Fundo Social: Lu Alckmin anuncia liberação de recursos para região de São João da Boa Vista

A presidente do Fussesp realizou reunião com presidentes de Fundos Municipais para avaliar os programas de capacitação e geração de renda e liberar re

qui, 27/10/2005 - 16h59 | Do Portal do Governo

A presidente do Fundo Social de Solidariedade de São Paulo, Lu Alckmin, realizou na última quarta-feira, dia 26, em Socorro, uma reunião de avaliação dos projetos de Geração de Renda implantados em 22 municípios da região de São João da Boa Vista. Na ocasião ela anunciou a liberação de R$ 10 mil reais para cada cidade ampliar ou implantar programas que possam capacitar a população carente. Estavam presentes o prefeito da cidade anfitriã, José Mário de Faria, a presidente do Fundo Municipal de Solidariedade, Sônia Aparecida Mantovani de Faria, além de presidentes de Fundos Municipais da região que apresentaram suas ações.

Avaliação e troca de experiências

Além da avaliação dos resultados obtidos com o programa de capacitação, geração de emprego e renda do Fundo Social, o encontro promove a troca de experiências das presidentes de fundos municipais, por meio de relatos de atividades e conhecimento dos programas criados em cada cidade para seus moradores.

Em parceria com o Centro Municipal de Escola Profissionalizante – Senai, o Fundo Municipal de Solidariedade de Socorro desenvolve várias ações de capacitação profissional e integração social com a população menos favorecida na sociedade. Um exemplo é o projeto Costurando com Arte e o de destaque são as Padarias Artesanais. Já foram capacitadas mais de mil pessoas. Além da comunidade, o Fundo está capacitando a mão de obra para os hotéis e professores da APAE.

A arte da panificação também foi levada para o salão social da creche do Jardim Santa Cruz. Segundo a multiplicadora Silvana Marchese Galatti, 40 anos, o bairro é muito pobre e, no início, pensaram que encontrariam dificuldades para integrar a comunidade. Mero engano! A turma começou com 23 alunas e logo passou para 27 participantes totalmente integradas. Antes mesmo de concluírem o curso, já estavam comercializando. Uma delas, Juvercinda Maluf, especializou-se em pão de mel. Hoje, a família inteira vive dessa atividade, tanto o marido quanto o filho estão na produção dos produtos. Seus pães de mel são conhecidos e estão nas prateleiras do comércio de toda a cidade, inclusive nos supermercados.

Outra história que merece ser relatada é a de Maria da Penha. Semi-analfabeta, capacitou-se em panificação e passou a vender seus pães em bancos. Esperançosa e com muitos sonhos, voltou a estudar e está cursando Faculdade. Com emprego fixo na Caixa Econômica, continua no comércio dos pães e é outra pessoa! Já Sônia Galasso, foi fazer o curso em pleno tratamento de câncer de mama e sem esperanças. Conta que aprendeu a fazer pães e recebeu de toda a equipe temperos especiais: apoio afetivo, moral, psicológico e financeiro. Hoje, curada, é multiplicadora voluntária em panificação na Escola da Família. “Lá no Fundo Municipal, aprendi mais do que fazer pães, aprendi a ter esperança!”, diz Sônia.

Estas e muitas outras histórias são o combustível da multiplicadora Silvana. “Eu sempre tive vontade de ajudar o próximo, agregar pessoas. E pude colocar esse meu sonho em prática nas Padarias Artesanais. E, se tenho muitas histórias para contar sobre o resgate da dignidade, a principal delas é a minha, pois é capacitando que me sinto um ser humano inteiro e feliz”, conta Silvana emocionada.

Em Jaguariúna, a comunidade é capacitada na sede do Fundo Municipal e no Bairro do Vargeão, local onde a maior parte da população é muito carente. Por isso o objetivo foi justamente capacitá-los para que eles deixassem de viver do assistencialismo e iniciassem o processo de auto-sustentação. Uma mulher que merece ser citada é Cenilha Vicente de Paula, 43 anos. Ela trabalhou durante 15 anos como “mãe social”, tomando conta de crianças encaminhadas pela justiça, o que lhe deu ampla experiência nessa área. Agora, capacita mulheres do Vargeão e diz que faz de tudo para que elas tenham renda própria e possam permanecer com seus filhos, evitando a desintegração familiar e a solidão das crianças.

Além da capacitação em pães as mulheres de lá têm no artesanato uma fonte de renda complementar. A produção é vendida em feiras, exposições e no próprio fundo Municipal. Uma das alunas de maior destaque é Ana Paula Gonçalves. Ela tem conseguido um esforço no orçamento doméstico com o talento recém-descoberto e já chegou a tirar por mês R$ 600,00. E não pretende parar por aí. Comprou uma máquina de costura para aumentar a produção. “No curso eu aprendo e depois volto para casa rapidinho para trabalhar”, diz ela.

Para a reforma das instalações da PA e dos cursos de artesanato e costura no bairro do Vargeão, a presidente do Fundo Municipal fez uma parceria com a Motorola, que ajudou com o material e também com o trabalho de vários funcionários da empresa, que atuaram como voluntários.

Já o projeto Aprendendo a Crescer ensina a população a confeccionar roupas pessoais, de cama e banho, além da fabricação de bonecas. Como o fundo Municipal ganha muitos retalhos de confecções, existe o aproveitamento dos tecidos tanto para fazer quanto para reciclar as roupas e reformá-las também. A venda ocorre no comércio da região, em feiras e para funcionários de empresas.

Em Arthur Nogueira, o programa de geração de renda é o Comunidade em Ação, confecção e comercialização de roupas. Lá, a presidente do Fundo Municipal, Keli Crivelaro Cepeline, resolveu atuar pessoalmente junto a duas confecções instaladas no município, a Teka Tecelagem e a Torcida Baby. Com a primeira, ficou acertado que o Fundo será um fornecedor de mão de obra qualificada para a empresa. Já a Torcida Baby fará uma especialização com a multiplicadora do Fundo Municipal, que por sua vez capacitará as pessoas para trabalham na empresa. Estima-se empregar cerca de 80 pessoas. Indo além em sua meta, o fundo também pretende atuar com jovens aprendizes para inseri-los no mercado de trabalho.

Em Lindóia, do programa de geração de renda surgiu a ONG Realizarte. Um projeto que mais que gerar renda, busca o resgate da auto-estima e a inclusão social. São mulheres que não tinham perspectivas e hoje sabem técnicas de costura, patchwork, bordados, pedrarias e estão confeccionando peças maravilhosas. Além dessas artes, também aprendem como administrar um negócio, elaborar projetos, planejamento estratégico, plano de negócio, controle de estoque, livro caixa, etc. Em breve ainda terão aulas de informática.

Segundo Divanir, a ONG mudou a sua vida. “Acordo todos os dias de manhã imaginando o que vou fazer. Primeiro cuido de casa e em seguida vou para a loja. Minha vida tem muito mais sentido, porque eu não sabia fazer nada e agora costuro, faço trabalhos manuais. Trabalhos que nem eu acredito que fui eu que fiz!”, diz ela. Já Cristina, com mais idade, conta que, quando foi para o projeto, não sabia fazer nada, sentia-se desanimada, sem esperanças e solitária. “Sou outra pessoa, aprendi a fazer muitas coisas e o que não sei procuro aprender. Desejo ficar aqui por anos. Os trabalhos são elogiados e quem compra sempre volta com outras pessoas”, conta ela.

Lu Alckmin aproveitou a ocasião para informar que a Receita Federal repassou 250 toneladas de tecido para o Fundo Social. Os municípios que adquirirem máquinas de costura com a verba repassada irão receber parte dessa doação. Assim o programa atinge duas metas: capacitar pessoas e utilizar a produção para atender os necessitados de cada cidade.

Ética e cidadania

Para Lu Alckmin, os projetos Geração de Renda “levam ética, cidadania, saúde e dignidade às pessoas carentes. Seguem o enfoque principal do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, que é desenvolver programas que visam, principalmente, ações que exercitam a solidariedade educacional, possibilitando a capacitação de agentes multiplicadores, geração de emprego e ampliação de renda”. Lu Alckmin credita o sucesso desse trabalho ao empenho e à participação das primeiras-damas dos municípios, às líderes comunitárias, profissionais da área da educação e aos vários parceiros dos Programas. Os beneficiários são os 645 municípios do Estado, as 2.500 entidades sociais da capital e as associações de Favelas cadastradas no Fussesp.

Ao longo do período em que está à frente do Fundo Social, Lu Alckmin desenvolve, além do programa Geração de Renda, o projeto Padarias Artesanais e outras ações que contam com a participação da iniciativa privada, da sociedade civil e de parcerias governamentais. Entre eles, destacam-se: Casa de Brinquedos, Jogos Regionais dos Idosos, Campanha do Agasalho e Semana da Solidariedade.

Programa Geração de Renda

O programa Geração de Renda tem o objetivo de apoiar os municípios na implantação de projetos que capacitam, geram renda e emprego. Os projetos são elaborados pelos fundos municipais, que detectam as prioridades regionais. Os recursos, provenientes da venda de inservíveis do Estado, são repassados pelo Fundo Social de Solidariedade aos fundos municipais por intermédio de convênios para a aquisição de material permanente e implantação do projeto. Todos os municípios receberam R$ 8 mil reais e agora serão liberados mais R$ 10 mil.

Padarias Artesanais

O projeto Padarias Artesanais nasceu como uma das principais iniciativas do Programa de Geração de Emprego e Renda do Fundo Social. Tem como objetivos principais a capacitação profissional, a melhoria na qualidade da alimentação e, especialmente, a geração de emprego e renda. A panificação artesanal consiste na elaboração de pães por processos caseiros, sem a utilização de equipamentos especiais ou conservantes.

Para a viabilização do projeto são capacitadas, em todo o Estado, pessoas indicadas pelos fundos municipais e entidades cadastradas. Posteriormente, são entregues os kits de Padaria Artesanal, compostos por um forno de inox, batedeira, liquidificador, balança, assadeiras de alumínio e um botijão de gás, doados pela iniciativa privada, ao custo unitário de R$ 800,00 a R$ 1.200, dependendo da fornecedora e da negociação do parceiro.

Na prática, cada entidade ou escola indica dois participantes que, após um dia de curso no Fundo Social, recebem um certificado da Secretaria da Agricultura e tornam-se multiplicadores nas suas comunidades, repassando as instruções recebidas. Ao todo, já foram capacitados mais de 14 mil agentes multiplicadores no Estado. Atualmente, há mais de 7 mil padarias implantadas em todo o Estado e em 2.500 entidades sociais e associações de favelas da Capital, cadastradas no Fussesp. Também já estão capacitadas cerca de 4.000 escolas do Programa Escola da Família que permanecem abertas nos fins de semana com atividades culturais, esportivas, de lazer e profissionalizantes. “O objetivo é levar para as 5.600 escolas. Essas programações são fundamentais, pois levam os pais para dentro das escolas, o que evita a entrada de drogas e a violência”, destacou a presidente do Fundo Social.

Municípios que participaram do encontro

Os 22 municípios da região de São João da Boa Vista participantes do evento são: Águas de Lindóia, Amparo, Arthur Nogueira, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Cósmópolis, Holambra, Jaguariúna, Joanópolis, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Nazaré Paulista, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Piracaia, Santo Antônio da Posse, Serra Negra, Socorro, Tuiuti e Vargem.

Municípios já visitados

Municípios que já realizaram o evento são: Taciba, Adamantina, Araçatuba, Jaú, Duartina, Sud Menucci, Itu, Urânia, Taquarituba, Angatuba, Nhandeara, Marília, Taubaté, Carapicuíba (Grande São Paulo), Tupã, Pirassununga, Queluz, Miguelópolis, Olímpia, Cravinhos, Urupês, Poloni, Franco da Rocha (Grande São Paulo), Itatiba, Itápolis e Ilha Comprida.

Mais informações podem ser obtidas no Fussesp pelo telefone (11) 3874-6952 e no Fundo Municipal de Solidariedade de Socorro pelo telefone (19) 3855 2316.

Adriana Fares