Governo e iniciativa privada vão combater a pior ameaça à citricultura dos últimos 60 anos

Doença já causou prejuízo de US$ 20 milhões

sex, 07/02/2003 - 16h11 | Do Portal do Governo


O governador Geraldo Alckmin recebeu nesta sexta-feira, dia 7, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e representantes do setor da citricultura para compor uma força-tarefa com o objetivo de enfrentar uma doença, denominada ‘Morte Súbita dos Citrus’ (MSC), que está atacando os pomares de laranja do sul de Minas Gerais e se espalhou pelo Norte do Estado de São Paulo. Mais de um milhão de árvores apresentam o sintomas, o que já causou um prejuízo de cerca de US$ 20 milhões.

A MSC é uma doença de combinação copa/porta-enxerto que atinge somente as plantas enxertadas em limão-cravo e seca a raiz da árvore. Essa característica é preocupante, porque o ‘cravo’ responde por 85% dos porta-enxertos do parque citrícola brasileiro, dos quais fazem parte 313 municípios paulistas e 17 mineiros. Deste universo, a doença se alastrou em 13 municípios. Em São Paulo: Altair, Barretos, Colômbia, Guaraci, Olímpia e Nova Granada. Em Minas: Comendador Gomes, Frutal, Uberlândia, Monte Alegre de Minas, Prata, Campo Florido e Planura. Minas é o estado mais atingido pelo vírus.

A Morte Súbita dos Citros é a pior ameaça que a citricultura já enfrentou desde a década de 40. Nessa época, surgiu uma doença denominada vírus da ‘tristeza dos citrus’, que matou nove milhões de um total de 11 milhões.

A doença, identificada pela primeira vez em 2001, foi batizada com este nome devido à rapidez com que mata os tipos de laranja ‘natal e valença’, na primavera e início de verão. Em alguns casos, a árvore pode entrar em colapso em uma semana e é possível encontrar plantas mortas apresentando frutos com peso e tamanhos normais.

O setor da citricultura é muito relevante para o Brasil e especialmente para São Paulo disse Alckmin. “São Paulo tem o maior pomar cítrico do mundo. Somos o primeiro produtor de laranja mundial e este é o quinto item da balança de exportação do País”, informou. Ele destacou ainda a importância do setor na questão de emprego e renda, na exportação e do superávit da balança comercial.

Do total dos 200 milhões de pés de laranjas existentes no Estado de São Paulo, 160 milhões são suscetíveis à morte súbita do vírus, informou o ministro Rodrigues. “Talvez seja uma mutação da própria tristeza do citrus. Nós estamos correndo um enorme risco de perder este produto”, alertou.

A produção de laranja representa o quinto produto do agronegócio brasileiro, com PIB de US$ 5 bilhões/ano, e gera no Estado de São Paulo 400 mil empregos.

A força-tarefa será composta por representantes do Governo federal, secretários de agricultura dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, industriários e produtores dos setor, além de órgãos de pesquisas dos três estados, e o Fundicitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), que terá função de definir os mecanismos que serão executados pela citricultura brasileira para evitar a tragédia deste importante setor da economia. O próximo encontro da força-tarefa será na quinta-feira, dia 13, na secretaria da Agricultura.

Estratégias adotadas para combater a morte súbita

Como medidas para combater a morte súbita, o ministro da Agricultura disse que será feita uma varredura das árvores para constar o estágio de avanço da doença. Cogita-se da possibilidade de utilizar o Exército para ajudar na operação e estudantes universitários. A varredura vai ser feita em até seis meses nas áreas que apresentam maiores risco de contaminação.

Também será utilizado um outro tipo de porta-enxertos, que ficará ao lado da árvore contaminada. A idéia é tirar o porta-enxerto com a doença e reinserir o novo para que a árvore fique com uma nova raiz.

O secretário da Agricultura e Abastecimento, Duarte Nogueira, disse que a partir de amanhã serão publicadas três portarias estabelecendo regras mais exigentes para as mudas certificadas, as mudas fiscalizadas e no tocante ao transporte e recebimento de mudas vindas de outros estados. Como a proibição de comercialização e transporte de mudas de citros produzidos em viveiros abertos (portaria de 1º de janeiro de 2003).

Também foi aberta uma linha de financiamento para a montagem e instalação de viveiros protegidos no valor de R$ 35 mil, com juros de 4% ao ano. Hoje são cerca de 378 viveiros telados no Estado, responsáveis por cerca de 70% da produção de mudas. Com o apoio da Fundecitrus, a Secretaria fez um levantamento em cerca de 4,5 mil talhões mineiros e paulista e foram analisadas 13,2 milhões de árvores.

Foram encontradas 327,5 mil plantas com sintomas da doença. O levantamento mostrou que a maior concentração de infestação está em Minas Gerais. Em São Paulo a situação mais grave está no município de Colômbia, com 70,9% dos seus talhões infectados.
Participaram também da reunião os secretários da Agricultura de São Paulo, Duarte Nogueira, de Minas Gerais, Odelmo Leão Carneiro Sobrinho, e do Paraná, Orlando Pessuti.

Valéria Cintra / Carlos Prado