O Governo do Estado de São Paulo vai editar folhetos explicativos com procedimentos para enfrentar a ameaça de terrorismo bacteriológico. Preliminarmente, o Governo esclarece à população que não há motivo para pânico, uma vez que existem meios eficazes de tratamento para possíveis contaminações por Antraz.
“Essa doença é mais comum no gado e há 80 anos não se tem registro de ocorrências no Estado de São Paulo”, informou o secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, que reuniu-se nesta quinta-feira, dia 18, com representantes do Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Defesa Civil, Hospital Emílio Ribas, Instituto Adolfo Lutz, Vigilância Sanitária e Epidemiológica para traçar planos de ação em caso de ataques semelhantes aos ocorridos nos Estados Unidos.
As orientações para a população começam pelo recebimento de correspondências suspeitas. “Caso a carta não tenha remetente, venha com muitos selos ou possa ser percebida a presença de pó, a pessoa não deve abrir o envelope”, explica Guedes.
O procedimento deve ser ligar para o Corpo de Bombeiros no telefone 193, que vai providenciar a retirada do material. Caso uma ou mais pessoas tenham contato com a substância suspeita, elas serão encaminhadas para o Hospital Emílio Ribas, especializado em doenças infecciosas. Os médicos farão a ficha completa da pessoa, que será liberada, mas ficará em observação até o resultado final da análise do produto suspeito.
O material coletado será levado ao Instituto Adolfo Lutz para análise, em conjunto com o Instituto Biológico, que tem mais experiência com o Antraz devido ao trabalho no setor pecuário. O resultado pode levar mais de 72 horas, mas como a doença manifesta-se apenas após seis ou sete dias na pessoa contaminada, há tempo suficiente para se iniciar o tratamento quando necessário.
Segundo o secretário, o Antraz pode atacar a pele, no caso de contato, ou os pulmões, quando inalado. “O tratamento pode ser feito com penicilina”, observou.
Em relação ao Interior, as medidas serão as mesmas. O Corpo de Bombeiros deverá ser acionado e os possíveis casos serão encaminhados aos hospitais regionais.
Nas últimas 24 horas, o Corpo de Bombeiros recebeu cerca de dez chamados por causa de correspondências suspeitas. Algumas estão sendo investigadas e em outras já foi constatado que se tratava de trote. Guedes afirmou que a polícia vai agir rigorosamente na apuração de todos os casos e que, mesmo em casos de trote, os autores poderão ser processados.
Simão Molinari
