Instituto Biológico é tombado pelo Condephaat

nd

sáb, 18/05/2002 - 11h55 | Do Portal do Governo

Uma das principais referências da arquitetura paulistana, o Instituto Biológico, ligado à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento, passou a integrar o grupo de bens preservados na cidade. Ele foi tombado em 20 de março último, atendendo a uma antiga reivindicação das associações de moradores de Vila Mariana, onde a instituição se localiza.

O órgão detém uma área de 122 mil metros quadrados e envolve cinco edifícios – incluindo a sede – e o conjunto de seis laboratórios de pesquisas. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), da Secretaria Estadual da Cultura, incluiu no processo as ruas internas e os 800 pés de café que serviram para as primeiras pesquisas do Instituto.

O Instituto Biológico realiza pesquisa e prestação de serviços em sanidade vegetal (alimentos) e sanidade animal, transferindo inclusive a tecnologia para outros Estados. Também estuda impactos no agroecossistema decorrentes de ação de controle de pragas e doenças animais e vegetais; realiza pesquisa, prestação de serviços e treinamento em fitossanidade; e atua em pesquisa de recursos biotecnológicos. O órgão está presente em 11 cidades do Interior, realizando pesquisa e prestação de serviços em áreas de interesse das regiões pertencentes. Esse patrimônio técnico-científico é respeitado no País e no exterior.

75 anos de confiabilidade

Ao longo dos seus 75 anos de existência, o Instituto Biológico tornou-se uma referência para a comunidade e um símbolo de conhecimento e de confiabilidade em pesquisa e prestação de serviços. Para conquistar essa posição, contou no passado com nomes valorosos, como Arthur Neiva, Rocha Lima, Otto Bier, Maurício Rocha e Silva, Mário Autuori, Zeferino Vaz, José Reis – entre tantos outros que fazem parte de sua história.

A atual diretora geral do Instituto Biológico, Vera Cecília Annes Ferreira, define em poucas palavras a importância do órgão. ‘É um marco da história científica de São Paulo e um retrato da arquitetura da época.’ O Instituto desenvolve pesquisas na área da agricultura e criação de animais, mas também tem importante papel para a população de São Paulo ao controlar a sanidade de verduras, legumes e frutas, comercializados no Ceagesp, e que abastecem todo o Estado de São Paulo.

O processo de tombamento do Instituto Biológico contou com participação atuante da Associação dos Moradores e Amigos de Vila Mariana, Vila Clementino e Paraíso (AMA) e a República de Vila Mariana. Nessas associações participam escritores, atores, cineastas, e músicos, como Osmar Barutti, Derico e Bira, membros do sexteto de Jô Soares.

Na opinião do pianista Osmar Barutti, o principal objetivo da Associação foi atingido com o tombamento. Ele vê a medida como um passo importante na campanha pela defesa do meio ambiente e da preservação das antigas construções do bairro, onde estão parte importante da história de São Paulo.

“Não acho que minha casa termina na porta. As ruas, o bairro, a cidade, tudo nos pertence. A cidadania começa com as questões mais simples, do dia-a-dia, como coleta de lixo, saneamento, limpeza das praças e a segurança”, diz Barutti, que mora na Vila Mariana desde 1982.

Claribel Dalla Torre, outra associada da AMA, cresceu vendo o Instituto Biológico. “Muitas pessoas não sabem a importância desse órgão, um dos maiores centros de pesquisa da América Latina e responsável pela análise de grande parte do que comemos”, destaca.