interessante é o da Percebon Jóias Ltda., que ao implantar o sistema de ‘chuveirinho com gatilho’, em substituição ao de ‘chuveiro com alavanca’, gastou apenas R$ 36,00, mas vem obtendo uma economia de água de 60%.

Perfil do setor

O setor de bijuterias é composto majoritariamente por empresas da cadeia produtiva do chamado ramo das jóias folheadas, que produz peças de metal, em geral ligas de zinco e estanho, recobertas por camadas de metais nobres, como a prata e o ouro.

Tratando especificamente deste tipo de peças, o Brasil ocupa o 27º lugar no ranking tanto de exportações como de importações mundiais, sendo que os principais países de destino das exportações brasileiras são Argentina, Venezuela, Peru, Colômbia e Estados Unidos. Internamente no país, o setor de folheados representa um mercado que fatura R$ 572,3 milhões anuais, sendo que 37% desta produção (equivalente a R$ 211,75 milhões) é proveniente do município de Limeira, conhecido como a ‘capital do folheado’ no país. Em relação aos empregos gerados, o Sintrajóias – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Jóias afirma que o setor emprega cerca de 7 mil trabalhadores, mas dados extra oficiais aponta que mais de 35 mil pessoas estão envolvidas com as fábricas de jóias. O tamanho das empresas varia bastante, sendo que a maior parte das indústrias é de pequeno porte.

Ainda sobre a produção do setor, segundo dados divulgados pela FIESP durante o Projeto ‘Arranjos Produtivos Locais – APL’, a strutura do setor está dividida da seguinte forma no Estado de São Paulo: Limeira lidera a pesquisa com 310 empresas, seguida de SãoPaulo com 204, São José do Rio Preto com 39, Pirassununga 10, Bauru 6 e Campinas com 4.

Segundo a CETESB, no município de Limeira existem 150 indústrias cadastradas como galvânicas, sendo que de acordo com dados do setor, as empresas no município se dividem como sendo 33% de jóias folheadas, 47% de fabricação de peças brutas (sem galvanoplastia) e 20%de outros tipos.

Esta concentração do setor no município de Limeira foi o principal motivador do Projeto Piloto de Prevenção à Poluição desenvolvido em parceria pela CETESB, ALJ, CIESP e SINDIJÓIAS, e que entre outros resultados originou o material para elaboração do Guia de Produção Mais Limpa para o setor.

Da Assessoria de Imprensa da Cetesb

J.C.