Justiça: I Forum Paulista Inter-Religioso reúne mais de 150 lideranças religiosas

Evento foi realizado nesta quarta-feira, dia 26

qui, 27/10/2005 - 10h23 | Do Portal do Governo

A Secretaria de Justiça da Defesa e da Cidadania do Estado de São Paulo promoveu nesta quarta-feira, 26 de outubro, o I Fórum Paulista Inter-Religioso, por uma Cultura de Paz, no CEU Aricanduva.
Pela primeira vez os líderes religiosos sentaram-se no mesmo espaço para discutir problemas comuns, e definir uma pauta de reivindicações para ser encaminhada ao governo de São Paulo, através do Secretario de Justiça, Hédio Silva Jr. Na abertura do evento, 25 dos mais representativos pastores, sacerdotes, padres, monges, babalorixás, xamanicos, entre outros, compuseram a grande mesa de palestra.

Cada uma dessas autoridades fez um breve relato de suas crenças e religiosidade. Estavam representadas as religiões de matrizes africanas, orientais, protestantes, luteranas, católica, islâmica e judaica.

O Secretário de Justiça exaltou o ineditismo desse Fórum, que reuniu tantas autoridades religiosas para discutir uma questão tão importante na atualidade, que é a cultura da paz, através da tolerância. Ele lembrou que 75% dos conflitos armados em curso no mundo são de motivação cultural, religiosa ou racial, segundo as Nações Unidas. “Ao mesmo tempo em que a globalização aproxima os povos, neste mesmo território nasce a pratica da intolerância, da violência por falta do dialogo, do respeito a outras religiões”, alertou.

Para Hédio Silva Jr., o fato do Brasil não ter guerras não significa que estejamos isentos de intolerância. O poder publico deve, segundo ele, facilitar o dialogo para coibir praticas raciais e religiosas.

Os participantes se dividiram em quatro grandes grupos de trabalho, para formularem um relatório a ser encaminhado ao governo paulista e ao ministério publico, a fim de que possa ser formulada uma política homogênea de respeito a diversidade religiosa.

Na Educação, os integrantes alertaram para a dificuldade de conhecer culturas diferentes nas escolas publicas, principalmente no ensino básico. Uma das propostas é trabalhar a diversidade no currículo escolar, alem de levar lideranças religiosas das mais diferentes matrizes para que os alunos tenham contato com culturas e crenças diferentes.

No grupo que discutiu a Saúde, os representantes lembraram que ainda há discriminação e que ainda não se permite que pessoas religiosas ou pacientes usem vestimentas próprias e adereços sagrados nos hospitais. Houve um consenso em que deva se permitir rituais sagrados, da mesma forma como se permite à comunhão católica. Outro ponto importante foi o preparo espiritual do corpo após a morte. As religiões de matrizes africanas, por exemplo, querem o direito de receber órgãos removidos, como a placenta e o útero que, segundo eles, pertencem ao Orixá que iniciou o praticante de fé.

No segmento de Justiça, o grupo questionou por que ainda se permite a comemoração de feriado religioso quando já se aboliram os símbolos sagrados em locais públicos. Nesse grupo todos foram unânimes em pedir uma ação enérgica do Ministério Publico para coibir atos discriminatórios por religião nos espaços estatais, como hospitais e presídios.

Como proposta concreta, o documento aponta a criação de um Conselho Estadual Inter-religioso, ligado à Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, e que o preconceito religioso seja considerado crime, com punições mais severas.

Por fim, o segmento de Comunicação definiu que o Estado pode fomentar um diálogo constante entre os diferentes segmentos religiosos representados neste Fórum. Outra proposta é que os governantes realizem campanhas publicitárias, que visem a divulgação da diversidade religiosa, além da edição de cartilhas didáticas contendo o histórico religioso de cada movimento praticante em São Paulo. O relatório pede ainda a criação de um registro permanente do patrimônio histórico e dos símbolos religiosos, para que sua memória seja preservada e transmitida para as gerações futuras.

Os quatro relatórios foram lidos em plenário nas presenças do Secretario de Justiça, Hédio Silva Jr., e do Procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho.

Assessoria de Imprensa da Secretaria da Justiça