Medicina: Estudo analisa alterações em genes associados a tumores de cabeça e pescoço

Pesquisadora da USP constatou que maior incidência é registrada entre fumantes e usuários de bebidas alcóolicas

ter, 16/03/2004 - 12h04 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP

Tese de doutorado apresentada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, por Elisabete Cristina Miracca, analisou os genes mais relacionados com tumores de cabeça e pescoço. A pesquisa procurou estabelecer relações entre as alterações gênicas e o desenvolvimento e evolução dos tumores, inclusive a progressão para o câncer.

A pesquisadora analisou o matérial genético extraído de amostras dos tumores de 144 pacientes do Hospital do Câncer, em São Paulo, e concentrou-se na análise dos efeitos de alguns genes mais associados aos tumores, entre eles os responsáveis pelas enzimas GSTM1, CYP1A1 e GSTT1, que fazem o metabolismo dos carcinógenos (substâncias tóxicas) presentes no tabaco. ‘Tumores de cabeça e pescoço são muito associados ao uso do fumo’, diz Elisabete.

O estudo também analisou os genes CDH-1, que codificam a E-caderina, proteína que atua na adesão das células, e o P-16, que atua como modulador negativo no controle do ciclo celular. Elisabete verificou que duas alterações no gene P-16, a hipermetilação e a mutação, estão associadas a estágios diferentes dos tumores. ‘A hipermetilação era mais freqüente em tumores no estágio inicial da doença’, relata. ‘A mutação do gene está muito associada com a recorrência do tumor após sua remoção’.

Fumo

Segundo a pesquisadora, a ocorrência de tumores e câncer na cabeça e no pescoço está mais associada ao consumo de cigarros e de bebidas alcoólicas. ‘Entre os 144 pacientes estudados, apenas 12 não eram fumantes e só 20 não consumiam álcool’. A incidência dos tumores é maior entre homens com mais de 40 anos.

Elisabete Miracca explica que o desenvolvimento da genética nos últimos anos permitiu à Medicina o estudo de genes associados a determinados tipos de doença. ‘A pesquisa tem sido intensa na busca de novos genes associados a tumores’, afirma, ‘mas a sua utilização na clínica para tratamento pode ser limitada devido aos custos’.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen/
V.C.