IPT: Manual sobre uso de madeira na construção civil ajuda a conservar florestas nativas

Parceria foi realizada entre o IPT, Secretaria Municipal do Verde e Sinduscon

qui, 03/06/2004 - 18h24 | Do Portal do Governo

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Secretaria da Ciência, Tecnologia , Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Paulo; a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente; o Sindicato das Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon) lançaram nesta terça-feira, dia 2, na sede da Prefeitura de São Paulo, um manual sobre os vários tipos de madeira existentes no Brasil para orientar a construção civil e os revendedores do produto a poupar espécies em risco de extinção.

O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo comemorou a parceria entre instâncias do governo municipal e estadual e a iniciativa privada para deter o processo de extinção de espécies raras da mata nativa. Diogo ressaltou que a aliança com o Sinduscon fixa limites para o uso da madeira e lembrou que Secretaria e IPT já vêm trabalhando juntos no estudo fitossanitário das árvores de São Paulo, numa prova de que é possível trabalhar de forma harmônica “para construir uma cidade civilizada”.

O presidente do Sinduscon, Arthur Quaresma Filho, afirmou que o setor da construção está buscando alternativas no setor da madeira que representem “um bom negócio”. Lembrou que em outros países só se constrói com madeira certificada e que a gestão pública implica em cuidar do setor, preocupando-se também com a possibilidade exportação do produto.

Para o diretor-superintendente do IPT, Guilherme Ary Plonski, a produção do guia com a parceria de três instituições, poderia ser simbolizada por dois conceitos: coordenação e compromisso. A coordenação entre o setor produtivo, representado pelo Sinduscon , pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e pelo Sistema de Ciência e Tecnologia, representado pelo IPT, constitui um triângulo virtuoso que, “se replicado muitas vezes, fará o país superar mais rapidamente as questões básicas”, afirmou. O manual, para Plonski, representa o compromisso das entidades com o meio ambiente, mas também como solução possível para tratar questões como a geração de postos de trabalho, a infraestrutura e a questão habitacional.

Após a abertura do evento, foram realizadas as palestras: “Uso Diversificado de espécies na construção civil”, por Geraldo José Zenid, pesquisador do IPT e coordenador do manual, “ Resíduo de Madeira e seu aproveitamento na construção civil”, pelo consultor da Limpurb, Tarcísio Paula Pinto, “Manejo, reflorestamento e SISPROF”, por Cristina Galvão Alves, diretora de Florestas do IBAMA e Estevão do Prado Braga, da IMAFLORA. As palestras foram seguidas de debates.

A solenidade foi encerrada com a apresentação do “Programa de Controle Integrado de Cupins Subterrâneos em Ambiente Construídos no Município de São Paulo”, trabalho realizado pela pesquisadora do IPT Lígia Ferrari Torella di Romagnano.

Retratos da Floresta

O guia Madeira: uso sustentável na construção civil, mostra opções que podem ser utilizadas sem agredir o meio ambiente ou destruir espécies raras, apresentando rendimento similar nas várias etapas da edificação. Para catalogar as espécies do livro, foi utilizada a maior xiloteca do Brasil, e provavelmente da América Latina, que funciona no IPT, contendo 4 mil espécies e 19 mil amostras, do Brasil e de todo o mundo.

Com sua imensa variedade de amostras e técnicos especialistas em madeira, a xiloteca do IPT vem contribuindo para a preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro. Amostras de altares das primeiras igrejas barrocas de São Paulo, feitas de cedro e esculturas do barroco mineiro são enviadas ao IPT para análise, com o objetivo de dar apoio à recuperação dos bens históricos.

Uma visita à xiloteca do IPT equivale a um passeio pela floresta amazônica e pela mata atlântica.

O Brasil é reconhecido mundialmente pela riqueza da biodiversidade de suas florestas e, no entanto, boa parte dos consumidores de madeira pouco ou nenhum conhecimento tem a respeito da origem deste insumo e do tipo de pressão que o uso intensivo e constante de poucas espécies causa ao meio ambiente.
Oitenta por cento da produção de madeira da Amazônia é destinada ao mercado interno brasileiro, sendo que o Estado de São Paulo é o maior consumidor (20% da produção total).

Outros estados engrossam esse quadro, que tende a se ampliar. A oferta de matéria prima centraliza-se, principalmente, em poucas espécies, exercendo uma pressão muito grande sobre as florestas nativas.

O processo de escolha e especificação da madeira mais adequada a cada tipo de uso nas atividades do setor da construção – que tem se pautado fortemente pelo conservadorismo e pela falta de informação – precisa incorporar ao seu dia-a-dia espécies alternativas com propriedades semelhantes às das espécies tradicionais, contribuindo assim para poupar a flora brasileira.