Fundo Social: Municípios do Vale do Ribeira e Baixada Santista recebem recursos

Lu Alckmin faz reunião com 24 municípios e libera verba

sáb, 22/10/2005 - 17h38 | Do Portal do Governo

A presidente do Fundo Social de Solidariedade de São Paulo (Fussesp), Lu Alckmin, realizou, nesta sexta-feira, dia 21, no Iate Club Park Hotel, em Ilha Comprida, uma reunião de avaliação dos projetos de Geração de Renda implantados em 24 municípios das regiões do Vale do Ribeira e Baixada Santista. Na ocasião ela anunciou a liberação de R$ 10 mil reais para cada cidade ampliar ou implantar programas que possam capacitar a população carente.

Aproveitou também para informar que a Receita Federal repassou 250 toneladas de tecido para o Fundo Social e os municípios que adquirirem máquinas de costura, com a verba repassada, podem receber parte dessa doação. Assim o programa atinge duas metas: capacitar pessoas e utilizar a produção para atender os necessitados de cada cidade.

Estavam presentes o prefeito da cidade anfitriã, Antonio Márcio Ragni de Castro Leite, a presidente do Fundo Municipal de Solidariedade, Ofélia Maria de Oliveira Castro, além de presidentes de Fundos Municipais das regiões que estarão apresentando suas ações.

Avaliação e troca de experiências

Além da avaliação dos resultados obtidos com o programa de capacitação, geração de emprego e renda do Fundo Social, o encontro promoveu a troca de experiências das presidentes de fundos municipais, por meio de relatos de atividades e conhecimento dos programas criados em cada cidade para seus moradores.

O Vale do Ribeira e Litoral Sul, consideradas as regiões mais pobres do Estado de São Paulo, têm suas economias fundadas no cultivo da banana, especialmente para a fabricação de doces. E na busca de novas alternativas de sustentabilidade, as mulheres da região vêm utilizando a fibra de bananeira e da Taquara como matéria prima para a produção de vários objetos, com excelentes resultados.

Um caso de total sucesso é o do município de Itariri. O projeto reúne 60 pessoas trabalhando diretamente no projeto e mais 30 na coleta e tratamento das fibras. Além da capacitação para o trabalho com a fibra da bananeira, ainda fizeram vários cursos com o Sebrae para a emancipação e auto-sustentação dos grupos. Atualmente estão fornecendo caixas de presentes para a Natura e porta vinhos para o Pão de Açúcar, além de parcerias com designers visando o fornecimento de papel de bananeira para o revestimento de paredes. E por intermédio de exportadoras, seus produtos estão sendo enviados para o mercado comercial da França e da Indonésia. Em fase de organização, pretendem formar uma ONG o que ampliará suas possibilidades de negociação. O rendimento dos trabalhadores vai de R$ 600,00 a R$ 1.300,00 por mês.

Juquiá possui a Oficina Artesanal e Comunitária, envolvendo cerca de 150 pessoas na confecção de tapetes, bolsas, cestos, cumbucas, jogos americanos, porta-copos, entre outros objetos de decoração. A venda é feita no comércio da região, principalmente na temporada turística. Pretendem utilizar os R$ 10 mil reais a serem liberados pelo Fundo Social na implantação de uma Oficina de Costura integrada ao projeto de aproveitamento da fibra de bananeira. Iraci Gomes de Souza, 38 anos, entrou no projeto como aluna, e hoje, além de ser uma multiplicadora em Juquiá também tem a mesma função no Fundo Municipal de Iguape. “Vivo do meu trabalho, e gosto tanto do que faço que além da renda ainda ganho muita felicidade. E isso o dinheiro não paga”, fiz Iraci. Chega a ganhar mensalmente cerca de R$ 1 mil. Tão entusiasmada quanto Iraci é a presidente do Fundo Municipal de Juquiá, Giselda de Lima Soares. Ela está criando um site para dar visibilidade à produção e ampliar a venda dos produtos. Diz que este artesanato torna possível levar mais qualidade de vida ao cotidiano desses trabalhadores.

O mesmo projeto é desenvolvido no município de Miracatu. De acordo com a presidente do Fundo Municipal, Miyji Kayo, a riqueza da flora brasileira possibilita aos nossos designers uma considerável variedade de fibras naturais as quais podem ganhar diversos usos nas mãos de artistas. E em Miracatu, a qualidade dos produtos confeccionados é o resultado do conhecimento artesanal acumulado por várias gerações somados às técnicas dos teares. São almofadas, tecidos, painéis , folhas de papel, entre outras.

E por falar na transformação de matéria prima bruta extraídas da natureza, em Iporanga, o projeto Grupo Jangada especializou-se na confecção de objetos a partir da taquara. O grupo é formado por 32 mulheres que foram capacitadas pelo Sebrae. Elas receberam informações desde a colheita da matéria prima, designers, confecção de algumas peças e empreendedorismo. Hoje, trabalham e capacitam de forma manual, mas a meta é utilizar os R$ 10 mil a serem liberados pelo Fundo Social de Solidariedade em equipamentos. As mulheres não vencem as encomendas feitas por lojas especializadas em embalagens, cestas, jogos americanos, bolsas e vários outros produtos. Kátia, Cleuza e Isaura percorrem 12 quilômetros e dizem que estão muito felizes. “Além de termos uma renda, hoje somos reconhecidas e nos sentimos importantes”, asseguram as três. O mínimo que ganham está em torno de R$ 300,00 por mês.

O programa de Padarias Artesanais de Santos já capacitou quase 4 mil pessoas desde sua implantação. Os bons resultados já são comprovados e como exemplo são os pontos de vendas montados em períodos de movimentação turística (área continental). Também fica evidente que a Padaria artesanal representa um elemento agregador social, incentivando uma população que tem dificuldade em estabelecer vínculos comunitários, como em cortiços insalubres e super lotados, com altos índices de carência nutricional (zona central). E da Padaria Artesanal do Fundo Municipal, onde são formados os multiplicadores, é que surgiram as grandes idéias, com munícipes comandando buffets, cooperativas e pequenos empreendimentos, sempre com acompanhamento e orientação do Fundo Municipal.

O sucesso é tanto que o Fundo oferece o curso em duas fases: na primeira as pessoas são capacitadas em doces e salgados e na segunda aprendem receitas festivas para cada festividade do ano, como Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia das Crianças, entre outras. Segundo a presidente do Fundo Municipal, quando são abertas as inscrições, as filas começam a se formar a partir das 5 horas da madrugada! Uma história que é lembrada por todos no Fundo Municipal é o de uma mulher moradora de rua, em situação de riscos. Ela foi capacitada na Padaria Artesanal, foi morar em um barraco, ajuntou dinheiro e alugou uma casa, casou-se e hoje já tem uma filhinha.

Já o diferencial está na utilização dos R$ 8 mil na aquisição de traillers instalados em pontos estratégicos para a venda de lanches, salgados e refrigerantes. Eles são utilizados pelo programa de Saúde Mental que tem por objetivo a capacitação e inserção na sociedade de pessoas com transtornos psíquicos. Primeiro eles têm aulas teóricas e práticas de higiene e comercialização de alimentos. Depois vão para a fase da venda, ocasião em que passam a interagir com a comunidade, desenvolvendo a sociabilização. Simultaneamente são acompanhados por equipes multidisciplinares e obtém uma renda de aproximadamente R$ 250,00. Muitos deles já foram contratados por restaurantes e voltaram a ter uma vida cotidiana.

Em Cubatão, um dos Kits foi implantado no Conjunto Habitacional da CDHU Mário Covas. Na ocasião, os moradores tinham sido removidos do, Morro do Marzagão, área de risco e de preservação ambiental. Eles reclamaram muito e alegaram que não teriam condições financeiras para arcar com os custos básicos de luz, água, taxa da CDHU, entre outros gastos, pois quase todos estavam desempregados. Foi quando o Fundo Municipal entrou em ação, implantou uma Padaria Artesanal no local e capacitou homens e mulheres. Entusiasmados, formaram grupos de produção e passaram a comercializar seus produtos. Hoje, profissionalizados e experientes, eles fornecem pães, doces e salgados para a Câmara Municipal, vendem para o comércio e ainda aceitam encomendas para festas. Foram além e desenvolvem o projeto de alimentação alternativa que ensina como aproveitar os insumos e fazer pratos deliciosos como bife de casca de banana a milanesa, doces de casca de melancia, risoto de talos, entre outros.

“O projeto Padarias Artesanais nos ensina a fazer o pão que significa alimentação e solidariedade. Fabricá-los é poder alimentar nossas famílias, realizar sonhos e manter acesa a esperança. Quem aproveita essa oportunidade nunca passa fome e nem necessidade”, diz Marilene Oliveira dos Santos, 42 anos, que já precisou ficar em filas para ganhar a cesta básica. Segundo ela, lembrar disso faz com que ela relembre momentos muito tristes…mas fortalecida e com muita dignidade, fasla para todos ouvirem “agora, nunca mais precisarei pedir, nunca mais passarei fome! Marilene mora em Peruíbe, onde 4 Kits das Padarias Artesanais são itinerantes e percorrem os bairros mais carentes. Cada curso tem a duração de três meses e capacitam cerca de 130 pessoas. O quinto Kit está em zona rural, mais especificamente no bairro Bananal, local onde as pessoas não têm atividades que gerem renda. Inclusive, a presidente do Fundo Municipal, Zeneide Correia Preto, pretende capacitá-los na fabricação de doces em compotas com frutas da região.

Em Eldorado, o programa Estilizando a Auto-Estima, oficina de costura, conta com 23 pessoas que confeccionam calças sociais masculinas para a fábrica OP Confecções de Registro. São feitas cerca de 3 mil peças por mês, o que garante um salário mensal de aproximadamente R$ 500,00 por pessoa. No momento o Fundo está auxiliando essas mulheres para formarem uma Cooperativa, de forma a adquirirem a auto-suficiência. Com os R$ 10 mil a serem liberados pelo Fundo Social, o objetivo é utilizá-los na ampliação do projeto.

Já em Registro, o Fundo municipal retirou várias famílias que moravam no lixão do município e, em parceria com a prefeitura colocou-os em habitações. Eram pessoas envolvidas com bebidas e muitos problemas de relacionamentos. Para dar-lhes condições de sustento, o Fundo implantou, com os R$ 8 mil, o projeto Cidadão Catador, uma central de triagem e reciclagem. Hoje, são 22 famílias que trabalham uniformizadas e com carrinhos apropriados. Isso sem contar com um caminhão que também recolhe o material para reciclagem. Totalmente sociabilizados, todos ganham cerca de R$ 300,00 por mês. Os R$ 10 mil a serem liberados pelo fundo Social serão utilizados na ampliação do programa de corte e costura industrial. A população é capacitada e rapidamente absorvida pelas indústrias que estão chegando no município. Até o momento já foram contratadas cerca de 150 mulheres.

Municípios que participaram do encontro

Os 24 municípios da região do Vale do Ribeira participantes do evento são: Barra do Turvo, Bertioga, Cajati, Cananéia, Cubatão, Eldorado, Guarujá, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga, Itanhaém, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Miracatu, Monguaguá, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Peruíbe, Praia Grande, Registro, Santos, São Vicente e Sete Barras.

Municípios já visitados

Municípios que já realizaram o evento são: Taciba, Adamantina, Araçatuba, Jaú, Duartina, Sud Menucci, Itu, Urânia, Taquarituba, Angatuba, Nhandeara, Marília, Taubaté, Carapicuíba (Grande São Paulo), Tupã, Pirassununga, Queluz, Miguelópolis, Olímpia, Cravinhos, Urupês, Poloni, Franco da Rocha (Grande São Paulo), Itatiba e Itápolis.

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