Juventude: Alternativas de tratamento podem auxiliar internos da Febem

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ter, 03/09/2002 - 20h28 | Do Portal do Governo

Resultado de cinco anos de atividade na Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem) de São Paulo, e outros cinco meses de pesquisa e contato com jovens internos, a tese Jovens à Busca de Identidade Culturais: Ser Jovem em São Paulo e Medellín, apresentada pela socióloga Rosane Silva Vianna ao Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam) da USP, mostrou uma nova abordagem no modo como os internos da instituição devem ser tratados. Nessa busca do melhor tratamento, um elemento se mostrou um forte aliado no contato com o jovem: o Hip Hop.

Movimento musical muito difundido ultimamente e principal veículo de expressão da periferia, o Hip Hop engloba o Grafite, o Break e o Rap. Por meio de oficinas realizadas com profissionais, os internos entraram em contato com essa e outras formas de arte e passaram a encontrar disposição para falar sobre os problemas que fazem parte do dia-a-dia dos internatos para jovens acusados de atos infracionais. Para Rosane, as oficinas tiraram o foco do infrator e permitiram ao jovem expor suas angustias, sofrimentos, desilusões e esperanças. Com o teatro, a dança, o desenho e, principalmente, a música, eles encontram uma maneira de contar um pouco de sua história de vida. ‘Os sentimentos podem brotar com o Rap’, comenta Rosane.

A socióloga acompanhou de perto o desenvolvimento dessa nova maneira de tratar o jovem e percebeu que ela serviu para mudar a idéia de que esses garotos são irrecuperáveis. A realidade exigiu que se deixasse de lado a sociologia clássica e se fizesse uma abordagem diferente de tudo que cerca o jovem, desde a família até a casa onde viveu. ‘Os jovens se vêem como heróis. O bandido mau e durão. Era difícil para eles falarem de sexo por exemplo, que entraria em verdadeiros tabus como homossexualidade’. Rosane constatou um sucesso do novo método e ainda foi mais longe, traçou um paralelo com o sistema utilizado em Medellín, na Colômbia.