Justiça: Assentados viabilizam rede elétrica com recursos próprios

Projeto começou a ser concretizado após a aprovação do Plano de Manejo Florestal do assentamento Ibitiúva

ter, 20/04/2004 - 19h41 | Do Portal do Governo

Produtores rurais do assentamento Ibitiúva, em Pintagueiras, realizaram uma iniciativa inédita no Estado de São Paulo. Com a utilização de recursos próprios, obtidos com a exploração da área de manejo florestal, os assentados viabilizaram a construção de uma rede de energia elétrica para os lotes.

O projeto começou a ser concretizado após a aprovação do Plano de Manejo Florestal do assentamento Ibitiúva, em 13 de março de 2003, pelo Conselho Curador da Fundação Instituto de Terras (Itesp), órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.

Para a construção da rede de energia elétrica foram aplicados R$ 260.400. Este dinheiro foi arrecado com o próprio trabalho coletivo dos assentados que, durante seis meses, realizaram todo o processo de corte, descascamento, carregamento e a venda das madeiras de eucalipto. Cada família tem o direito de explorar até tres hectares, num total de 150 hectares destinados à área de manejo. Neste primeiro ano de trabalho, 43 hectares de eucalipto foram cortados.

Além de realizarem todo o trabalho de exploração da madeira, os produtores rurais também coordenaram o projeto técnico de implementação da rede e os estudos orçamentários. Para tanto, criaram uma Comissão de Energia Elétrica, que também analisou as propostas das empresas prestadoras de serviços elétricos. A companhia vencedora desse processo de licitação foi a Repau-Projetos e Eletrificações Ltda.

No que toca a gestão administrativa e financeira, todas as decisões são tomadas pelos assentados. O controle é realizado por meio de assembléias de prestação de contas, nas quais se discute, entre outros pontos, o preço da madeira, a quantidade de recursos disponíveis, para quem vender etc.

De acordo com o técnico do Itesp José Amarante, “os assentados consideram a construção da rede uma importante vitória, uma vez que toda a iniciativa foi viabilizada sem a utilização de financiamentos externos”.

O eucalipto de Ibitiúva é comercializado para o Brasil inteiro, principalmente para empresas de tratamento de madeira. Futuramente, a expectativa é de diversificação dos negócios. Os assentados já planejam realizar o tratamento da madeira e também pretendem aproveitar a folha da árvore para produzir óleo de eucalipto.

Para garantir a continuidade do projeto, técnicos do Itesp prestam auxílio na renovação da área de eucalipto. O prazo estipulado como correto para o corte da madeira é de quatro ou cinco anos.

A conclusão do projeto está prevista para maio, mas depende ainda do término de alguns ajustes na rede elétrica exigidos pela concessionária da região, a CPFL. Quando em funcionamento, serão beneficiados com luz elétrica os 42 lotes do assentamento Ibitiúva, o que proporcionará melhor qualidade de vida para 42 famílias presentes no local.