Incor inaugura primeiro centro de diagnóstico do País com tecnologia PET

Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) detecta disfunções cardíacas, neurológicas e tumores

qua, 04/06/2003 - 14h48 | Do Portal do Governo


A partir desta quarta-feira, dia 4, o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor-HCFMUSP) está capacitado a realizar exames de alta tecnologia no Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular para a detecção de doenças com grande precocidade, como disfunções cardíacas, neurológicas e tumores em estágio inicial, permitindo que o médico escolha o tratamento mais eficaz para cada caso. A Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), entregue pelo governador Geraldo Alckmin, é o primeiro equipamento do Brasil que permite que o médico veja, por meio da captação do metabolismo da célula, como o corpo está consumindo energia. O PET elimina a necessidade de exames mais invasivos, como as biópsias em tumores.

“São Paulo, que é um centro de qualidade de saúde, e o Incor, que é um centro de excelência, está dando hoje mais um avanço, com o primeiro aparelho do País PET, que é um tipo de tomografia muito mais sofisticada, que vai possibilitar um diagnóstico muito mais preciso, muito mais precoce para um tratamento mais eficaz”, resumiu Alckmin.

O Centro de Diagnóstico PET foi implantado com recursos do Governo Paulista e do Ministério da Saúde. De acordo com o diretor do Serviço de Medicina Nuclear do Incor, Cláudio Meneghetti, o PET é um equipamento caro, custa em média US$ 1,5 milhão. Porém, o custo-benefício é muito positivo. Ele explicou que a conduta terapêutica é modificada em função das informações oferecidas pelo PET, proporcionando tratamento mais eficaz e redução de gastos. “Em casos de câncer, é possível definir com precisão a necessidade ou não de cirurgia e o tipo de tratamento a ser adotado. Também é possível saber se o tratamento está surtindo efeito. Nos cardíacos, esse exame verifica se o músculo cardíaco pós-infarto está em condições de ser recuperado (viabilidade do músculo) com cirurgia de revascularização. Já na neurologia, é capaz, por exemplo, de localizar focos de epilepsia”, afirmou.

Segundo Meneghetti, o equipamento tem capacidade para realizar de 10 a 12 exames diariamente. Por mês, serão realizados cerca de 2,6 mil exames PET. “Em países onde essa tecnologia é largamente utilizada, são realizados de quatro a seis diagnósticos PET por dia para cada grupo de um milhão de habitantes”, afirmou.

Como funciona o equipamento

O governador explicou como funciona o equipamento. “O paciente recebe glicose, que é fixada por pósitron e, depois, o tomógrafo faz a leitura pela emissão desse pósitron e permite um diagnóstico muito preciso, uma imagem de grande qualidade que vai ajudar muito a medicina a oferecer um tratamento melhor para as pessoas”.

E exemplificou: “As células cancerosas que não se consegue enxergar nem detectar têm um metabolismo de glicólise, queima do açúcar, muito forte. Esse exame possibilita, com a glicose marcada, detectar essas células, detectar micro tumores. O que muda totalmente o tratamento do doente e possibilita que a equipe médica defina o tratamento mais eficaz”.

O exame é indicado, em casos de câncer, em situações muito precoces, para estabelecer a melhor forma de tratamento, ou ainda verificar o resultado de um tratamento já estabelecido para saber se deu certo. “O médico pode indicar esse exame mesmo para pacientes que não têm câncer, mas com antecedentes na família. Por exemplo, na família de um determinado paciente, pai, mãe, avô e avó tiveram um tipo de câncer precoce. Não é necessário esperar que o câncer apareça nesse paciente para depois fazer o exame. Mesmo sem ter nada e ele sendo saudável, terá de fazer o exame”, explicou o presidente do Conselho Diretor do Incor, José Antonio Franchini Ramires.

Ele lembrou que o PET também é utilizado em pacientes que apresentam o chamado distúrbio funcional do cérebro, ou seja, que ainda não tem uma doença estabelecida, porém, já existe alteração das células. “Com o PET, é possível detectar um mau funcionamento da célula antes que ela esteja lesada”, disse.

O Incor deverá inaugurar, no segundo semestre deste ano, a fábrica de material radioativo (ciclotron) para produzir a substância nuclear utilizada nos exames. “A grande vantagem da utilização dessa máquina é que ela permite que se produza a substância que vai ser usada no exame, de acordo com a peculiaridade da doença a ser detectada. Não utiliza uma substância padrão. E a substância nuclear precisa ser fabricada perto da máquina porque muitas delas duram apenas cinco minutos. Muitas são fabricadas para uso imediato. Essa substância é usada para marcar um isótopo radioativo e essa radioatividade se perde muito rapidamente”, explicou.

Essa fábrica será financiada pela Fundação Zerbini, em parceria com a iniciativa privada e apoio do Instituto de Pesquisas Nucleares (IPEN). Na opinião de Ramires, o Incor está “abrindo uma grande porta para todos os hospitais”, já que diversos hospitais particulares estão adquirindo o equipamento. “Eles estavam aguardando a oportunidade de ter o isótono (substância usada para a realização dos exames), porque para usar a substância é preciso ter quem fabrique e o Incor vai fabricar”, antecipou.

Cíntia Cury