Lavouras: Esalq desenvolve métodos de combate a pragas

Vespa atua como agente biológico no controle da broca dos canaviais

qui, 14/08/2003 - 16h28 | Do Portal do Governo

Duas espécies de insetos estão sendo utilizados para fazer o controle biológico de pragas que atingem as lavouras de cana-de-açúcar, milho, algodão e hortaliças.

As técnicas de criação dos insetos foram aperfeiçoadas por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba. A partir de um projeto de pesquisa e com apoio da Fapesp, os cientistas criaram uma empresa para permitir o acesso do método aos produtores rurais.

Uma pequena vespa da espécie Cotesia flavipes é utilizada no controle da broca da cana-de-açúcar. O professor José Roberto Postali Parra, diretor da Esalq, e que orientou a pesquisa, explica que a broca causa ‘podridão vermelha’ na cana, resultando na inversão da sacarose e diminuição do rendimento industrial na produção de álcool.

A produção dos insetos inicia-se com a criação da praga em laboratório. ‘A broca é oferecida às vespas para que multipliquem sua população’, relata o professor. ‘Para cada hectare de plantação são necessários 6 mil insetos, com custo aproximado de R$ 15,00 o hectare.’

Vespa importada

Os pesquisadores da Esalq aperfeiçoaram técnicas de controle de temperatura para controlar o desenvolvimento dos insetos, permitindo atender às encomendas de outros Estados.

José Parra relata que a vespa não é natural do Brasil, e foi importada de Trinidad e Tobago (América Central) para controlar a broca nos anos 70. Na ocasião, o nível de infestação dos canaviais chegou a 10% (com 3% já é necessário realizar o controle da praga) e foi reduzido a 2% com o uso dos insetos, que eram produzidos nos laboratórios das usinas de cana-de-açúcar. ‘A infestação voltou a subir e, como as usinas fecharam seus laboratórios, as vespas são fornecidas por pequenas empresas’, diz o professor.

Vespinhas do gênero Trichogramma são usadas para parasitar ovos de insetos-pragas (mariposas), controlando a broca da cana em regiões mais secas, onde a Cotesia flavipes não se adaptou. O agente biológico também é utilizado no controle de pragas de hortaliças (repolho, tomate, batatinha), algodão e milho.

O professor Parra relata que os pesquisadores utilizam ovos de traça como hospedeiros do inseto, que são remetidos em cartelas para as áreas que usarão o agente biológico. ‘Nas plantações de algodão, milho e hortaliças são necessárias quantidades de insetos variáveis, entre 100 e 400 mil por hectare’, relata.

O uso de joaninhas como predadoras para controle biológico também está em estudos. A empresa Bug Agentes Biológicos foi formada pelos mestrandos Danilo Pedrazzolli e Diogo Carvalho, com a consultoria de Alexandre Sene Pinto, (que concluiu há 3 anos o doutorado na Esalq), por meio do programa da Fapesp para pequenas empresas.

De acordo com o diretor da Esalq, o uso de insetos como agentes biológicos benéficos para o controle de pragas ainda é pequeno no Brasil. ‘Por uma questão cultural, os agricultores ainda estão mais acostumados a matar insetos com inseticidas e não com agentes biológicos’, explica.

Da Agência USP de Notícias/Júlio Bernardes/Da Agência Imprensa Oficial/L.S.