Governo de São Paulo lança programa inédito de moradias para os índios

Serão construídas 50 ocas adaptadas ao gosto e à cultura indígena.

seg, 14/01/2002 - 9h06 | Do Portal do Governo

Serão construídas 50 ocas adaptadas ao gosto e à cultura indígena

Um autêntico programa de índio nesta segunda-feira, dia 14, às 13 horas, na Aldeia do Rio Silveiras, em São Sebastião, Litoral do Norte do Estado. Para que os índios também tenham casa própria, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) teve de reinventar sua engenharia e implantar um programa habitacional inédito, um conjunto habitacional indígena. Vai construir na aldeia 50 ocas, devidamente adaptadas ao gosto e à cultura dos índios guaranis. Um entendimento entre técnicos da CDHU e representantes da tribo definiu o modelo das habitações. As 50 ocas redondas serão construídas com paredes de madeira de eucalipto, tratada em autoclave, teto de piaçava e outras características que farão deste o mais peculiar dos conjuntos habitacionais no Estado de São Paulo. A CDHU, habituada a desenvolver projetos de alvenaria, ingressa na engenharia indígena, que prescreve detalhes curiosos. Foi preciso se adaptar às exigências e regulamentos da cultura indígena que não aceita, por exemplo, banheiro dentro das ocas – os sanitários terão entradas externas.
Os índios receberão as ocas em um prazo de 180 dias, mas não vão se tornar mutuários do sistema habitacional, o que os obrigaria a pagar prestações, uma situação jurídica e culturalmente difícil. Os R$ 980 mil a serem investidos na obra são a fundo perdido. Há projetos de garantir uma parcela dos recursos do ICMS para atender a outras comunidades indígenas no Estado de São Paulo.
Dados da Prefeitura de São Sebastião revelam números que surpreendem. Graças ao trabalho de um posto de saúde na aldeia, o índice de mortalidade infantil caiu para zero. As crianças que são maioria no local aprendem em aulas bilíngues, em português e tupi-garani. No setor artístico, elas gravaram um CD com cantos rituais, cujas 20 mil cópias já estão quase esgotadas. Os índios da aldeia estão aguardando a conclusão de um estudo determinado pela Funai, com serviços de um antropólogo contratado pela Unesco, para ampliar a área de sua reserva, considerada pequena para uma população em crescimento.
Para receber nesta segunda-feira, o secretário da Habitação, Francisco Prado de Oliveira Ribeiro, o presidente da CDHU, Luiz Antonio Carvalho Pacheco e o Prefeito de São Sebastião, Paulo Julião, os 264 índios guaranis já cuidaram da programação. Um ritual com muita dança e cantos marcará o início das obras.

Alcindo Garcia