Governadores cobram maior esforço do Governo Federal para incentivar o agronegócio

Encontro foi realizado na manhã desta segunda-feira, dia 22, na Capital paulista

seg, 22/03/2004 - 16h37 | Do Portal do Governo


Geraldo Alckmin, de São Paulo; Marconi Perillo, de Goiás; e Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul, participaram de um seminário na manhã desta segunda-feira, dia 22, na Capital paulista.

As questões internas e externas que emperram o crescimento do agronegócio brasileiro foram discutidas nesta segunda-feira, dia 22, durante a Conferência Agro-Brasil 2004: Desafios e Oportunidades que contou com a presença de três governadores de Estado: de São Paulo, Geraldo Alckmin; do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto; e de Goiás, Marconi Perillo, além de lideranças do setor agrícola de ponta e especialistas do País. O encontro, realizado no hotel Renaissance, região da Paulista, foi promovido pelo jornal Gazeta Mercantil, em parceria com o Jornal do Brasil e a Revista Forbes Brasil.

Responsável por 70% da pauta exportadora brasileira, a agropecuária salvou a lavoura das contas externas nacionais em 2003, apresentando um superávit setorial de US$ 22,7 bilhões, o que representa 91,5% do saldo total da nossa balança comercial, e 37% dos empregos gerados no Brasil. Reconhecendo a importância do setor para a economia e emprego no País, os governadores consideram que o agronegócio necessita de máxima atenção do Governo federal no sentido de assegurar o crescimento sustentável do Brasil.

Alckmin comentou que o agronegócio brasileiro cresceu em mais de 6% do PIB, sendo responsável pela totalidade do superávit da balança comercial brasileira, o que é muito importante para São Paulo. “As pessoas não atentam para isso. Acham que São Paulo é mais voltada para a indústria. Mas a agropecuária responde por 4% do PIB paulista e o agronegócio por 40% do PIB paulista”, disse o governador, ressaltando que “o agronegócio é o negócio de São Paulo e precisa crescer mais ainda”.

Ele falou que o País tem de aproveitar a boa oportunidade do cenário internacional econômico. “O mundo está crescendo este ano: Estados Unidos, Índia, China e Japão. A América Latina tem uma perspectiva de crescer 4% do PIB. Precisamos aproveitar este bom momento para gerar emprego e renda no Brasil”.

Quanto à infra-estrutura, um dos gargalos que deve ser resolvido, na sua opinião, é a questão da logística. “Enquanto o Estado de São Paulo aumentou em 78% a pista da rodovia Imigrantes – grande corredor de importação e exportação – com a duplicação, a rodovia Régis Bittencourt até hoje não foi duplicada”, lembrou Alckmin.

O governador falou ainda que o sistema ferroviário no Estado paulista está sendo recuperado. Há cinco anos, a movimentação de carga no Porto em ferrovia era de 4% e, hoje, está em 24%. Com o Ferroanel, o governador estima aumentar este sistema de transporte. “Estamos trabalhando com o Governo federal para agilizar a asa sul do Ferroanel”, disse Alckmin, lembrando ainda que na área de transporte investiu nos 2,4 mil km da hidrovia Tietê-Paraná. Outro investimento do Estado em infra-estrutura mencionado foi a construção de duas mil pontes metálicas que ajudam no escoamento da produção agrícola. No campo da Ciência e Tecnologia, Alckmin informou que São Paulo gasta R$ 1,5 milhão em pesquisas, por meio da Fapesp. Como estímulo aos empresários paulistas que exportam, Alckmin citou a redução de ICMS para vários setores como calçados e álcool e mencionou a criação do Cericex e do Call Center da Exportação.

O ponto unânime entre os governadores de Goiás e do Rio Grande do Sul é que a União deve investir em logística (para garantir um melhor escoamento da produção em boas rodovias, além de ter mais armazenamentos) e diminuir a taxa de juros para ajudar o produtor.

Exportações do agronegócio paulista

Segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IPEA), a produção agropecuária paulista atingiu em 2003, R$ 24,55 bilhões, um acréscimo de 16,71% em relação a 2002. Em 2003, as exportações paulistas representaram 23,6% do total exportado pelo agronegócio brasileiro. São Paulo exportou US$ 7,67 bilhões, ou seja, 17,3% a mais que os US$ 6,54 bilhões exportados em 2002.

O secretário da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Duarte Nogueira, disse que o agronegócio empurrou o Estado para o nível superavitário, e, ao mesmo tempo, tem permitido garantir o abastecimento interno dos 37 milhões de habitantes no Estado, gerando os excedentes exportadores, mesmo com a limitação geográfica do Estado. “Não somos o maior Estado geograficamente. Mesmo assim, São Paulo continua sendo a maior plataforma agrícola entre as 27 unidades da federação”, disse Nogueira.

Entre os principais produtos do agronegócio exportados em 2003 destacam-se: carne bovina e toda sua cadeia produtiva (couro, leite) , cana-de-açúcar, suco de laranja, celulose e papel e cereais.

Valéria Cintra