Megaoperação da Polícia Civil prende mais 18 integrantes do PCC

Plano estratégico, baseado em quase 470 horas de gravações grampeadas, também desmantelou 32 centrais telefônicas clandestinas

qui, 23/05/2002 - 20h35 | Do Portal do Governo


Dezoito dos 59 principais membros do PCC (Primeiro Comando da Capital), identificados num organograma feito pela Polícia Paulista, foram presos nesta quinta-feira, dia 23, após megaoperação realizada por policiais civis e militares na Capital, Região Metropolitana e até no Interior do Estado. Com isso, sobe para 41 o número de integrantes da facção criminosa com prisão decretada pela Justiça, presos nos últimos cinco meses pela Polícia de São Paulo.

O feito foi possível graças a quase 470 horas de conversas telefônicas entre os bandidos gravadas pela Polícia Civil mediante autorização judicial. Com o grampo foi possível, inclusive, fazer um mapeamento das ações do PCC na Capital, Interior e até em outros Estados, incluindo as unidades prisionais.

A investigação resultou ainda no desmantelamento de 32 centrais telefônicas clandestinas montadas pelo PCC na Capital e Grande São Paulo. Em função das gravações, a PM também participou da megaoperação, revistando 16 unidades prisionais em todo o Estado, incluindo centros de detenção provisória e penitenciárias. O trabalho foi realizado por mais de 1,2 mil homens dos batalhões de choque e de policiamento de área.

Outros 65 presídios do Estado foram vistoriados por agentes penitenciários. A busca nas 81 unidades prisionais, realizada simultaneamente a partir das 7 horas, resultou na apreensão de 159 celulares, 72 carregadores, 33 baterias de celulares, 98 papelotes de cocaína, 309 trouxas de maconha, 12 pedras de crack, 498 estiletes e 44 facas.

“Hoje foi o dia de desmantelar o que já vínhamos investigando desde janeiro, numa ação conjunta das duas polícias e com apoio da Administração Penitenciária”, comentou o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu, durante entrevista realizada na sede do Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado), onde 12 dos 18 presos de hoje estão para depoimento e indiciamento.

O secretário explicou que o organograma traçado aponta os líderes e principais membros do PCC e que as gravações foram ocorrendo, ao longo dos cinco meses, conforme as autorizações judiciais eram concedidas. Ele informou que nesta sexta-feira, dia 24, irá se reunir com o ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, para discutir uma força tarefa entre as Polícias e o Poder Judiciário no desmantelamento do PCC em outros Estados, sobretudo no Rio de Janeiro.

“Em termos de comunicação, o PCC está desmantelado, porque entre os presos de hoje, está o homem responsável pela montagem das centrais telefônicas”, assegurou o diretor do DEIC, Godofredo Bittencourt.

Para o governador Geraldo Alckmin, além de bem sucedida, a megaoperação coíbe organizações criminosas, como o PCC, e penaliza, ainda mais, seus integrantes com medidas de isolamento. “Esse é um trabalho que não pára. Queremos desmontar essas facções criminosas dentro das penitenciárias.” Alckmin acrescentou que ações rigorosas como a de hoje, unindo Segurança Pública, Administração Penitenciária e Ministério Público, vão continuar.

Advogados sem regalias

Dos 41 integrantes do PCC presos nos últimos cinco meses, 25 serão transferidos o mais breve possível para penitenciárias de segurança máxima, que mantêm regime diferenciado (com celas individuais, sem qualquer comunicação entre os presos, além de bloqueio de sinal de celular).

Segundo o secretário da Segurança Públicas, 23 dos criminosos, entre eles um advogado, irão para a unidade de Presidente Bernardes. O restante, duas advogadas, serão encaminhadas à Penitenciária Feminina de Taubaté, igualmente de segurança máxima. “Isso está sendo comunicado hoje mesmo à OAB e esperamos que a licença dos três sejam suspensa imediatamente”, disse Saulo.

Gislene Lima