Implosão do Carandiru marca uma nova era no sistema prisional de São Paulo

O governador Alckmin acionou os detonadores que implodiram os pavilhões 6,8, e 9

dom, 08/12/2002 - 14h19 | Do Portal do Governo


Pontualmente às 11 horas deste domingo, dia 8, o governador Geraldo Alckmin acionou o dispositivo para implosão de três pavilhões do Complexo Penitenciário do Carandiru, na zona norte da Capital. ‘Confesso que fiquei um pouco apreensivo, mas foi um alívio ver que o prédio foi derrubado’, observou.

Foram implodidos os pavilhões 9,8 e 6, nessa ordem, em uma operação que durou 7 segundos. Segundo o engenheiro que cordenou a implosão, Manoel Costa, a operação foi um sucesso e os níveis de vibração da implosão ficaram 20% abaixo do previsto. Foram utilizados 250 quilos de explosivos distribuídos em 3 mil pontos de perfuração.

Para Alckmin foi uma grande emoção. ‘Foi um dia histórico, uma marco na vida de São Paulo. Esse ato representa uma virada no sistema penitenciário brasileiro onde sai o modelo antigo de grandes unidades como era a Casa de Detenção que chegou a ter 8 mil presos, um sistema inadequado, verdadeiro barril de pólvora que oferecia grande risco para a população’, disse o governador. Observou ainda que na última grande fuga 106 presos fugiram de uma só vez.

E completou: ‘É o ínício de um modelo novo de unidades menores, mais adequadas. Foram construídas 11 penitenciárias que oferecem mais segurança e onde o preso pode trabalhar, a cada três dias trabalhados é reduzido um dia na pena’.

Lembrou também que foram construídas duas penitenciárias de segurança máxima, Presidente Bernardes e Casa de Custódia de Taubaté; além dos CDPs (Centros de Detenção Provisória), onde os presos aguardam julgamento; das Alas de Progressão Penitenciária, onde a pessoa não sai direto do regime fechado para a rua; e dos Centros de Ressocialização, administrados pelo terceiro setor.

Segundo Alckmin, todas essas penitenciárias custaram R$ 100 milhões, sendo R$ 50 milhões do Estado e R$ 50 milhões do Governo Federal. Ele lembrou que cada unidade custou R$ 8 milhões e que em 1994, a última penitenciária construída custou aos cofres públicos na época R$ 26 milhões. ‘ O Carandiru morreu como viveu. Sem deixar saudades nem trazer boas lembranças’ finalizou o governador.

Decisão

Segundo Alckmin a decisão de desativar e implodir o Complexo Penitenciário do Carandiru foi tomada após a megarrebelião de 18 de fevereiro de 2001 que envolveu 29 unidades prisionais em 22 cidades do Estado.

‘Nessa época o Carandiru abrigava mais de 8 mil presos e naquele época cada preso podia receber a visita de duas pessoas. Quando houve a rebelião mais de 20 mil pessoas estavam dentro da Casa de Detenção. A tropa de choque precisou entrar para conter os presos e manter a segurança das pessoas que estavam ali’, afirmou Alckmin.

O governador afirmou que o objetivo do Estado é que todos os presos fiquem sob a tutela da Secretaria da Administração Penitenciária. Atualmente dos 110 mil presos, 28 mil estão sob a guarda da Secretaria da Segurança Pública. ‘O objetivo é tirar as pessoas das cadeias e distritos. E mais três distritos policiais serão esvaziados: Suzano, Mogi e São José do Rio Preto’, disse Alckmin.

Para o secretário estadual da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, São Paulo dá um passo muito grande com a desativação do Carandiru. ‘Ali funcionava uma escola do crime’, salientou.

Parque da Juventude

O Carandiru dará lugar a um parque com área de 300 mil metros quadrados. A construção da área esportiva do Parque da Juventude, que ocupará o local da Casa de Detenção, será entregue até setembro de 2003. Segundo o governador, as obras serão iniciadas nos próximos dias. Haverá quadras esportivas, pistas de cooper e de skate, muro para rapel, vestiários e sanitários. O custo da primeira das três partes do parque será de R$ 5,8 milhões.

Segundo a coordenadora do projeto, Juliana Garcias, o parque começa em uma área chamada fazendinha, próximo da Penitenciária Feminina. Contará ainda com um espaço contemplativo e de descanso, que ficará na área de Mata Atlântica e haverá acesso para portadores de deficiência física. Algumas guaritas que eram utilizadas para vigiar os presos agora funcionarão como mirantes.

Parte das 80 mil toneladas de entulhos da implosão será aproveitada para formar pequenos morros no parque central que serão cobertos de grama.

Além da parte esportiva, há ainda projetos para a construção de uma ala central e outra institucional. Nos quatro pavilhões preservados haverá um espaço dedicado à educação e cultura.

No pavilhão 2 deverá funcionar um centro cultural, no 4, o centro do terceiro setor (ONGs), no 5, um centro de inclusão digital e no 7, funcionará uma unidade de ensino profissionalizante do Centro de Paula Souza (Fatec). O núcleo também terá serviços como restaurantes e papelarias.

Cintia Cury / Carlos A. Prado

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