Justiça: Diálogos da Cidadania discute tolerância às religiões afrobrasileiras

Evento foi realizado nesta quinta-feira, dia 24

qui, 25/11/2004 - 17h25 | Do Portal do Governo

O evento Diálogos da Cidadania, que foi realizado nesta quinta-feira, dia 24, na Secretaria da Justiça discutiu a intolerância contra as religiões de matrizes africanas. Idealizado pela Assessoria de Defesa da Cidadania (ADC), órgão ligado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, o objetivo dessa iniciativa é levantar o debate de temas ligados aos direitos humanos e à cidadania.

O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de São Paulo, Dr. Hédio da Silva, falou sobre a campanha em Defesa da Liberdade de Crença e Contra a Intolerância Religiosa.

Dr. Hédiu ressaltou a importância de difundir essa campanha, pois as religiões afro-brasileiras ainda sofrem discriminação e intolerância no Brasil. A importância da união entre as diferentes religiões afro-brasileiras também foi destacada por ele. “Se cada sacerdote continuar se isolando dentro de sua própria religião, ficaremos desprotegidos”, afirmou.

O presidente da Comissão dos Direitos Humanos ainda fez um pedido ao secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Alexandre de Moraes. Dr. Hediu quer um espaço par disseminar as religiões afro-brasileiras dentro da Fundação do Bem Estar do Menor (Febem).

O Pai Francelino De Shapanan, coordenador do Instituto de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Intecab) que afirmou que é muito importante que operadores do direito tomem consciência dessa discriminação religiosa. Para ele, as religiões afros só poderão usufruir de seus direitos garantidos pela lei quando operadores do direito tomarem consciência desse problema. “É preciso que haja uma reciclagem na consciência das pessoas que podem aplicar a lei”.

O Babalorixá Tata Kaduvanjsi, representante para América do Sul e Caribe do Centro
Internacional das Civilizações Bantu, apontou um dos grandes problemas enfrentados pelos 26 mil terreiros de candomblé e umbanda localizados na Grande são Paulo. Segundo o Babalorixá a forma com que a polícia chega aos terreiros sob denúncia de barulho é desrespeitosa. “Sugiro que haja uma comissão formada pelos religiosos para conscientizar a polícia da importância da manutenção da diversidade de culto”.

Yalórisa Rosa Oyassi, Ylé Asé Sitío da Escrava Anastácia e Tapajós e membro da diretoria da Organização de Mulheres Assentadas e Quilombolas do Est. de São Paulo contou que em todos os lugares onde vai, vê os terreiros de candomblé sendo destruídos. “Na comunidade da Rocinha, haviam 230 terreiros, hoje há somente 80”. Ela destaca medidas para preservação da cultura e religião afro-brasileira. “ Primeiro devemos assumir nossa religião, propagá-la e não admitir o preconceito”.

O Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Antônio Carlos Malheiros conta que, antes do século XIX, os negros eram obrigados a assumir o catolicismo. “Por isso que considero que o preconceito não é contra a religião, e sim é contra o negro. Uma maneira de enfraquecimento do negro e apartá-lo da sua religiosidade e costumes”.

Após a palestra, foi aberto à platéia um espaço para perguntas. Também estiveram no evento o Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, e o coordenador da ADC, Robson Campos.

Da assessoria de imprensa da Secretaria da Justiça
C.A.