Instituto de Zootecnia comemora um século de trabalho em benefício da pecuária

IZ é referência nacional e internacional, por suas pesquisas científicas na área de produção animal e pastagens

qua, 06/07/2005 - 10h02 | Do Portal do Governo

O Instituto de Zootecnia (IZ) comemora neste mês seu primeiro centenário. Criado em 15 de julho de 1905, tornou-se referência nacional e internacional, por suas pesquisas científicas na área de produção animal e pastagens. Com grande rebanho, o IZ oferece tecnologia de suporte na área de pecuária de corte e leite e promove o desenvolvimento científico para aprimorar a qualidade dessas cadeias produtivas e de seus derivados. Além disso, realiza pesquisas em melhoramento genético de forrageiras e pastagens, produção e reprodução animal, comportamento dos animais em seu estado natural e em cativeiro (etologia), produção e qualidade de carne e leite e atividades silvipastoris – combinação de árvores, pastagens e gado numa mesma área, ao mesmo tempo, e manejados de forma integrada.

‘O agronegócio é responsável por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, e somos um dos três institutos do mundo que trabalham com todos os segmentos da área animal. Só há semelhante na Nova Zelândia e na Inglaterra’, informa Paulo Bardauil Alcântara, diretor do instituto. A instituição, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, surgiu com a criação do Posto Zootécnico Central, no bairro paulistano da Mooca, onde permaneceu até 1929. Depois, transferiu suas atividades para o Parque da Água Branca, também na capital. Em 1970, foi transformado em Instituto de Zootecnia, adaptando suas atividades às necessidades impostas pela grande expansão da produção animal no período. A transferência da sede para o município de Nova Odessa, onde existia uma fazenda de pesquisas, ocorreu em 1975.

De olho no futuro – O IZ atende às demandas de diferentes regiões do Estado, por meio de diversos Pólos Regionais de Desenvolvimento e da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). Todos os seus projetos acompanham os programas governamentais que visam ao desenvolvimento do agronegócio paulista e nacional, procurando solucionar os problemas do dia-a-dia dos produtores rurais.

Alcântara explica que, em cem anos de história, o instituto sempre se orientou para o futuro: ‘Fomos os primeiros a produzir dados de campo sobre a produção de metano (que afeta a camada de ozônio) de animais em pasto. Temos o melhor sistema de produção de ovinos para abate superprecoce. Realizamos, pela segunda vez no mundo, hibridação de leguminosa forrageira’.

O diretor esclarece que a produção pioneira do híbrido de leguminosa forrageira no mundo foi feita na década de 60, na Austrália, e que o IZ produz, há dois anos, híbridos superiores para pastagem, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas. A principal finalidade da hibridação é a recombinação de variações existentes nas plantas para a produção de novas variedades de alto valor. Forragem é o nome dado a qualquer tipo de planta ou grão utilizado para alimentação do gado.

Precursor – O Instituto de Zootecnia é precursor das pesquisas de plantas forrageiras tropicais. O trabalho começou na década de 70 quando seus profissionais realizaram extensa coleta de leguminosas forrageiras em todo o Brasil Central, percorrendo 120 mil quilômetros. Das pesquisas, surgiram o capim-aruanã e o capim-guaçu, utilizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas para a produção de biomassa.

Outra tarefa é a busca de propostas para melhorar a produção de animais criados em pasto. O mercado mundial tem procurado a chamada carne ‘verde’, que é resultado dos métodos naturais de produção. O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo e é o maior exportador de carne. Com suas condições climáticas e extensão territorial, o País tem potencial para ser o maior fornecedor de carne que atenda às exigências mundiais.

A produção de carne ovina também recebe atenção no IZ. A demanda por esse tipo de alimento concentra-se em animais jovens (cordeiros), produto com teor moderado de gordura, o suficiente para garantir maciez e sabor característico. O instituto desenvolveu sistema de criação que utiliza fêmeas deslanadas (sem lã) para a produção de cordeiros mestiços, desmamados ao redor de 45 dias e confinados. Atingem o peso de abate (28 kg) antes de cem dias. A tecnologia para a produção do cordeiro superprecoce é resultado de 20 anos de pesquisa em várias áreas. A integração entre manejo, alimentação adequada e utilização de reprodutores selecionados de raças especializadas para corte sobre matrizes deslanadas permite o abate precoce sem a necessidade de utilização de medicamentos e vacinas.

‘O trabalho consiste no cruzamento de raças para a obtenção de um cordeiro com até 90 dias de idade. São fêmeas de raças nacionais: Santa Inês e a Morada Nova, cruzadas com machos especializados para a produção de carne, que é o caso de Texel, Île de France, Poll Dorset e Suffolk. O trabalho tem revolucionado a ovinicultura não só do Estado de São Paulo como do País, pois até dez anos atrás para se produzir um cordeiro demandava pelo menos 180 dias’, explica Eduardo Antônio da Cunha, pesquisador científico do IZ há 26 anos.

Nitrogênio e metano – O Laboratório de Biotecnologia da Produção Animal realiza pesquisas para ampliar os conhecimentos e validar tecnologias nas áreas de genética e reprodução animal. Entre as linhas de atuação estão as transferências de embriões e tecnologias correlatas (como a fertilização in vitro e a bipartição) e o emprego de marcadores moleculares na certificação e origem de produtos para fins de qualificação e rastreabilidade, incluindo testes de paternidade.

A pesquisadora Maria José Valarini, funcionária do instituto há 27 anos, está associada às pesquisas sobre plantas forrageiras. Conta que no Laboratório de Biotecnologia são feitos testes práticos e estudos genéticos, em parceria com universidades. ‘Aqui trabalhamos basicamente com a fixação biológica de nitrogênio. Temos a liberdade de colaborar com as universidades e com outras instituições de pesquisa’, diz Maria José, que concluiu o pós-doutorado na Suíça e estagiou três meses no Japão.

Outra pesquisa está sendo desenvolvida no Laboratório de Bromatologia e Minerais. O estudo pretende mostrar que o gado confinado emite mais metano do que aquele que vive em pasto. Nivaldo Martins (27 anos de experiência no IZ) participa pela primeira vez de uma pesquisa desse tipo, que usa uma espécie de canga nos animais para medir a emissão do metano.

Os animais permanecem presos numa pequena área. Saquinhos de náilon com amostras de comida e bolinhas de gude, presos com argolinhas que se ligam a mosquetões, são inseridos dentro do sistema digestivo dos animais. Depois de algumas horas, os saquinhos são retirados, lavados e analisados. Pela diferença de peso, os pesquisadores acompanha m o grau de aproveitamento dos alimentos oferecidos.

Zenairde Ribeiro da Silva Palomo, auxiliar de apoio à pesquisa, é quem prepara os saquinhos. Garante que gosta muito dessa atividade. Orgulhosa, explica detalhadamente como funciona o processo e diz que, em 21 anos de trabalho, aprendeu muita coisa. ‘Antes eu era costureira. Quando abriu concurso para ingresso no IZ, corri para participar. Gosto muito daqui’, diz Zenairde, 60 anos.

Novos pesquisadores – A maioria dos funcionários atua há mais de duas décadas no instituto. Recentemente, novos pesquisadores foram contratados por meio de concurso público, e começaram a trabalhar no começo do ano. Assim foi com Fábio Prudêncio de Campos, 40 anos, que começou no setor de pesquisas em gado leiteiro: ‘É uma oportunidade que tivemos, depois de 11 anos sem concurso. Muitos profissionais estavam esperando. Estou com pós-doutoramento e entrei como pesquisador de nível 1, iniciando nova carreira. No centenário, o IZ ganhou novos pesquisadores de gabarito bem elevado’.

As comemorações do centenário começaram no ano passado. ‘Estamos fazendo contagem regressiva e realizamos vários eventos e palestras para comemorar’, contou a presidente da Comissão de Festejos do Centenário, Augusta Carolina de Camargo Carmello Moreti, há 27 anos no instituto.

Serviço – O Instituto de Zootecnia organiza visitas monitoradas. Agendamentos podem ser feitos pelo telefone (19) 3466-9413. O endereço é Rua Heitor Penteado, 56 – centro – em Nova Odessa. Outras informações podem ser encontradas no site www.iz.sp.gov.br

Regina Amábile
Da Agência Imprensa Oficial