Itesp: Assentados aderem à agricultura orgânica

Assentados aprendem a substituir insumos químicos por técnicas alternativas

qua, 08/09/2004 - 21h09 | Do Portal do Governo

Mais 11 produtores rurais devem aderir à produção orgânica nos assentamentos do Vale do Paraíba. Eles foram capacitados no primeiro semestre deste ano pela Fundação Instituto de Terras (Itesp), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, e pela organização não-governamental Oisca (Organization for Industrial, Spiritual and Cultural Advancement).

Dos participantes do curso de capacitação, oito são do assentamento Conquista, em Tremembé, e três são do assentamento Nova Esperança, em São José dos Campos. Eles devem se dedicar à agricultura orgânica nos próximos seis meses e, posteriormente, tentar a certificação de seus produtos.

O assentamento Conquista foi o primeiro do Estado a obter certificados de produção orgânica em 2002. Os documentos foram emitidos pela Apan (Associação dos Produtores de Agricultura Natural). Atualmente, oito agricultores do assentamento possuem o certificado.

Com os cursos oferecidos pelo Itesp e Oisca, os assentados aprendem a substituir insumos químicos por técnicas alternativas de origem japonesa, como o extrato pirolenhoso (um defensivo natural obtido por meio da queima do eucalipto) e o bokashi (uma espécie de adubo orgânico).

De acordo com o produtor Nelson Pereira dos Santos, os custos diminuíram até 70% e a produtividade das terras mais pobres cresceu em até 15%, na comparação com os índices alcançados anteriormente. Além dos ganhos de produtividade, as técnicas adotadas em Tremembé não agridem o meio ambiente e não oferece riscos à saúde humana, ao contrário das técnicas convencionais.

A maior parte da produção é comercializada em uma feira de produtos orgânicos em Taubaté, às sextas-feiras. De acordo com o diretor-executivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, a agricultura natural oferece um mercado em franco desenvolvimento, com consumidores cada vez mais preocupados com a qualidade dos alimentos e os impactos sociais e ambientais das atividades produtivas.

‘O que nós buscamos é aproveitar o potencial da agricultura familiar para a adoção de práticas mais saudáveis e ambientalmente corretas’, conclui Villas Bôas. O sucesso alcançado pelos assentados tem chamado a atenção de agricultores da região, estudantes e pesquisadores. Associações de agricultores interessados na agricultura orgânica já visitaram o assentamento para conhecer de perto as técnicas utilizadas.