A atual proposta para a reestruturação da Febem é transformar os grandes complexos em unidades regionalizadas – que abriguem um número reduzido de jovens. O intuito, a partir dessa iniciativa, é que o trabalho pedagógico – que envolve a escolarização básica, educação profissional e o trabalho cooperativo – seja facilitado, por meio da “personalização” do atendimento ao interno.
“Aqui, a gente sabe o nome de todos os adolescentes, suas características e trajetórias de vida. Isso, sem dúvida, facilita muito o nosso trabalho”, conta Carlos Vieira, diretor do Internato Vila Conceição, na zona leste da capital. A unidade nunca registrou ocorrências desde quando foi inaugurada, em 1993.
A integração entre os funcionários e internos é um dos principais focos dessa nova proposta. O ex-interno Alexandro Oliveira Gomes, de 20 anos, é um bom exemplo de que o trabalho nessas unidades tem contribuído muito no dia-a-dia dos adolescentes. Ele conta que muitas vezes se sentiu deprimido e os conselhos do diretor do Internato Pirituba – onde esteve internado – Caio de Mello Castro e dos funcionários André e Kátia foram os que lhe deram força e incentivo, naquele momento, para vencer mais uma etapa difícil da vida.
“Saí da Febem de cabeça erguida e com bons conhecimentos para garantir um emprego”, conta Alexandro. “Tive a sorte de conhecer pessoas dispostas a me ajudar”, comemora. Ele participou de diversos cursos oferecidos pela fundação, porém, se destacou na Oficina de Cabeleireiro da unidade. Atualmente, ele trabalha em um salão de cabeleireiro e faz atendimento à domicílio. Seu sonho é abrir seu próprio salão e fazer um curso de administração para melhor gerir seu negócio.
Outro exemplo de recuperação vem do Internato Vila Conceição. O ex-interno, Rafael Durval Souza, de 21 anos, adquiriu diversos certificados de cursos profissionalizantes durante o período que cumpriu medidas na Febem. De acordo com ele, o Workshop de Técnicas de Entrevista foi o que o ajudou na conquista do seu primeiro emprego. Trabalhando hoje como segurança de uma empresa, ele sustenta toda a sua família.
“A Febem mudou a minha vida, depois que entrei lá só coisas boas aconteceram pra mim”, diz o ex-interno, Rogério Gimenes de Pontes, de 21 anos, que também cumpriu medidas no Internato Pirituba. Na Febem, o jovem teve a oportunidade de concluir o Ensino Médio e fazer o cursinho da Poli. Atualmente, ela está cursando o 1. ano do curso de Administração de Empresas na Faculdade Zumbi dos Palmares.
O curso é pago através do seu trabalho como educador no Projeto Escola da Família. Aos finais de semana, ele ministra o curso de alfabetização matemática para pessoas de 7 a 60 anos de idade. Além disso, Rogério é estagiário da Diretoria de Ensino do Estado.
Resultados positivos também são encontrados nas unidades de semiliberdade, como é o caso de Wilson Rodrigo Dantas Nogueira, de 16 anos. A oficina de Panificação da Febem ajudou-o a aperfeiçoar suas habilidades e, hoje, ele trabalha em uma padaria, como balconista e ajudante de padeiro. Além disso, está concluindo o Ensino Fundamental e faz cursos de informática.
