Mais um passo para a desativação do Carandiru é dado pelo Governo do Estado

Liberação do Pavilhão 8 até janeiro de 2002 foi confirmada nesta terça-feira e o local será utilizado para gravações de um filme do cineasta Hector Ba

ter, 13/11/2001 - 14h12 | Do Portal do Governo

Liberação do Pavilhão 8, até janeiro de 2002, foi confirmada nesta terça-feira e o local será utilizado para gravações de um filme do cineasta Hector Babenco

O Pavilhão 8 da Casa de Detenção do Carandiru estará completamente desativado até janeiro de 2002. O compromisso foi firmado para que o cineasta brasileiro Hector Babenco faça as gravações de um filme baseado no livro Estação Carandiru, do médico infectologista Drauzio Varella. As filmagens devem ser realizadas entre o início de fevereiro e o mês de março do próximo ano, com previsão de lançamento para março de 2003.

A assinatura da autorização para as gravações foi feita nesta terça-feira, dia 13, pelo governador em exercício, Walter Feldman, em evento realizado no Palácio dos Bandeirantes. Babenco agradeceu o apoio dado pelo Governo do Estado desde que manifestou interesse em filmar o Carandiru. “O que sei fazer de melhor na vida é contar histórias. Mas sem a liberação deste espaço eu não poderia fazer o meu trabalho”, disse.

Na cerimônia, o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, confirmou que a Casa de Detenção será completamente desativada até o dia 31 de março. Segundo ele, as 11 penitenciárias que estão sendo construídas para abrigar os sete mil detentos do Carandiru já estão em fase final de implantação. “Até o fim de novembro, dez unidades serão concluídas e a 11ª poderá ser inaugurada até o fim deste ano”, anunciou.

Com a desocupação da área onde se encontra hoje a cadeia, será criado um Parque Ecológico. Feldman lembra que este era um sonho do governador Mário Covas. “Ele teve uma visão estratégica do desenvolvimento da cidade de São Paulo e sabia que o Carandiru era um grande mal para a Capital, especialmente para a Zona Norte”, lembrou.

O governador em exercício destacou que uma parte significativa do parque será entregue até o fim do próximo ano. “A implosão do Complexo deve ser feita no mês de abril. Depois, periodicamente, os equipamentos do parque serão instalados”, disse.

De acordo com ele, o Governo do Estado fez um trabalho importante no sistema penitenciário, com a duplicação do número de vagas prisionais, a instalação de pequenas penitenciárias em locais adequados e a melhoria no tratamento dado ao preso. “O mais importante, porém, é oferecer atividades relacionadas à juventude, construir espaços públicos coletivos e atrair a relação de vizinhança. Isso é algo que cidades grandes como São Paulo estão perdendo, mas que o Parque do Carandiru poderá resgatar.”

Para o secretário-adjunto de Governo e Gestão Estratégica, Dalmo Nogueira, o anúncio do início das filmagens é o primeiro evento público que simboliza algo que já era irreversível em 1995: “a desativação do Carandiru.”

Também esteve presente à cerimônia, o médico e escritor Drauzio Varella. Em sua opinião, uma cadeia como o Carandiru não pode existir no mundo moderno. Seu livro Estação Carandiru narra o dia-a-dia dos detentos e mostra a ineficiência de cadeias desse porte. “O Carandiru faz parte de uma estrutura antiga, ultrapassada. É uma academia do crime, pois é totalmente inviável colocar tantos presos em um mesmo local”, confirmou. Para ele, o sistema descentralizado, com pequenas penitenciárias, aumenta muito a chance de controlar os presos e principalmente de recuperá-los.

Rogério Vaquero