Investimentos em saneamento básico melhoram qualidade de vida em São Paulo

Água de qualidade para todo o Estado e aumento da rede coletora de esgoto estão diminuindo a proliferação de doenças.

qui, 17/01/2002 - 13h23 | Do Portal do Governo


Água de qualidade para todo o Estado e aumento da rede coletora de esgoto estão diminuindo a proliferação de doenças.

Acordar pela manhã, lavar o rosto e despertar tomando um banho. Este hábito, comum para muitos brasileiros, não era acessível para cerca de 5 milhões de paulistas devido ao rodízio de água na Região Metropolitana. A falta de esgoto coletado também prejudicava a qualidade de vida de muitos moradores do Estado, facilitando a proliferação de doenças. Hoje, todas as regiões paulistas contam com 100% de abastecimento de água e os índices de coleta e tratamento de esgotos também aumentaram significativamente.

O dia-a-dia da moradora Maria José, do bairro Jardim das Flores, zona Sul da Capital, melhorou nos últimos anos, com os investimentos feitos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), vinculada à Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras. Em sua residência a falta de água era constante.

‘Moro com meu marido e um filho. Todos trabalham e de manhã, na hora de tomar banho, era aquele sufoco. Só dava para tomar banho de balde, porque tinha de economizar’, recordou.

Maria José conta que o rodízio dificultava a realização de outras atividades, como lavar roupas. ‘Às vezes, a água só chegava à noite e era neste horário que eu lavava as roupas da família’, disse. Proprietária de um bar no mesmo bairro em que mora, ela destacou que a falta de água também atrapalhava o comércio. ‘Complicava para cozinhar e eu tinha de quebrar o galho apenas com a caixa d´água.’ Hoje a comerciante não tem mais estas dificuldades. Tanto na residência como no comércio o abastecimento é normal.


Na residência onde a estudante Fernanda de Oliveira, 19 anos, mora há 17 anos, no bairro Jardim Bandeirante, a situação também era difícil. Ela disse que na sua casa residem seis pessoas e que chegava a faltar água até dois dias seguidos. ‘O banho era de no máximo cinco minutos cada um’, lembrou.

Fim do rodízio de água

Para eliminar o rodízio na Região Metropolitana, a Sabesp investiu US$ 700 milhões entre 1995 e 1998. Segundo o vice-presidente da Sabesp, Antônio Marsiglia, nesta etapa foram realizadas obras para aumentar a capacidade de produção de água, dos mananciais e melhorar a interligação entre os sistemas. ‘Em 1998 foi possível transferir água entre os sistemas em 2 metros cúbicos por segundo, possibilitando que um sistema socorresse o outro em épocas de estiagem’, explicou. Em setembro de 1998, pela primeira vez, a região não teve o rodízio permanente e também o de verão.

Entre as principais obras desta etapa destacam-se o sistema de bombeamento do Guarapiranga para a estação do Alto da Boa Vista; a ampliação da capacidade do sistema Alto Tietê de 5 para 10 metros cúbicos por segundo; e a ampliação dos sistemas de abastecimento da região do ABC, Osasco; zonas Oeste, Leste e Sul da Capital; Baixo e Alto Cotia.

Esgoto coletado e tratado

As obras de coleta e tratamento de esgoto tiveram prioridade nos últimos seis anos da administração estadual. Na Região Metropolitana, por exemplo, até o ano de 1995, apenas 29% das residências contavam com esgoto tratado. Atualmente, 65% das residências já contam com o tratamento.

A coleta de esgoto também era insuficiente no Estado. Até 1995, apenas 67% das residências paulistas contavam com rede de esgoto e hoje o número saltou para 83%. No Interior a coleta já alcançou 100% das residências. O maior problema continua sendo o Litoral, onde a rede coletora foi ampliada de 40 para 51%. ‘A Sabesp irá aplicar R$ 600 milhões para elevar a coleta no Litoral. Isso vai melhorar, inclusive, a balneabilidade das praias’, informou Marsiglia.

Novos investimentos

A previsão é a de que a Sabesp invista cerca de R$ 1 bilhão entre os anos de 1998 – quando terminou a primeira etapa – e 2007. ‘Na distribuição de água, o objetivo é aumentar a segurança. Mesmo com uma estiagem forte, será possível transferir água de um sistema para o outro com facilidade’, afirmou Marsiglia.

Nesta sexta-feira, dia 18, o Governo do Estado receberá as propostas das empresas para licitação da Fase II do Projeto Tietê. Serão investidos mais US$ 400 milhões, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para despoluir o Rio Pinheiros. ‘Em cinco anos, o Rio terá dois miligramas de oxigênio dissolvido, o que irá eliminar o mau odor’, anunciou o vice-presidente.

As obras da II Fase do Projeto Tietê também incluem um aumento de 1.300 quilômetros na rede coletora de esgoto, ligando mais 280 mil residências. Com isso, a Região Metropolitana passará a ter 90% das casas com ligações de esgoto. Segundo Marsiglia, é comprovado que cada real investido em saneamento básico poupa quatro reais em saúde curativa. ‘No Brasil, 65% dos leitos hospitalares estão ocupados por pessoas contaminadas pela água’, disse.

Racionamento

Com a incorporação do sistema Taquacetuba (braço da represa Billings) para o sistema Guarapiranga foi possível evitar o racionamento de água no sistema Guarapiranga em 2001. A medida também possibilitou que o sistema Guarapiranga ajudasse o Cantareira, evitando outro racionamento.

Rodízio de água é diferente de racionamento. Antes, o que faltava era estrutura para o abastecer a Grande São Paulo. Hoje a rede está completa, mas com a falta de chuva e conseqüente redução nos níveis dos reservatórios, às vezes é necessário limitar o fornecimento. Em 2001, o único sistema que entrou em racionamento foi o Alto Cotia.

Rogério Vaquero