Fauna: Zôo de São Paulo cria berçário para aumentar sobrevivência de filhotes

Sistema de parceria permitiu a abertura de recinto especial, que pode ser visto pelos visitantes do parque

qui, 10/03/2005 - 13h16 | Do Portal do Governo

Para cuidar de um acervo que ultrapassa a 3,2 mil animais, o Zoológico de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, inaugurou em fevereiro o seu primeiro berçário, chamado Vida de Filhotes. O investimento de R$ 70 mil, com a parceira Pet Center Marginal, permitiu a realização de uma antiga proposta do Zôo: oferecer aos visitantes a oportunidade de assistir a procedimentos como incubação de ovos, cuidados com a alimentação e o desenvolvimento dos novos animais.

A estrutura anterior foi reformada, com a instalação de sala de criação, sala de apoio para o biólogo, construção de uma área externa com tanque para os animaizinhos mais desenvolvidos, além da compra de equipamentos para a sala climatizada de incubação de ovos de aves e répteis.

O público não entra no recinto, mas pode ver o seu interior por uma parede de vidro. Um sistema eletrônico permite a comunicação do monitor (biólogo) com as pessoas que estão do lado de fora, mostrando o que há no berçário e respondendo as perguntas dos visitantes.

De acordo com a coordenadora de estudos especiais do Zôo, Fátima Valente Roberti, a idéia é conseguir mais parceiros e construir novos espaços para os animais. ‘Queremos mostrar o trabalho de reprodução, e conscientizar, principalmente as crianças, para no futuro termos os ambientes preservados e menos espécies ameaçadas’, diz.

Segundo explica, alguns filhotes são frágeis e dependentes, necessitando de cuidados intensivos até que possam adaptar-se ao seu ambiente e adquirir condições de sobreviverem sozinhos.

Cuidados especiais – Depois do nascimento, a maioria das crias, como a do leão-marinho, permanece no mesmo recinto que os pais. Mas fatores como ausência de leite materno, falta de experiência ou doença da mãe, ou do próprio filhote, podem impedir esse convívio. Nesses casos, os bebês são retirados e encaminhados ao berçário para que biólogos ou estagiários de Biologia assegurem cuidados especiais e forneçam alimentação artificial, por mamadeira ou seringa. ‘Antes, esses filhotes ficavam separados, no setor de mamíferos ou de aves’, informa Fátima. ‘No berçário só permanecem os animais saudáveis. Os doentes ficam na Veterinária, uma área fechada do Zôo, com ambulatório e médicos veterinários’.

Alguns répteis – como tartarugas, lagartos e serpentes – não cuidam de seus filhotes. ‘A cobra não acolhe a cria; já os crocodilos e jacarés proporcionam temperatura e alimentação adequada aos filhotes, só não fazendo isso quando as ninhadas são numerosas. A maioria das aves, por terem poucos ovos, cuida de seus filhos’, observa o biólogo do setor de educação ambiental do Zôo, Guilherme Augusto Domenichelli.

Atualmente, estão no berçário uma tiriba (da família dos periquitos), tracajás (tartaruguinhas), iguanas e uma cobra do milho (serpente não-venenosa).

Na incubadora, estão ovos de jacaré, jabuti e aves brasileiras ameaçadas de extinção, como ema, mutum e urumutum. Os ovos são higienizados, numerados, pesados e depois encaminhados para chocar, numa temperatura em torno de 37,5ºC, com 60% de umidade. Um equipamento, chamado ovoscópio, possibilita que se acompanhe o desenvolvimento do embrião. O aparelho, formado por uma lâmpada cujo feixe de luz atravessa o ovo, permite visualizar o seu interior e observar o pequeno embrião, com seus vasos sangüíneos, o que indica desenvolvimento normal. O nascimento de filhotes saudáveis muitas vezes depende do manejo cauteloso dos ovos, pois erros durante a incubação podem ser fatais ou acarretar sérios problemas para a formação do embrião.

Nasce Inti, o pequeno leão-marinho

No dia 2 de fevereiro, nasceu, com 13 quilos, um filhote macho de leão-marinho batizado com o nome de Inti, que significa sol, na língua dos incas. O animal vive com a mãe, Pukara, e o pai, Pakar, mais Puiú e Tchiri, num recinto especial, com três piscinas. Excetuando Inti e Tchiri, os outros leões-marinhos nasceram no Uruguai.

Nos primeiros dias de vida, Inti passou o tempo todo ao lado da mãe, separado dos demais apenas por precaução, pois sua tia Puiú responde aos seus gritos, sons fortes semelhantes aos de um cabrito.
O único filhote de mamífero do Zoológico – vai mamar até um ano de idade – começará a se alimentar de peixes com dois meses. É cuidado por um treinador e por um estagiário de Biologia. O pequeno leão-marinho já arriscou os primeiros mergulhos, permanecendo ao lado da parte rasa da piscina.

SERVIÇO
Zoológico de São Paulo – Av. Miguel Stefano, 4.241 – Água Funda – São Paulo.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 5073-0811 ou no site www.zoologico.sp.gov.br

A bilheteria funciona de terça-feira a domingo, das 9 às 16h30, e às 17 horas os portões são fechados.

Abre às segundas-feiras somente nos feriados ou véspera de feriado.
O berçário Vida de Filhotes fica na alameda das aves, ao lado da loja de lembranças.

Márcia Bitencourt
Da Agência Imprensa Oficial