Habitação: Conjunto residencial de Capão Redondo recebe cem famílias moradoras de favela

Nos seis primeiros meses moradores estão isentos de pagamento

ter, 27/07/2004 - 15h16 | Do Portal do Governo

Terminou a remoção de 104 famílias que residiam na favela Vila da Paz, no Rio Pequeno, zona oeste da cidade. Essas pessoas passam a residir no Conjunto Habitacional São Luiz A4 (Rua Paulino Vital de Moraes, s/n, Capão Redondo), a 18 quilômetros da área de risco em que viviam.

As primeiras famílias receberam as chaves e se mudaram no dia 18. A iniciativa integra o programa de Desfavelamento da capital, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), que aplicou R$ 4 milhões no empreendimento. De janeiro de 2003 até este mês, a ação beneficiou mais de 9 mil famílias, somando investimento de quase R$ 100 milhões.

Ao lado do conjunto foi inaugurada a Escola Estadual Cláudia II, que receberá os filhos dos novos condôminos. A unidade terá 840 crianças matriculadas de 1a a 4a série do ensino fundamental, que iniciarão suas aulas em agosto.

Com 7,2 mil metros quadrados de área construída, distribuída em quatro pavimentos distintos, o Conjunto Habitacional São Luiz A-4 tem 140 apartamentos disponíveis e 104 acomodam a comunidade da Vila da Paz. Os demais serão residência de moradores de outras favelas. O condomínio tem estacionamento privativo, playground, área de lazer, paisagismo, infra-estrutura que inclui redes de água, esgoto, energia elétrica e telefonia. As edificações têm dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço.

Teto de verdade

Nos seis primeiros meses, esses moradores estarão isentos de pagamento. Após esse período, quem tiver renda mensal de um salário mínimo, custeará a concessão onerosa de uso de R$ 39,00 à companhia. O valor corresponde a 15% do salário mínimo. De acordo com os rendimentos de cada família, haverá porcentuais de 15%, 20% ou 25% do salário mínimo.

A dona-de-casa Maria de Lourdes Dias da Cruz, 61 anos, conta que vivia com o marido, de 64, numa casa alugada até ele perder o emprego em 2001. Desde àquela época foram obrigados a se instalar na favela Vila da Paz com a filha, Marisa, de 25 anos e a neta, de 3.

“O barraco era de madeira e conseguimos construir um de bloco. Tinha rato por toda parte e ninguém agüentava: com criança pequena é muito ruim. Essa é a situação de quem vive em favela”, relata dona Lourdes. Chegou com a mudança na casa nova na quinta-feira. “O que me deixa mais feliz é saber que agora vou ter um teto de verdade. Meus outros quatro filhos e 11 netos virão me visitar dignamente. E a minha filha também conseguiu o seu cantinho.”

O office-boy Daniel Silva Paim, 13anos, está na 6.ª série do ensino fundamental e morava com o pai, a mãe e três irmãos na Vila da Paz. Disse que se sentia discriminado: “O Conjunto Habitacional São Luiz parece condomínio de gente chique. Morar aqui fica mais fácil para arrumar emprego. Se falar que mora em favela, os caras não pegam a gente para trabalhar”.

Com a retirada dos barracos, a favela da Rua José Joaquim Seabra, altura do número 1.100, no Rio Pequeno, está sendo demolida. Para evitar novas ocupações, será desenvolvido no local projeto de revitalização, sem definição até o momento.

Jovens transformam lixo em produtos rentáveis

A área da Favela Vila da Paz foi invadida há seis anos e pertence à Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). Recentemente, o Judiciário determinou a reintegração de posse deste terreno. A liderança da Associação dos Amigos da Vila da Paz procurou a CDHU e o governo do Estado e reivindicou solução para o caso.

Diante da necessidade de retirada das 104 famílias, a solução foi encaminhá-los ao recém-construído Conjunto Habitacional São Luiz, que integra o programa de desfavelamento da capital da companhia. Os técnicos sociais da empresa atuam diretamente nestas situações.
A equipe multiprofissional é formada por assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, arquitetos, sociólogos, geógrafos, historiadores e de outras áreas. Iniciam o trabalho analisando o diagnóstico da região e seu entorno. Analisam, também, questões como inserção urbana da favela, número de famílias atingidas e estudo socioeconômico de cada uma delas. Em seguida, eles conscientizam essas pessoas dos riscos da moradia, mostram a nova residência aos futuros condôminos e sua infra-estrutura, promovem a adesão, acompanham as pessoas no processo de adaptação ao novo empreendimento e desenvolvem ações visando à integração social.

Enquanto os pais se envolviam com a mudança, os filhos participavam de oficinas de reciclagem de lixo, no próprio Conjunto Habitacional São Luiz. Auxiliados por um psicólogo e uma artista plástica, além de seis monitores (filhos de catadores de material reciclável), dezenas de jovens transformavam entulho de jornais, por exemplo, em colares. Os produtos podem até garantir renda extra para a família. As oficinas ensinam a confeccionar brinquedos a partir de garrafas; revestir móveis e objetos com filtro de café usado; produzir cestas com canutilhos de jornal, entre outros. A matéria-prima é a mais simples possível: tesouras, garrafas, rolos de barbante, cola e palitos.

Esse trabalho é desenvolvido com os adolescentes e ex-moradores para disseminar a importância das questões ambientas, bem como abrir seus horizontes e incentivá-los a viverem em harmonia na sociedade. Essa ação da CDHU tem parceria com a Sociedade Ambientalista Leste, organização não-governamental conhecida por atuar na recuperação do Rio Tietê.

Da Agência Imprensa Oficial/Viviane Gomes/L.S.