São Paulo – Evitar a ‘solidão dos negociadores’ do Itamaraty, respaldando-os com um diagnóstico preciso das aspirações do setor agrícola brasileiro, este é o principal objetivo do III Seminário sobre o Agronegócio e o Mercado Externo, que está acontecendo nesta quinta-feira, dia 24, no Auditório Ulysses Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes.
A análise é do Secretário de Agricultura e Abastecimento, João Carlos de Souza Meirelles.
Falando para um auditório completamente lotado, o secretário avaliou que a diplomacia brasileira obteve uma grande vitória durante a última reunião da OMC realizada na cidade de Doha, no Catar, ao incluir o tema do agronegócio na agenda da Rodada do Milênio.
De acordo com o secretário, com a conclusão das negociações, a médio prazo podem ser abertas importantes oportunidades de mercado para o Brasil. Ele espera que as exportações no setor, já no ano agrícola 2005/2006, saltem para US$ 50 bilhões, com um superávit de US$ 30 bilhões.
Segundo Meirelles, os subsídios e as barreiras aos produtos agrícolas têm causado grandes prejuízos aos países em desenvolvimento. Ele lembrou que os países desenvolvidos gastaram o equivalente a US$ 1 bilhão por dia em subsídios agrícolas, provocando distorções no mercado e aviltando os produtos da nossa pauta de exportações.
A conseqüência disso, segundo ele, é que o Brasil nos últimos anos tem aumentado o volume de exportações no setor agrícola, mas os resultados obtidos têm ficado abaixo do esperado. ‘Exportamos mais para receber menos’, destacou o secretário. Nos últimos 25 anos os preços dos produtos agrícolas tiveram uma queda de 5% ao ano.
Meirelles ressaltou que para enfrentar essa situação, é necessário que o Brasil passe a exportar produtos de maior valor agregado. Como exemplo, ele lembrou que o País – que é o maior exportador de café – tem o produto pouco conhecido no Exterior.
O motivo é que hoje 89% das exportações no setor são de café verde em grão, que acaba sendo beneficiado em outros países, exportando empregos e dólares que poderiam melhorar a distribuição de renda no Brasil.