Linha 5 do Metrô começa a funcionar em setembro

Iniciadas em 1998, as obras estão dentro do cronograma

sex, 08/03/2002 - 16h04 | Do Portal do Governo


A esperada Linha 5 – Lilás do Metrô começa a funcionar comercialmente a partir de setembro. A obra vai atender cerca de 1 milhão de pessoas que vivem no extremo sul da Capital, em bairros como Capão Redondo e Grajaú, e nos municípios de Embu e Taboão da Serra.

Caracterizadas como cidades-dormitório, devido ao adensamento populacional e o isolamento geográfico, essa região receberá o mais moderno sistema metroferroviário do País, um dos projetos prioritários do Governo do Estado.

Na manhã desta sexta-feira, dia 8, o governador Geraldo Alckmin fez uma viagem-teste no trem, partindo da Estação Vila das Belezas até Capão Redondo. O trecho integra a Linha 5, que ligará Capão Redondo até o Largo 13. Este percurso está orçado em US$ 635 milhões, sendo U$ 305 milhões financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e US$ 330 recursos do Tesouro do Governo do Estado.

O investimento inclui a construção de 9,4 quilômetros de extensão (sendo sete quilômetros em elevados, 1,6 quilômetros em superfície e 800 metros em subterrâneos). Há ainda seis estações (Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi, Santo Amaro e Largo Treze), pátio de estacionamento, três novos terminais de ônibus (Campo Limpo, Capão Redondo, e Santo Amaro), além de oito trens. Construída pela CPTM e operacionalizada pelo Metrô, a Linha 5 terá uma conexão com a Linha Osasco-Jurubatuba da CPTM.

Na primeira etapa, a nova linha deve atender, por dia, cerca de 350 mil passageiros. O sistema será operado por oito trens, compostos por seis vagões, todos equipados com ar condicionado, portas mais largas que as usuais e piso especial com redução do nível de ruído.

A construção desta linha está recebendo os mais modernos recursos técnicos em infra-estrutura e sinalização, exigindo um complexo sistema de controles com tecnologia de última geração.

Com o primeiro teste de trem realizado hoje, Alckmin disse que a chegada do primeiro trem em Capão Redondo é a realização de um sonho. ‘São oito trens com seis vagões cada um, que estarão transportando 1.200 passageiros por dia sentados’.

O governador lembrou que há quase 20 anos não se construía uma linha nova de metrô. As obras da Linha 5 estão dentro do cronograma. Iniciadas em 1998 pelo governador Mário Covas, o teste realizado hoje cumpre o prazo determinado.

Alckmin informou que está sendo terminada a fase de pré-qualificação da Linha 4 – Amarela do Metrô, que ligará Vila Sônia até a Estação da Luz. ‘Quando concluída, a capacidade do metrô aumentará em 50%. Hoje o sistema transporta 2,6 milhões de passageiros por dia. Com a entrega das Linhas 4 e 5, estaremos aumentando a capacidade para mais 1,2 milhão de passageiros por dia, resultando em 3,8 milhões no total’.

O Governo do Estado está empenhando esforços junto ao BID para construir a segunda etapa da Linha 5, ligando o Largo 13 até a estação Santa Cruz do Metrô e a Chácara Klabin, que se interligará com todas as linhas do Metrô da cidade de São Paulo. Esta segunda etapa terá 11,5 quilômetros em subterrâneo. Quando estiver totalmente concluída, a nova linha terá pouco mais de 20,9 quilômetros de extensão e 15 estações.

Com isso, poderá atender cerca de um milhão de usuários diariamente, operando com intervalo de 90 segundos entre trens. A viagem de Capão Redondo até a Chácara Klabin, hoje feita em cerca de 90 minutos por ônibus, será concluída em 32 minutos por meio da nova linha do Metrô.

O custo estimado da segunda etapa da Linha 5 é de US$ 1,28 bilhão e os recursos serão do provenientes do Governo Paulista e do BID, que está examinando a possibilidade de agregar a esse projeto a extensão da Linha C-Sul da CPTM, de Jurubatuba a Grajaú, passando por Interlagos. Caso essa extensão seja aprovada, o investimento da obra sobe para US$ 1,5 bilhão.

Qualidade de vida

O investimento no transporte sobre trilhos resulta num grande salto em termos de qualidade de vida para a população. Foi o que ressaltou o governador. ‘São Paulo é uma das cidades mais motorizadas do mundo. São cinco milhões de veículos, provocando poluição e congestionamentos de 160 km, fazendo com que as pessoas percam muito tempo no trânsito’. Para o governador, o caminho está no transporte de alta capacidade e de qualidade como o metrô e o trem de São Paulo.

O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, ressaltou que é inadiável investir em transporte de massa. ‘O futuro promete continuidade neste sentido e esta linha faz parte de um complexo defendido pelo Governo do Estado’.

Para os moradores, a entrega da Linha 5 representará o fim de um grande transtorno. ‘Para chegar até o terminal Bandeira levo 1h30’, conta a líder comunitária Ruth de Lara. Ela dirige a Associação Pró-Melhoramento da Vila Prel, na região de Campo Limpo. ‘Há mais de 30 anos esperamos por uma obra como esta. O transporte público aqui é muito complicado, principalmente nos horários de pico. Os ônibus nem param nos pontos de tão cheios que passam’, exemplifica.

Preocupação com população atingida recebe elogios do BID

A CPTM adotou um programa de preservação de defesa ambiental na área onde foi construído o primeiro trecho da Linha 5. Muitas pessoas viviam no local em habitações precárias, erguidas em áreas ocupadas sem planejamento urbano e ordenamento do sistema viário.

A empresa planejou e executou o reassentamento de 400 famílias, repassando à CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, uma área com cerca de 55 mil metros quadrados para a construção de moradias definitivas à essas famílias.

Enquanto aguardam a entrega do novo conjunto habitacional, prevista para o mês de abril, as 400 famílias foram levadas para um acampamento de casas pré-fabricadas. A preocupação do Governo paulista no processo de planejamento e construção da nova linha foi elogiada pela equipe do BID.

Depois de visitar alojamentos dos reassentados, a missão do BID, que esteve em São Paulo em fevereiro último, registrou em memorando técnico a qualidade do trabalho que a CPTM vem realizando em conjunto com a CDHU.

Valéria Cintra