IPT, USP e Unicamp apresentam projetos no fórum de tecnologia Brasiltec 2003

Entre os equipamentos expostos no Expo Center Norte estão um carro movido a hidrogênio e aparelhos para diagnosticar câncer

sex, 01/08/2003 - 9h08 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


Por Claudeci Martins

A missão dos institutos de pesquisa é promover o desenvolvimento de competências e oferecer disponibilidade ampla de serviços tecnológicos para toda a sociedade. A afirmativa foi feita pelo diretor-superintendente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), Guilherme Ary Plonski, na palestra Em Busca da Coesão Social: Incorporando Conhecimento, Tecnologia e Inovação ministrada ontem (31), no 2º Salão de Inovação Tecnológica & Tecnologias Aplicadas nas Cadeias Produtivas – Brasiltec 2003, no Expo Center Norte.

‘É esse conjunto de entidades que ajuda o País a lidar com barreiras técnicas no comércio internacional, reduzir custos nas transações econômicas e proteger o consumidor. Os serviços tecnológicos são decisivos também para que os impostos possam ser usados com maior eficiência, aliando o poder de compra do Estado com o poder do conhecimento, ciência e tecnologia.’

Garantia de excelência – Para ilustrar o papel do IPT – órgão vinculado à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo -, Plonski cita exemplos de serviços tecnológicos prestados ao governo federal. Entre eles, a checagem de qualidade e especificações do mobiliário escolar e dos livros didáticos.

‘O IPT faz testes e ensaios para aferir a qualidade dos produtos adquiridos e sugere modificações e melhorias. A cada ano são qualificados, por amostragens, 200 mil itens de mobiliário e equipamentos escolares. O objetivo é que tenhamos em nossas escolas públicas mobiliário durável e adequado ao uso, assegurando bom emprego do dinheiro do contribuinte.’

Em relação ao material escolar, disse que equipes técnicas cuidam da qualidade dos livros e dicionários inscritos nos programas nacionais do livro didático. ‘Aferimos se os fabricantes obedecem às especificações exigidas. Ao todo, verificamos 40 procedimentos, desde o tipo de papel, impressão até o acabamento. O processo garante que os produtos comprados pela União tenham excelente qualidade.’

Programas comunitários – Plonsky lembrou a atuação do IPT na questão dos deslizamentos que ocorrem no verão. ‘Na última estação mais de 100 pessoas – 14 delas paulistas – faleceram vitimadas pelos deslizamentos provocados pelas intensas chuvas. O IPT, como suporte da Defesa Civil do Estado de São Paulo, mantém equipes de plantão permanente – durante a Operação Verão -, e oferece apoio técnico a 24 prefeituras. Graças ao monitoramento, os municípios atendidos não tiveram vítimas.’

Outra contribuição do IPT, destacada pelo diretor-superintendente, é o programa Prumo de unidades móveis para atendimento às indústrias. Unidades do veículo estão em exposição no estande da Anpei e do Sebrae/SP, no Salão de Inovação Tecnológica.

Unicamp mostra protótipo de carro menos poluente e mais econômico

No estande da Unicamp o que chama a atenção dos visitantes é o protótipo de veículo que converte álcool comum – o etanol – em hidrogênio. O novo carro movido a hidrogênio será até cinco vezes mais econômico e irá liberar menos de um terço de gás carbônico que os modelos tradicionais. Outro diferencial é que o único subproduto da queima de energia, a água, não é poluente.

O projeto do novo veículo foi desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio do Instituto de Física da universidade pela equipe do pesquisador Ennio Peres da Silva, em cooperação com o Centro Nacional de Referência em Energia do Hidrogênio (Ceneh).

Silva diz que a nova tecnologia apresenta várias vantagens sobre os projetos convencionais porque utiliza matéria-prima nacional, renovável e não gera os mesmos poluentes do combustível fóssil, como hidrocarboneto, monóxico de carbono, todos potencialmente cancerígenos.

USP expõe equipamento capaz de diagnosticar câncer com rapidez

O Instituto de Física da USP São Carlos mostra o aparelho que poderá fazer diagnóstico de câncer, por meio de laser, em segundos. O Sistema Portátil para Diagnóstico por Fluorescência mapeia a região do corpo e identifica a área mais afetada. É capaz de determinar se a lesão é benigna ou maligna.

O equipamento é composto de software específico, laser, monocromador e de uma haste metálica com luz na extremidade, que ficará em contato com a pele da pessoa para aplicação do teste.
‘Ao emitir a luz na pele do paciente, provocamos o chamado fenômeno de fluorescência e pela análise da luz avaliamos o resultado. Quando há picos evidentes e bem acentuados no gráfico de fluorescência, é sinal da presença de células cancerígenas’, explica a dentista e pesquisadora do projeto, Cristina Kurachi.

De acordo com Kurachi, outra vantagem do equipamento – que foi testado em animais e está em fase de teste em humanos – é fazer a biópsia sem remover o tecido afetado. ‘Como estamos fazendo experimentos, comparamos os resultados das biópsias tradicionais com a biópsia óptica. A experiência tem sido promissora.’

Terapia alternativa – O Instituto também desenvolveu terapia com laser para tratamento de câncer. Os métodos consagrados são cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O novo procedimento é a terapia fotodinâmica, especialmente indicada para idosos e pessoas que não podem se submeter a cirurgias.

‘Os benefícios da terapia são muitos. O tratamento é ambulatorial, sem anestesia, não deixa seqüelas e nem cicatrizes. São eliminados os enjôos, vômitos e queimaduras na pele, efeitos colaterais provocados pela quimioterapia e radioterapia. Evita-se também mutilações resultantes de cirurgias. Outra vantagem é a regeneração dos tecidos da pele.’

Câncer de pele é o campeão – A terapia é mais indicada nos cânceres de pele e de boca e chamados de carcinomas não-melanoma, aqueles que não provocam metástases, ou seja, não se reproduzem em outras regiões do corpo. Esse é o tipo mais freqüente na população brasileira, segundo o Instituto Nacional do Câncer, vinculado ao Ministério da Saúde.

Dos quase 350 mil casos de câncer por ano no Brasil, 17%, ou um pouco mais de 50 mil, são de pele. O principal motivo para essa ‘epidemia’ é a excessiva exposição da população ao sol.
Aprovada em 1998 pela Food and Drugs Administration (FDA), a terapia é aplicada em 18 países. ‘No Brasil, já foram atendidas 230 pacientes e tratados mais de mil tumores, porque cada paciente pode ter muitas lesões. O procedimento também foi aprovado para tumores no esôfago, estômago, bexiga, laringe e faringe.’

Novo aparelho – Outro projeto em fase de testes é o equipamento Light Emmiting Diodes (LED-1), que também usa laser. A diferença, além de ser exclusivo para eliminar câncer de pele, é o preço do aparelho. O modelo tradicional custa em torno de US$ 50 mil, e o LED-l deverá ser comercializado por valores entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.

Coordenado pelo professor e físico Vanderlei Salvaor Bagnato, os projetos envolvem o trabalho de 30 pessoas entre pesquisadores, médicos, biomédicos, técnicos e têm o apoio da Fapesp.

Reator deverá recuperar águas contaminadas por gasolina

Desenvolvido pela Escola de Engenharia da USP de São Carlos, o reator anaeróbico – também em exposição no Salão – permitirá recuperar águas contaminadas por gasolina com muito mais rapidez e sem gerar resíduos tóxicos. O tratamento é feito pelo processo de biorremediação que utiliza consórcios microbianos (diversas comunidades de microorganismos anaeróbicos), economizando energia e barateando os custos de tratamento.

Com o nome de Utilização de Reatores Anaeróbicos de Leito Fixo para Biorremediação de Aqüíferos Contaminados com Gasolina, a pesquisa já passou por testes laboratoriais e o próximo passo é testá-la no campus de São Carlos, a partir de 2004. A principal preocupação é resolver problemas de acidentes ambientais ocasionados por derrames do combustível.

Tecnologia econômica – ‘Os microorganismos – capturados e colocados no equipamento – conseguem transformar componentes da gasolina como etanol, benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos em metano e gás carbônico. Com isso, há descontaminação da água que poderá ser reaproveitada. Outro benefício é a tecnologia ser mais barata que os métodos convencionais aeróbicos’, explica o doutorando Rogers Ribeiro, que integra a equipe de 46 pesquisadores.

Coordenado pelo diretor da Escola de Engenharia de São Carlos, Eugenio Foresti, o estudo é realizado em parceria com o a Universidade Federal de São Carlos e o Instituto Mauá de Tecnologia e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Pesquisa (CNPq).

Serviço
Salão de Inovação Tecnológica – Brasiltec 2003
Termina dia 2 de agosto, das 16 às 22 horas, com entrada gratuita.
O Expo Center Norte fica na Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila
Guilherme – São Paulo – Informações pelo telefone (11) 3253-2133

(LRK)