Imprensa Oficial: Terceiro volume do Correio Braziliense já circula

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ter, 18/09/2001 - 17h50 | Do Portal do Governo

Está circulando o volume 3 da coleção fac-similar do Correio Braziliense ou Armazem Literario, recém-lançada pela Imprensa Oficial de São Paulo em parceria com o jornal Correio Braziliense, sucessor do mensário editado entre 1808 e 1822 em Londres. Nesse período a imprensa era monopólio da Coroa portuguesa, mas o jornal de Hipólito José da Costa – o primeiro jornal brasileiro – circulou clandestinamente no Brasil e em Portugal. O novo volume traz as edições de julho a dezembro de 1809. Até agora foram publicados quatro volumes, incluindo o de número 31, com o índice onomástico da obra.

O volume III registra a visão de Hipólito sobre que aconteceu logo após a chegada da família real ao Rio de Janeiro e a passagem da colônia ao status de sede da Coroa portuguesa. Fugindo do cerco de Napoleão Bonaparte, a família de D. João VI deixou um país submetido aos horrores da guerra. Para retratar a situação durante o primeiro ano da ocupação francesa, o Correio publicou um diálogo fictício entre as cidades de Braga e do Porto. Além do sofrimento do povo português, a cidade do Porto ‘denunciava’ atos de corrupção, arbitrariedade e desrespeito ao príncipe regente e à religião praticados pela Junta que governava Braga.

O registro da censura portuguesa está no documento oficial de D. João publicada na página 340 da edição de setembro do Correio: ‘Mando a vos Juiz da Alfandega da Cidade que pondo em inteira observância a minha lei de 16 de Dezembro de 1794, e as mais leis e ordens que ella manda guardar, não admitaes a despacho livros nem papeis alguns impressos, que nessa alfandega entrarem, sem que vos apresente licença da meza do Dezembargo do Paço do Brazil’.

A historiadora Isabel Lustosa, uma das consultoras da coleção, nota que a censura nasceu justamente com o advento da imprensa e era recomendada por intelectuais portugueses. Situação diferente ocorria na Inglaterra, onde a monarquia constitucional garantia a liberdade de imprensa. Este terceiro volume traz ainda análise de folhetos impressos no Brasil e no exterior, além de documentos, decretos, manifestos, correspondências ou opiniões de príncipes, condes, duques, arquiduques, marqueses e intelectuais austríacos, suecos, romanos, turcos e holandeses. Um desses decretos registra uma ordem de extinção das atividades do Papa em Roma, assinada pelo Imperador Napoleão Bonaparte: ‘A Cidade de Roma, ilustre pelo que nos traz à lembrança, e pelos monumentos, que contem, he declarada cidade livre e imperial’, diz o documento, publicado na edição de julho.

Hipólito foi perseguido pela coroa porque confrontava as instituições portuguesas, que ele considerava atrasadas e corruptas. Desapontado com a falta de transparência nas contas públicas e com a corrupção na política, Hipólito escreveu o seguinte, conforme publicado na página 236 da edição de agosto: ‘Eu tenho esperado, de mez em mez, poder publicar ao Mundo as reformas uteis, que se façam a bem dos povos, melhorando a forma do Governo no Brazil, mas de mez em mez se frustam as minhas esperanças…’.

Os dois primeiros volumes – com os jornais publicados de junho a dezembro de 1808 e de janeiro a junho de 1809, mais o de índices – foram lançados em julho no Museu da Imprensa Nacional, em Brasília. A série completa, coordenada pelo jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa e produzida a partir dos originais cedidos pelo empresário José Mindlin, terá 31 volumes, que devem estar prontos até janeiro de 2003. Cada edição tem 3.500 exemplares. Parte vem sendo distribuída para bibliotecas públicas, instituições de ensino e escolas de jornalismo. Outra – 800 exemplares – pode ser adquirida na página eletrônica da Imprensa Oficial ou pelo telefone 0800.123401. A coleção também pode ser adquirida sob a forma de assinatura.