Governo do Estado quer tornar o turismo de São Paulo mais competitivo

Área, que movimenta 54 setores da economia, tem previsão de R$ 10 bilhões de investimentos até 2005

sex, 29/03/2002 - 12h20 | Do Portal do Governo


O turismo no Estado de São Paulo está mudando de página. De olho nos 13 milhões de passageiros que passaram pelo aeroporto de Cumbica no ano passado, o Governo paulista está com uma política mais agressiva voltada para o setor. “Queremos fazer de São Paulo destino de seu próprio mercado”, diz o secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Ruy Altenfelder.

A terra da garoa quer sair da condição de maior Estado emissor de turista para tornar-se cada vez mais receptor de seu próprio mercado, estimulando o paulistano a passear e a conhecer melhor seu Estado.

Estamos falando de um mercado que movimenta 54 setores da economia e onde até 2005 estão previstos R$ 10 bilhões de investimentos. Para isso, o Governo paulista montou um grupo de trabalho para estudar a criação da Agência de Fomento do Turismo no Estado. O projeto, que está para ser encaminhado à Assembléia Legislativa, visa promover o desenvolvimento do turismo em todo o Estado, com a participação da iniciativa privada.

O Governo colabora por meio de liberação de verbas do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (DADE), repassando aos municípios que vão investir em infra-estrutura para receber melhor os turistas. À iniciativa privada cabe a construção de hotéis, parques temáticos, centros de eventos e marinas, entre outros investimentos.

“A criação da Agência de Fomento é um avanço, um traço de modernidade que está sendo impresso pelo Governo do Estado”. A declaração é do superintendente-geral do São Paulo Convetion & Visitors Bureau, Aristides de La Plata Cury, e um dos integrantes da Agência. Segundo ele, é preciso utilizar várias estratégias, não só de marketing, para que mais pessoas viajem dentro de São Paulo.

“O Estado tem inúmeros recursos naturais e históricos mas que não se transformam em produtos turísticos, como praias, fazendas de café, igrejas, museus”, exemplificou. Para Cury, até então o turismo de São Paulo vinha sendo mal explorado porque nunca se fez um trabalho com profundidade como vem sendo feito no momento. Porém, ele defende a idéia de se criar também um plano diretor para o Estado assim como foi feito na Espanha.

Oportunidade de Negócios e Investimentos

Mas as metas não param por aí. O Governo pretende ampliar o turismo à todas as camadas da população, com preço e qualidade compatíveis, encontrando linhas de crédito e financiamento para pequenos e micro empresários que queiram investir no setor.

“O papel do Estado é de fomento, de empreendedor e nunca de provedor. O objetivo é manter uma relação direta, já que o turismo é uma atividade característica da iniciativa privada, onde o Estado deve entrar apenas com a infra-estrutura, orientação e fiscalização”, observa o secretário.

Além de liberar verbas para as cidades turísticas, o assessor lembra que o Governo quer estimular os empresários do setor, por meio das Oportunidades de Negócios e Investimentos. A cartilha é uma iniciativa pioneira. Nela encontram-se os setores e as cidades que desejam firmar parcerias. São mais de 300 projetos, cujos valores de investimentos variam entre R$ 30 mil e R$ 100 milhões.

Esta nova guinada que o Governo está dando no setor tem um grande significado em termos de emprego e renda. “O turismo até bem pouco tempo era visto como uma economia de bem de consumo supérfluo. Hoje, é o maior gerador de emprego e renda”. Ele destaca que um, em cada 11 brasileiros já trabalha no setor. “Nós geramos um posto de trabalho pelo menor custo, ou seja, a partir de R$ 25 mil você gera um emprego direto ou indireto”.

Por exemplo, se uma pessoa comprar uma van, no valor de R$ 30 mil para transportar os passageiros do aeroporto até um hotel, diretamente estarão sendo gerados mais dois empregos como de motorista e guia turístico.

Número de turistas que se dirige ao Interior e Litoral paulista é equivalente ao recebido em Salvador no ano passado

“O Governo Alckmin quer deixar de lado a visão romântica que paira sobre o setor para agir com maior dinamismo”, esclarece Ruy Altenfelder. O secretário faz a seguinte comparação: Um final de semana ensolarado na Capital, leva 300 mil carros, parte para o Interior e outra para o Litoral. Contando que em cada veículo leve quatro passageiros, incluindo o motorista, dá uma média de 2,4 milhões de pessoas. Só Salvador, recebeu 2 milhões de turistas no ano passado.

Para atrair este grande número de turistas, a secretaria segmentou as muitas potencialidades do setor como o agroturismo, os turismo rural e histórico, entre outros. “Nenhum outro Estado tem um vale histórico, como nosso Vale do Paraíba. Sem contar a reserva natural como possuímos no Vale do Ribeira”, compara Virgílio Carvalho, assessor especial de Turismo da Secretaria.

Projetos

Há em estudos dois projetos de passeios a cidades próximas à Capital. Um deles, é o ônibus sai de São Paulo, faz todo o Litoral paulista, seguindo até São José dos Campos, parte para o vale histórico, segue para Campos do Jordão e retorna para a Capital.

O outro projeto é o Turismo Sem Fronteiras que atuará com os estados que formam a região Sudeste: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Sua finalidade é integrar as estâncias históricas que se assemelham e que estão em outros estados. “Quando falamos da cidade de Cruzeiro, há mais identificação com Passa Quatro, em Minas Gerais, do que com Campos do Jordão.

Então, o que queremos fazer é um turismo sem fronteiras, onde não interessa a divisão do Estado, e sim, a captação de turistas para aquela região”, explica Carvalho. Outra proposta, é tornar as fazendas, que esgotaram sua produção agrícola, em atrativos pontos turísticos.

No ano passado o Governo lançou a Campanha: São Paulo – O Mundo todo em só Estado – comparando os pontos turísticos do Estado com outras cidades do exterior. O resultado foi positivo. “Os paulistas ficaram mais convencidos do que tem no seu Estado”.
O Governo também quer criar oportunidade de emprego para as pessoas portadoras de deficiência e da melhor idade.

“Estamos incentivando a inserção para que possam trabalhar nas áreas como telemarketing e em postos de reserva de companhias áreas. Carvalho ainda lembrou que em todo Estado existem 350 clubes da melhor idade e a Secretaria quer integrar estes clubes com as unidades dos Sesc e Sesi para que juntos possam desenvolver um trabalho integrado para os idosos.

Valéria Cintra