Imprensa Oficial publica mais dois volumes do Correio Braziliense (1808-1822)

Novos volumes do Correio registram fim da era napoleônica

ter, 28/05/2002 - 11h18 | Do Portal do Governo

Volumes também narram período histórico anterior à independência do Brasil

A Imprensa Oficial acaba de publicar os volumes 11 e 12 da coleção fac-similar do Correio Braziliense ou Armazem Literario, editado em Londres por Hipólito da Costa, entre 1808 e 1822. O Correio é considerado o primeiro jornal brasileiro e sua reimpressão tem sido importante não apenas para o conhecimento da própria imprensa brasileira, mas também como fonte de informação sobre o período histórico imediatamente anterior à independência do Brasil. A publicação atende também à necessidade de possibilitar aos jornalistas, historiadores, estudantes e pesquisadores em geral acesso à informações que até então permaneciam restritas a uns poucos colecionadores, que possuiam umas coleções do jornal.

Enquanto circulou, o Correio foi praticamente a única fonte de informação sobre o exterior que os brasileiros tiveram. Na época, a imprensa era monopólio da Coroa Portuguesa. Por essa razão o jornal de Hipólito circulava clandestinamente não apenas em Portugal, mas também no Brasil, elevado à categoria de Reino Unido, com o deslocamento da família real para o Rio de Janeiro, por causa da expansionismo francês do imperador Napoleão Bonaparte.

O volume 11 corresponde ao período de julho a dezembro de 1813 e o 12 aos seis meses seguintes. O olhar atento de Hipólito aponta para a corrupção dos políticos portugueses, representados pelo embaixador do Reino em Londres, d. Domingos de Souza Coutinho, conde de Funchal. O jornal investe principalmente contra o anúncio da venda de bens da Coroa para aumentar as rendas do Estado. Hipólito acredita que a causa da ruína financeira estaria, sobretudo, no Tratado de 1810 assinado com a Inglaterra. O jornal noticia a derrota das tropas napoleônicas na Espanha, depois da longa campanha militar que os leitores do Correio acompanharam pelos boletins de Wellington. O jornal publica documentos que relatam passo a passo a derrota de Napoleão em Leipzig no mês de outubro e registram o aperto de mão dos aliados na cidade de Cadiz, marcando o fim do império francês.

O volume 12 publica uma grande coleção de documentos por meio dos quais pode-se acompanhar um dos momentos mais dramáticos da história moderna. Diante da iminente invasão da França, Napoleão conclama: “eu invoco os franceses em socorro dos franceses”. Dois decretos do imperador dão uma idéia do desespero: um ordena que todos os franceses peguem em armas; outro informa que seriam condenados como traidores quem tentasse dissuadir o povo em vez de encorajá-lo contra os agressores. O jornal registra uma proclamação dos aliados: “Habitantes de Paris! (…) A preservação e a tranqüilidade de vossa cidade há de ser o objeto dos cuidados e medidas que os aliados estão prontos para tomar (…) Com estes sentimentos vos fala, a Europa em armas diante dos vossos muros”. Bonaparte abdica e é exilado na ilha de Elba. A 3 de abril, Luís Estanislau Xavier, irmão de Luís XVI, faz sua entrada pública em Paris. A monarquia reassume o poder na França e Luís XVIII se apressa em aprovar a Constituição. Expectado privilegiado, O Correio acompanha e noticia toda a situação.

Imprensa Oficial vai publicar coleção completa de 31 volumes

Os originais para a reimpressão da coleção foram cedidos pelo empresário José Mindlin. A publicação vem sendo possível graças a uma parceria da Imprensa Oficial e do jornal “Correio Braziliense”, dos Diários Associados, do Instituto Uniemp, do Observatório de Imprensa e do Labjor. É coordenada pelo jornalista Alberto Dines. A coleção completa terá 31 volumes. A Imprensa Oficial vem publicando um por mês. São 29 com os textos originais, um índice (o volume 31, já publicado), mais o 30, que trará textos complementares, ilustrações, bibliografia e índice remissivo dos artigos introdutórios e do volume 30. Cada edição tem 3.500 exemplares. Uma parte é vendida separadamente ou por meio de assinatura e a outra vem sendo distribuída de graça para bibliotecas e centros de pesquisa. As edições podem ser adquiridas na livraria virtual da Imprensa Oficial (www.imprensaoficial.com.br) ou pelo telefone 0800 123401. Mais informações com Getulio Alencar, fone (0xx11) 3814.4600
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