Justiça: Autoconsumo nos assentamentos garante qualidade de vida

Livro lançado pelo Itesp destaca segurança alimentar proporcionada pela reforma agrária

sex, 30/07/2004 - 16h42 | Do Portal do Governo

Da Terra Nua ao Prato Cheio. Esse é o título do livro lançado no último dia 29 pela Fundação Instituto de Terras (Itesp), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, e Centro Universitário de Araraquara (Uniara), que trata da utilização de produtos do próprio lote agrícola na alimentação dos produtores rurais assentados.

A partir de uma pesquisa feita com uma amostra de 70 famílias, o Itesp estimou o valor que o assentado deixa de gastar pelo fato de produzir alimentos: são R$ 402,17 por pessoa anualmente, ou mais de R$ 2 mil por família. Além disso, o que é produzido no lote chega a representar 58% do gasto com alimentação.

Responsável pela apresentação do livro na noite de lançamento, o analista de desenvolvimento agrário Fábio Luís Nogueira ressaltou que o autoconsumo produz um valor que não é apenas aquele que se traduz monetariamente. “Há um outro valor, que é a melhoria na qualidade de vida. O alimento produzido pelo assentado é de melhor qualidade nutricional”, explicou.

O objetivo de se fazer uma pesquisa como essa, segundo Nogueira, é subsidiar o trabalho de assistência técnica do Itesp com informações sobre o modo de vida das famílias atendidas. O estudo mostrou, por exemplo, a importância de se implementar políticas públicas voltadas para a mulher, já que é ela quem gerencia a produção de autoconsumo.

José Jesus Cazetta Júnior, secretário adjunto da Justiça, destacou o aspecto de inclusão social dos programas do Itesp. “O Itesp promove a inclusão social e o aspecto mais rico desse trabalho é o resgate da auto-estima e a valorização das pessoas”.

Para o diretor-executivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, o livro comprova a tese de José Gomes da Silva, ex-secretário da Agricultura de São Paulo e patrono do Itesp, de que a reforma agrária é capaz de oferecer, no mínimo, casa, comida e trabalho. “Com a reforma agrária, vamos conseguir mudar a vida de muita gente e de muitas regiões”, declarou.

Diversificação

O diretor do Itesp chamou a atenção para outra característica importante da produção dos assentamentos: a diversificação. Ele lembrou que muitos produtores que se dedicam à monocultura não resistem às eventuais crises, como aconteceu na primeira metade da década de 90 com o algodão. Na época, a síndrome da vermelhidão do algodoeiro provocou grandes perdas na produção e muitos agricultores paulistas enfrentaram sérias dificuldades financeiras.

‘Como o agricultor familiar não depende de uma única cultura, é menos vulnerável economicamente às quebras de safra ou oscilações de preços. Isso é importante também para as economias locais, que se tornam mais estáveis”, comparou.

Villas Bôas também enfatizou que, embora a pesquisa tenha por objeto o autoconsumo, isso não significa que a produção dos assentados não seja comercializada. Segundo ele, os produtos da reforma agrária têm conquistado participação cada vez maior no mercado. ‘Na região do Pontal do Paranapanema, por exemplo, os assentamentos já respondem por 48% da produção de leite, 28,7% da produção de mandioca para a indústria e 27% do algodão’, citou.

Serviço
– Título: Da Terra Nua ao Prato Cheio
– Preço: R$ 15,00
– Como adquirir: pessoalmente na sede do Itesp em São Paulo, avenida Brigadeiro Luís Antônio, 554, ou contato pelo telefone (11) 3293 3306