IPT: Estabilidade das encostas é tema do bate-papo desta terça-feira, dia 17

Bate-papo será realizado às 11 horas no site do instituto

seg, 16/05/2005 - 14h14 | Do Portal do Governo

“Encostas são taludes normalmente de origem natural”, define Geraldo Gama Júnior, pesquisador da Divisão de Engenharia Civil do IPT. Ele explica que essas formações geográficas são comuns em forma de morros como os da Serra do Mar.

As encostas tanto podem ser bem suaves na sua inclinação, como também íngremes o suficiente para estarem sujeitas a processos dinâmicos como escorregamento e erosões.

Segundo Gama, na Serra do Mar, o escorregamento das encostas existiria independente da ação antropomórfica. Seria, portanto, um fenômeno de ordem natural, que faz parte do processo evolutivo da Serra. Contudo, essa formação geográfica também sofre interferência humana, como por exemplo, através de obras para construção de estradas.

Ações desse tipo, propiciam à área uma situação de potencial instabilidade, tornando-a suscetível principalmente durante a época de chuvas. “A chuva é o maior inimigo nessas horas. Muitas vezes, a geometria das encostas já está alterada por conta de obras. Daí a chuva é a gota d´água para o deslizamento acontecer”, afirma o pesquisador.

Outras áreas propensas a esses incidentes são as urbanas que sofrem com o vazamento da rede pública de distribuição de água. O excesso de água satura o solo, diminuindo a sua resistência. Isso pode provocar um escorregamento e, dependendo do lugar, ter a ocorrência de vítimas. “No mínimo o que se tem como resultado é a perda material”, conclui o pesquisador.

Gama lembra ainda que um deslizamento também pode acontecer numa área seca, apesar de raro. O fato de a região ter sofrido alterações humanas, pode fazer com que o solo ceda, se o seu ponto de resistência for quebrado. Além disso, o fator térmico pode contribuir. A variação de temperatura devido ao frio e o calor causa dilatação do solo, tornando-o mais suscetível à movimentação das rochas que se desprendem.

As submoradias em encostas são outro fator agravante. A ocupação dessas regiões costuma se dar de maneira desordenada. O pesquisador afirma que a habitação pode ser feita adequadamente, mediante estudos que considerem as aptidões do meio físico, como a geometria e os tipos de solo e rocha do local, e que indiquem até mesmo o tipo de casa ideal.

O IPT tem atuado nessas áreas de risco, tanto para identificação como análise das condições locais, elaborando planos preventivos e trabalhando juntamente com a Defesa Civil. “O Instituto tem sido responsável por concentrar esforços para mitigar os riscos”, diz Gama.

O pesquisador lembra que essa questão é de ordem nacional. Grandes centros urbanos, como as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, têm problemas. Gama destaca a região da Grande São Paulo como sendo crítica e lembra o último deslizamento em São Bernardo do Campo em janeiro deste ano, que envolveu nove vítimas.

Para o pesquisador, a situação ainda é minimizada no Brasil por não haver fenômenos geológicos, como os terremotos, que agravaria mais a situação. Mas ele considera que problemas de encostas são característicos de países subdesenvolvidos, como os da América Latina, onde falta um planejamento urbano melhor, que impeça o crescimento desenfreado das cidades.

Agenda

Data: Terça-feira, dia 17 de maio de 2005
Horário: 11 horas
Site:www.ipt.br/tecnologia/chat

Estabilidade de encostas

Geraldo Figueiredo de Carvalho Gama Júnior – Pesquisador do IPT, atual chefe da Seção de Estabilização de Taludes do Agrupamento de Estudos Geotécnicos da Divisão de Engenharia Civil. Engenheiro civil formado em 1977 pela Escola de Engenharia Mauá. Desde janeiro de 1979 vem desenvolvendo atividades de pesquisa e prestação de serviços no IPT, na área de geotecnia: identificação e análise de situações de riscos associadas a processos do meio físico; estabilização de taludes; controle de erosões urbanas e rurais.

Marcelo Fisher Gramani – Pesquisador na Seção de Processos e Riscos Geológicos do Agrupamento de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente da Divisão de Geologia do IPT. Geólogo formado em 1996 pelo Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo. Mestrado em Engenharia Civil, Sub-Área Mecânica dos Solos, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Epusp), cujo tema tratou da caracterização das corridas de massa (‘debris flows’) no Brasil. Atuando na área de previsão, prevenção e controle de escorregamentos e corridas de massa; processos e riscos geológicos; cursos de formação de agentes de defesa civil.