Justiça: Itaberá tem primeiro entreposto da reforma agrária no Estado

Empreendimento já movimentou R$ 360 mil e atingiu a marca de 3 mil caixas de quiabo comercializadas por semana

qui, 06/05/2004 - 21h14 | Do Portal do Governo

As primeiras 46 caixas de quiabo foram comercializadas no dia 16 de novembro de 2002. Hoje, são comercializadas entre 1.200 e 3 mil caixas por semana no entreposto comercial do assentamento Pirituba, no município de Itaberá, o primeiro do Estado. Cerca de 240 produtores participam do projeto, não só do assentamento, mas também agricultores familiares da região que se juntaram aos assentados.

A idéia do entreposto, ou Centro de Comercialização da Agricultura Familiar do Sudoeste Paulista, como foi batizado, surgiu em uma reunião na igreja da agrovila II do assentamento, em outubro de 2001. Os assentados estavam preocupados com os baixos preços pagos na região pelo quiabo que começavam a produzir. Na ocasião, a Fundação Instituto de Terras (Itesp), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, sugeriu a criação do ‘mini-Ceasa’, como o projeto também é conhecido.

Um galpão de mil metros quadrados existente no assentamento já oferecia alguma infra-estrutura. O Itesp reformou o prédio, que passou a contar também com um centro de eventos e um escritório com acesso à internet, para que os produtores disponham de informações atualizadas sobre preços agrícolas.

Habituados ao plantio de grãos (arroz, feijão e milho), os assentados visitaram projetos de horticultura no município de Guapiara, para conhecer as técnicas utilizadas e os resultados obtidos. Também foram realizadas excursões, com apoio da prefeitura de Itaberá, à Ceasa (Central de Abastecimento S.A.) em Campinas e à Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) na capital.

Hoje, a renda líquida oferecida pelo entreposto, desde o início das atividades até agora, chega a R$ 360 mil. Além do sucesso comercial, o empreendimento vem desempenhando um importante papel social no município. Já foram doados mais de mil quilos de alimentos ao Instituto de Formação e Apoio à Criança (Ifac), uma entidade assistencial de Itaberá.

Segundo o técnico em desenvolvimento agrário do Itesp Paulo Gomes Rodrigues, o gerenciamento do entreposto é feito por jovens do assentamento, eleitos pelo voto direto dos produtores. ‘Eles vem administrando o centro de comercialização de forma brilhante e merecem nosso aplauso, pois não tinham conhecimentos nessa área’, elogia.

Para o diretor-executivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, o projeto mostra que reforma agrária é mais do que dar terra. ‘É preciso capacitar os produtores para que eles sejam capazes de gerenciar seu lote agrícola em todas as etapas, da produção à comercialização. E o entreposto oferece um canal de comercialização garantido ao assentamento.’