Habitação: CDHU inicia cadastramento dos moradores das favelas Paraguai e da Paz

Cadastramento das famílias acontecerá nos dias 24 e 25 deste mês

seg, 12/05/2003 - 21h00 | Do Portal do Governo

Primeiro, será efetuado o arrolamento para identificar as famílias residentes no local. Nos dias 24 e 25 serão realizadas entrevistas para conhecer a situação socioeconômica dos moradores.

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) iniciou nesta segunda-feira, dia 12, o trabalho de arrolamento nas favelas Paraguai e da Paz, na Vila Prudente, zona leste da Capital. O trabalho, que deve ser concluído na próxima sexta-feira, consiste em mapear a área das favelas, identificar os moradores e convocar as famílias para o cadastramento, quando serão coletados dados socioeconômicos. O cadastramento das famílias acontecerá nos dias 24 e 25 deste mês.

Na última sexta-feira, dia 9, cerca de 30 representantes dos moradores dessas favelas estiveram na sede da CDHU, quando foram orientados sobre o trabalho de identificação das famílias e sobre a atuação conjunta da Companhia e da Sabesp no local. A reunião foi convocada pelo secretário de Estado da Habitação e presidente da CDHU, Barjas Negri, e contou com a participação de representantes da CDHU e Sabesp.

Durante a reunião, foi esclarecido aos moradores que a área das favelas será desocupada, por ordem judicial, porque possui o subsolo contaminado e, para evitar que essas famílias ficassem desalojadas, a CDHU está ofertando apartamentos no Conjunto Habitacional Iguatemi. “Vocês não são obrigados a ir para o Iguatemi, mas também não poderão continuar na favela porque a área está contaminada e vamos cumprir uma decisão judicial. No entanto, estamos oferecendo a oportunidade de vocês terem melhores condições de vida em um conjunto, dotado de infra-estrutura, cuja única forma, em condições normais, de vocês adquirirem seria participando dos sorteios”, disse o secretário Barjas Negri, referindo-se à política habitacional da CDHU de selecionar as famílias beneficiárias por meio de sorteios públicos.

O conjunto está em fase final de construção (a previsão de conclusão é para julho deste ano) e, além dos prédios, a Companhia vai construir uma creche no local. Uma outra creche será construída na Vila Prudente para as crianças que não moram na área contaminada.

Esclarecimentos

Preocupados com as conseqüências da mudança para o conjunto habitacional, os moradores fizeram várias perguntas relacionadas ao valor das prestações dos apartamentos e ao futuro das atividades econômicas exercidas por eles (uma boa parcela da população dessas favelas é formada por catadores de papelão).

Os técnicos da CDHU informaram que os programas habitacionais da Companhia são voltados à população de baixa renda e que famílias irão pagar prestações de acordo com os seus rendimentos mensais. Quanto às atividades econômicas, a CDHU está articulando alternativas junto a outros órgão públicos para tentar resolver esse problema. Já está sendo reservado um galpão no conjunto habitacional para guardar os carrinhos dos catadores de papelão e a Companhia vai incentivar a formação de uma cooperativa de catadores.

Animado com a idéia, o catador de papelão Edemilson Ananias de Souza, que participa de uma cooperativa no bairro do Tatuapé, já planeja ajudar na criação da cooperativa do Conjunto Habitacional Iguatemi. “Vamos fazer uma associação. Estamos no ramo dos catadores e temos que fazer o melhor”, comenta. Edemilson espera que depois de criada, a cooperativa diversifique as suas atividades para outros ramos, gerando mais serviços.

Para ele, ser transferido para um apartamento no conjunto habitacional é uma conquista. “A área está contaminada e temos que pensar primeiro na nossa saúde, na saúde de nossos filhos, e depois na moradia. Eu acho bem melhor ir para o Iguatemi do que morar num barraco de tábuas na favela” explica o catador.

A desempregada Alexandra Campos Carlos, mãe de dez filhos, também está contente com a oportunidade de sair da favela. Alexandra paga R$ 60,00 de aluguel por um barraco sem água e luz. Inconformada com as condições sanitárias do local, ela aconselha os vizinhos a não perderem a chance de adquirir um imóvel com infra-estrutura adequada. “Quem tem a oportunidade, como eu, de estar indo para este empreendimento não deveria deixar escapar não. Porque a sorte não bate duas vezes na nossa porta”.

Adão Gomes da Silva, pai de três filhos, está preocupado com o sustento da família e conta que só vai para o Iguatemi porque está sendo “obrigado”. Representante da Associação Nova Paraguai, Adão tem um pequeno bar e espera que a CDHU viabilize uma alternativa que contemple as atividades econômicas do local. “Eles (CDHU) falaram que vão ter uma conversa com os comerciantes, que vão pensar em possibilidades para ajudar a gente. Se for isto mesmo, vai ser uma boa para mim também.”

Até julho, a área das favelas Paraguai e da Faz será desocupada. A CDHU espera transferir todos os moradores para o Conjunto Habitacional Iguatemi.