Medicina: Nova técnica permitirá produzir ossos em laboratório

Pesquisa é desenvolvida pela Faculdade de Odontologia de Bauru

sex, 02/08/2002 - 17h10 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da USP de Bauru (FOB) estudam uma nova técnica para geração de tecidos ósseos em laboratório que poderão ser usados em humanos. Os tecidos serão desenvolvidos sobre matrizes retiradas de ossos bovinos. A essas matrizes, denominadas ‘carreadores’ ou ‘osteocondutores’, são adicionadas células ósseas (osteoblastos) da pessoa que receberá o enxerto, retiradas da medula óssea. Em seguida, é adicionada a Proteína Morfogenética Óssea – BMP (Bone Morphogenetic Protein) – que estimula o desenvolvimento do tecido ósseo. De acordo com o professor José Mauro Granjeiro, do Departamento de Ciências Biológicas da FOB, em 30 ou 40 dias o osso estará pronto para ser enxertado.

Depois de cerca de 12 anos de estudos, o grupo de pesquisadores deverá testar o experimento em coelhos. ‘O sucesso desta experiência mostrará que o método é seguro para ser aplicado em humanos, o que poderá acontecer em um ou dois anos’, calcula Granjeiro. Atualmente, em casos de enxerto ósseo, o paciente tem retirado um pedaço de seu próprio osso de outro local, como da crista ilíaca, por exemplo, para ser implantado no local fraturado.

A nova técnica poderá ser aplicada ainda em lesões lábio-palatais e fraturas de mandíbulas, entre outros casos. ‘Neste caso, basta injetar a BMP associada a células ósseas retiradas do próprio paciente, aderidas ao suporte de osso poroso bovino’, explica Granjeiro. Ele lembra que experiências desse tipo estão sendo feitas também no exterior. Contudo, somente na FOB é utilizada a matriz derivada de ossos bovinos. ‘O material se comporta de maneira satisfatória. Essa foi a grande descoberta de nosso grupo de pesquisa’, avalia.

Os estudos estão, no momento, em sua fase de testes com animais. A terceira fase dos experimentos, segundo Granjeiro, envolverá estudos clínicos controlados, que estão sendo planejados. ‘Toda esta fase preliminar serviu para dar experiência ao Laboratório e aos profissionais envolvidos’, conta. O trabalho é interdisciplinar tem a participação dos professores Eulázio Taga e Rumio Taga (FOB/USP) e Mari Sogayar (Instituto de Química do Campus da Capital).