São mais de 20 mil meninos e meninas, alguns bem pequenos, outros, já quase adultos espalhados por todo São Paulo – o mais populoso estado brasileiro. Eles vem das favelas, dos cortiços, da zona rural, dos bairros pobres, jovens que reencontraram a esperança nas pequenas orquestras do Projeto Guri : uma das mais importantes propostas do Governo do Estado de São Paulo na área social que, desde 1995 vem, através da música, mudando para melhor a vida de milhares de pequenos brasileiros.
O Projeto Guri, que hoje tem 60 pólos e atende 18 mil crianças , começou há sete anos na Oficina Cultural Amacio Mazzaropi, no Brás, bairro pobre, de trabalhadores, de São Paulo. Ali, 180 crianças, formaram a primeira pequena orquestra. Em três meses, já sabiam tocar um instrumento, eram aplaudidos em teatros da cidade e, principalmente, não vagavam mais pelas ruas.
O sucesso desta primeira orquestra do Guri transformou o projeto na esperança de reintegração social para milhares de jovens, muitos deles infratores, alguns até em regime prisional. Em 1996, uma orquestra do Guri foi formada numa das unidades correcionais para menores, das mais violentas do Estado de São Paulo. Os resultados vieram em seguida: redução de 42 por cento no índice de fugas dos jovens.
Representante Brasileiro na Assembléia Geral das Nações Unidas para a Infância neste mês de maio e ganhador do Prêmio Multicultural Estadão 2001 por sua ação de fomento a cultura, o Projeto Guri recebe crianças e adolescentes de 8 a 18 anos.
São corais infantis, conjuntos de violões através dos quais os meninos começam a ter intimidade com a música e a adquirir qualidades com disciplina, sociabilidade, aumento da capacidade cognitiva e do pensamento abstrato. Mas, principalmente, a redução da agressividade natural.
Uma de suas mais importantes experiências acontece com os filhos de camponeses sem terra. Há dois anos e meio o pólo Guri do Pontal do Paranapanema – interior do Estado de São Paulo – formado por 450 meninos e meninas, vem abrindo novos caminhos para estas crianças, muitas já a um passo da marginalidade.
Com os resultados positivos do programa criado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, empresas, clubes, prefeitos, comunidades se aliaram a proposta, surgindo daí a Sociedade Amigos do Projeto Guri. Esta associação é uma organização não governamental que está de portas abertas a todas as crianças carentes de São Paulo.
Eles são padrinhos dos Guris que, nestes oito anos, ganharam também muitos amigos.
Artistas famosos como o pianista Arthur Moreira Lima, o compositor de Música Popular Brasileira, Toquinho, a soprano Celine Imbert. Eles sempre se apresentam com as pequenas orquestras do Projeto Guri, dando sua contribuição a este programa que através da música, está transformando, para melhor, a vida de milhares de meninos e jovens que agora tem um novo caminho.
Para 2002, as metas do Projeto Guri são bastante ambiciosas: alcançar a marca de 100 pólos espalhados por todo o Estado. Desde 1995, ano de sua criação, o projeto já atendeu 43.081 meninas e meninos, tendo realizado 1054 apresentações para um público de 333 mil espectadores.
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